O
nascimento de uma cultura jovem nos anos 60,
foi acompanhado da criação de espaços próprios de diversão. Ao
longo dos anos, o seu número não parou de crescer nem de se difundir por
todo o país. A sua evolução em Portugal pode dividir-se em três
grandes períodos.
Os
Primórdios. 1963-1976.
Em finais dos anos 60 não ultrapassavam Lisboa e Porto, estando
intimamente ligados aos movimento da música Pop-Rock.
Em geral, situavam-se em caves sombrias de dimensões reduzidas. Pouco
ofereciam em termos de diversão: música gravada, uma pista para dança, e
muito esporadicamente algumas actuações ao vivo.
Entre
as primeiras “discotecas” de Lisboa que desfrutaram de certa
popularidade entre as camadas mais jovens, contavam-se o Caruncho
no Lumiar (anos 60), o Archote
Club (Arco do Cego), o
Pop Club (1965, Entre Campos). No princípio dos anos 70, entre os
bares que procuram já outros públicos, sobressaem o Charlie
Brown, Whispers
(1973), Ad Lib, Bip-Bip(1974)
e o Foxtrot. Durante a fase da
Revolução (1974/75), as discotecas e os bares, embora não tenham sido
questionados, estavam longe de atraírem as camadas mais jovens, dado que
as mesmas estavam mobilizadas nas batalhas políticas.
A
Massificação.1977-1989.
No refluxo dos movimentos sociais as discotecas e os bares conhecem uma
enorme animação. Após 1976, a actuação de grupos ao vivo tornou-se
uma constante. Os cantores brasileiros conhecem então uma grande
popularidade, a que se seguiram os caboverdianos e com menor êxito os músicos
oriundos de outras ex-colónias. Com a difusão do Rock
à Portuguesa, a partir de
1977, começam também a aparecer discotecas vocacionadas para a actuação
dos grupos nacionais.
O
retorno à dança ocorre em 1978, com o enorme sucesso do “disc
sound”, mas também do filme “Febre
de Sábado à Noite”, com John Travolta. As discotecas melhoram
consideravelmente as suas pistas de dança, a qualidade de som e os
efeitos luminotécnicos. A sua decoração passa a acompanhar de perto as
tendências internacionais. Por esta altura alguns antigos bares de
prostitutas, como o Jamaica (Caís do Sodré) ou o “2001”, tornam-se
igualmente locais de culto da música “Rock”. Para o grande público
aparecem as primeiras danceterias.
No início dos anos 80, os bares e as discotecas ocupam pela primeira
vez vastas áreas da cidade, nomeadamente no Bairro Alto, acabando por
transformar a sua vida e fisionomia nocturna. Frequentar as discotecas
deixa de ser associado a uma faixa etária, para constituir uma prática
cultural nocturna (e diurna) cada vez mais difundida entre a população.
Rapidamente estamos perante um fenómeno de massas que rivaliza com outras
formas de diversão.
A
abertura do Frágil (1982)
confere ao movimento uma inesperada dimensão
cosmopolita, sendo objecto de reportagens em revistas internacionais.
Em meados da década, passam a instalar-se nas zonas fabris de Alcântara
e Av .24 de Julho. Ocupam agora por toda a cidade antigas salas de cinema,
fábricas desactivadas, armazéns abandonados, edificios de habitação
devolutos, quintais, etc. O aumento da lotação destes recintos não
parou de aumentar.
As
ofertas diversificam-se. Para além de música gravada ou ao vivo,
torna-se corrente a realização de concursos de bandas de música ou de
dança, instalação de jogos (bilhar, snooker, fllipers...), mas também
de passagens de modelos (depois de 1986), espectáculos teatrais,
concertos de música clássica, exposições de fotografia, artes plásticas,
performances, etc. Os recursos tecnológicos são cada vez mais
sofisticados: laser, video hall, karaoke, máquinas de realidade virtual,
exibição pública de videos, filmes, recepção de canais de televisão
via satélite, jogos de água, etc. Surge uma verdadeira indústria
nocturna mobilizando um número crescente de profissionais, desde os
disc-jockey, relações públicas, sonoplastas, luminotécnicos,
decoradores, promotores de espectáculos, seguranças, etc
Carlos
Fontes
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