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Os Zés-Pereira no
Carnaval do Brasil
O carnaval do
Brasil foi, como é natural, introduzido pelos portugueses e acompanharam a
evolução dos costumes da metrópole. Em Portugal, em princípios do século
XIX co-existiam duas tradições carnavalescas: a rural e a urbana.
Na tradição
rural, os festejos carnavalescos, denominados Entrudo, concentravam-se nos
três dias que antecediam a Quarta-Feira de Cinzas. Apesar da sua enorme
diversidade, em todo o país, tinham alguns pontos em comum: a entronização
do rei do Carnaval, a realização de grandes comezainas, brincadeiras de todo
o tipo, onde se atiravam água, farinha, lama e outras porcarias à cabeça
das pessoas. Grupos de mascarados, em cortejos pelas ruas, cantavam e
dançavam, fazendo um enorme barulho e aterrorizando , tudo e e todos. Festa
terminava com o enterro do Entrudo (Quarta-Feira), símbolo da folia,
associadas a forças diabólicas.
Na tradição
urbana (Lisboa e Porto), em princípios do século XIX, o carnaval começou a
"civilizar-se".
Os cortejos desregrados de foliões, foram sendo substituídos por cortejos de
carruagens profusamente ornamentadas que passeavam pelas principais avenidas e
ruas, atirando confeites, flores, etc. As festas desbragadas foram sendo
substituídas por bailes de mascarados.
Os dois tipos de
carnavais mantiveram-se em Portugal até ao presente embora adaptados aos
tempos modernos.
No Brasil, predominou até meados do século
XIX, o Entrudo rural português. O português José Nogueira de
Azevedo, sapateiro, natural de Paredes (?) (Minho), por volta de 1846, resolveu introduzir
os Zés-Pereira nas festas carnavalescas cariocas. Trata-se de uma tradição muito enraizada no norte de
Portugal
de onde era originário. José Azevedo terá acrescentado outro pormenor minhoto, uma mascara dos
cabeçudos. A ideia pegou, e
não tardaram a formarem-se cordões e ranchos (grupos organizados de
foliões) prontos a desfilarem no carnaval e competindo entre si. José Nogueira,
amante da folia carnavalesca, passou a ser conhecido por Zé Pereira, o
primeiro símbolo da carnaval no Rio de Janeiro.
O carnaval urbano português foi introduzido,
em 1853, quando um grupo de jovens ligados ao comercio do Rio de Janeiro, onde
predominavam os portugueses, resolveu mascarar-se e percorrer de carruagens
algumas ruas da cidade. A população local reagiu bem a este tipo de
festejos, e estes não tardaram a criar o Congresso das Summidades
Carnavalescas para preparem e organizar estes festejos. Pouco depois
formou-se outra colectividade.
Em 1899, o rancho Rosa de Ouro encomendou a Chiquinha Gonzaga uma música para
o desfile carnavalesco (Ó Abre-Alas), surgindo assim as primeiras
musicas especialmente concebidas para o Carnaval. Com a difusão dos
automóveis, os cortejos de carros alegóricos passaram a ser motorizados. Em
Portugal, o fenómeno foi idêntico, onde se tornou muito populares as
"batalhas de flores". Em 1929, foi criada a primeira
escola de samba do Brasil (Deixa Falar). A portuguesa Carmem Miranda (natural de Marco de
Canavezes), nos anos trinta e quarenta do século XX, popularizou a fantasia no
vestuário dos foliões carnavalescos.
A verdade é que a folia começou a
perder a sua dimensão espontânea e irreverente, passando a assumir, como em
muitas terras de Portugal, uma estrutura organizada pensada para atrair e divertir turistas. O espírito do Zés Pereiras
espontâneo, ruidoso e irreverente começava a desaparecer no Brasil O
carnaval passou a ser um cortejo ordeiro, num espaço fechado para turista ver.
Carlos Fontes
Sites recomendados:
. www.arcum.pt/cabec/cabec.htm
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http://attambur.com/Instrumentos/Portugueses/conjuntos.htm
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