Três
Anos de Completo Desnorte
Desde Março de 2002 a Fevereiro de 2005 Portugal
assistiu a uma verdadeira sucessão de incompetentes à frente do Ministério da Cultura.
Durão Barroso (PSD), ganhou as
eleições legislativas de 2002, e formou o XV Governo Constitucional. Nomeou
para ministro da Cultura o
inacreditável Pedro Roseta (6/4/2002- Julho de 2004).
Após a fuga de Durão Barroso para Bruxelas,
sucedeu-se o atabalhoado governo de Santana Lopes
(Julho de 2004 a Fevereiro de 2005), que nomeou a
inconcebível Maria Bustorff Silva.
Uma pior selecção de ministros era quase
impossível. O resultado foram quatro anos de desvario completo.
Anunciaram-se
grandes projectos, como a construção do um novo Museu Nacional de Arqueologia,
mas não se realizou um único.
.
O principal Museu do país - o Museu Nacional de
Arte Antiga -, entrou numa profunda agonia perdendo continuamente visitantes
(dezenas de milhares nos últimos anos). Para coroar um gestão danosa, o seu director acabou o
mandato condecorado pelos seus bons serviços prestados à cultura...
Uma iniciativa louvável como Coimbra Capital
Nacional da Cultura (2003), acabou da pior forma, como os seus mais directos
responsáveis a serem acusados de falta de transparência e amadorismo. Apesar
desta confusa, o Ministério da Cultura decidiu ainda assim avançar com
o projecto Faro Capital Nacional da Cultura 2005 e não tardou a
repetirem-se as mesmas situações anteriormente verificadas. Ninguém
se deu também ao trabalho de apurar responsabilidades.
Apesar do caos que reinou no Ministério da
Cultura, a verdade é que a cultura em Portugal pareceu mostrar-se imune as
estes espectáculos indecorosos.
Neste período aquela que foi promovida à
margem deste organismo estatal deu
mostras de uma grande vitalidade. Facto a que não é alheio uma melhoria
sensível do nível de vida e o aumento dos níveis de escolaridade da
população.
O mercado livreiro que ignorou por completo a questão do
preço fixo, e nunca vendeu tantos livros.
Muitas câmaras municipais deram
também frequentes sinais de estarem empenhadas na promoção cultural, criando importantes
infra-estruturas culturais e dinamizando inúmeras iniciativas neste domínio.
Se tivermos em conta apenas estas actividades culturais à margem do Ministério
da Cultura, temos que reconhecer que foram três anos excelentes. O que diz tudo sobre a necessidade de uma profunda reforma no
actual Ministério da Cultura, e tal modo este está desfasado do próprio país. A 20 de
Fevereiro de 2005, a Direita sofreu em Portugal uma estrondosa derrota
eleitoral. Era tempo de mudarem as caras. Carlos
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