Director: Carlos Fontes

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Tradições Portuguesas

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A sua origem perde-se no tempo, as suas manifestações estão espalhadas por muitos sítios do mundo.

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Os Zés-Pereira no Carnaval do Brasil

O carnaval do Brasil foi, como é natural, introduzido pelos portugueses e acompanharam a evolução dos costumes da metrópole. Em Portugal, em princípios do século XIX co-existiam duas tradições carnavalescas: a rural e a urbana. 

Na tradição rural, os festejos carnavalescos, denominados Entrudo, concentravam-se nos três dias que antecediam a Quarta-Feira de Cinzas. Apesar da sua enorme diversidade, em todo o país, tinham alguns pontos em comum: a entronização do rei do Carnaval, a realização de grandes comezainas, brincadeiras de todo o tipo, onde se atiravam água, farinha, lama e outras porcarias à cabeça das pessoas. Grupos de mascarados, em cortejos pelas ruas, cantavam e dançavam, fazendo um enorme barulho e aterrorizando , tudo e e todos. Festa terminava com o enterro do Entrudo (Quarta-Feira), símbolo da folia, associadas a forças diabólicas. 

Na tradição urbana (Lisboa e Porto), em princípios do século XIX, o carnaval começou a "civilizar-se". Os cortejos desregrados de foliões, foram sendo substituídos por cortejos de carruagens profusamente ornamentadas que passeavam pelas principais avenidas e ruas, atirando confeites, flores, etc. As festas desbragadas foram sendo substituídas por bailes de mascarados. 

Os dois tipos de carnavais mantiveram-se em Portugal até ao presente embora adaptados aos tempos modernos.

No Brasil, predominou até meados do século XIX, o Entrudo rural português. O português José Nogueira de Azevedo, sapateiro, natural de Paredes (?) (Minho), por volta de 1846, resolveu introduzir os Zés-Pereira nas festas carnavalescas cariocas. Trata-se de uma  tradição muito enraizada no norte de Portugal de onde era originário. José Azevedo terá acrescentado outro pormenor minhoto, uma mascara dos cabeçudos. A ideia pegou, e não tardaram a formarem-se cordões e ranchos (grupos organizados de foliões) prontos a desfilarem no carnaval e competindo entre si. José Nogueira, amante da folia carnavalesca, passou a ser conhecido por Zé Pereira, o primeiro símbolo da carnaval no Rio de Janeiro.

O carnaval urbano português foi introduzido, em 1853, quando um grupo de jovens ligados ao comercio do Rio de Janeiro, onde predominavam os portugueses, resolveu mascarar-se e percorrer de carruagens algumas ruas da cidade. A população local reagiu bem a este tipo de festejos, e estes não tardaram a criar o Congresso das Summidades Carnavalescas para preparem e organizar estes festejos. Pouco depois formou-se outra colectividade. 

 Em 1899, o rancho Rosa de Ouro encomendou a Chiquinha Gonzaga uma música para o desfile carnavalesco (Ó Abre-Alas), surgindo assim as primeiras musicas especialmente concebidas para o Carnaval.  Com a difusão dos automóveis, os cortejos de carros alegóricos passaram a ser motorizados. Em Portugal, o fenómeno foi idêntico, onde se tornou muito populares as "batalhas de flores". Em 1929, foi criada a primeira escola de samba do Brasil (Deixa Falar). A portuguesa Carmem Miranda (natural de Marco de Canavezes), nos anos trinta e quarenta do século XX,  popularizou a fantasia no vestuário dos foliões carnavalescos. 

A verdade é que a folia começou a perder a sua dimensão espontânea e irreverente, passando a assumir, como em muitas terras de Portugal, uma estrutura organizada pensada para atrair e divertir turistas. O espírito do Zés Pereiras espontâneo, ruidoso e irreverente começava a desaparecer no Brasil O carnaval passou a ser um cortejo ordeiro, num espaço fechado para turista ver. 

Carlos Fontes

Sites recomendados:

www.arcum.pt/cabec/cabec.htm

.. http://attambur.com/Instrumentos/Portugueses/conjuntos.htm

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