Augusto Santos Silva
Era tal o descalabro da
actuação de Sasportes à frente do Ministério da Cultura (MC), que
para dignificar o cargo, António Guterres se viu obrigado a sacrificar
a figura de um ministro da educação, nomeando-o para o lugar de
Sasportes.
Augusto Santos Silva, como ministro da educação, estava todavia longe
de possuir o saber e a capacidade de Marçal Grilo, seu antecessor. Foi
sempre um político de segundo plano, um "homem de gabinete",
que era sobretudo reconhecido pelos seus escritos sociológicos.
Foi com alguma
expectativa que foram recebidas as suas primeiras declarações. Não
acredita nos reis filósofos, só nos reis políticos. Não acha que
seja preciso um orçamento maior para que haja mais cultura. O que lhe
foi atribuído chega perfeitamente.
É aquilo a que se chama
sociologicamente um conformado, ou numa leitura malévola, um adepto dos
princípios da qualidade total. A mais subversiva das posturas que se
pode ter neste ministério, tantos são os interesses instalados.
Apenas se lamenta que o
regabofe de Carrilho&compª. tenha sacrificado muitos projectos
estruturais que haviam sido anunciados, como o centro de documentação
de artes do espectáculo no CCB, um centro de formação técnica e gestão,
o arquivo fotográfico atrás da Torre do Tombo, o espaço de reservas
dos museus, a ampliação do Museu do Chiado, etc. O dinheiro não deu
para tudo.
A sua curta actuação à
frente do MC, acabou por ser marcada pela total descrição.
Conformou-se com tudo aquilo que encontrou e nada procurou mudar, não
fosse acontecer-lhe o mesmo que ao seu antecessor.
Após a demissão de António
Guterres a seguir às eleições autárquicas de 16 de Dezembro de 2001,
apagou-se completamente. Até 17 de Março de 2002, quando foram
realizadas as eleições para a Assembleia da República, limitou-se a uma
mera gestão
corrente do Ministério, dado que outra coisa não era capaz.
No dia 6/4/2002 terminou a
miserável passagem pelo Ministério da Cultura.
Carlos Fontes