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PORTUGAL |
|
|
Governos
de Portugal
(1974-2016)
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|
António Costa
(2015-?)
Governo do PS, apoiado no parlamento
pelos partidos à sua esquerda: PCP e Bloco de Esquerda.
Trata-se de uma situação
politicamente inédita, dado que estas forças politicas desde a restauração da
democracia em 1974 sempre se colocaram à margem de qualquer solução governativa
votando contra todos os programas e orçamentos de estado, independentemente da
cor do governo.
Passos Coelho
(2011 - 2015)
Governo de Coligação PSD/CDS-PP.
Escudado no Programa do FMI-UE e por um desastroso presidente da república
(Cavaco Silva) pretendeu implantar em Portugal um regime neoliberal, ao
serviço dos grandes grupos económicos e financeiros internacionais.
O país
foi vendido a retalho a grupos estrangeiros (chineses, angolanos, franceses,
espanhóis, etc). O sistema bancário português foi completamente desmantelado.
Uma política apoiada por uma comunicação social controlada também por
grandes grupos económicos interessados em sugar os
recursos e património do país.
Mais
José Sócrates - II
(2009
-2011)
Tendo perdido a maioria absoluta
nas eleições de 27 de Setembro de 2009,
o Governo (minoritário) do PS (36,55% dos votos) ficou refém do principal partido da oposição (PSD),
mas também da demagogia de direita (CDS-PP) e de esquerda (BE e PCP), num clima
internacional de profunda crise financeira. As reformas que o país tanto carece foram
congeladas ou abandonadas.
Cavaco Silva (Presidente da República), antigo
líder do PSD, aproveitando o descontentamento da população em relação às
medidas de austeridade, preparou as condições políticas para o regresso ao
poder do seu partido. No dia da sua tomada de posse, a 9/3/2011, fez um violento
discurso contra o governo, e as suas medidas de austeridade, dando um claro sinal para o seu derrube no parlamento.
Poucos dias depois, o PSD, com o apoio do PCP e
BE, no dia 23/3/2011, alegando discordarem de novas medidas da austeridade (PEC
IV), decidem derrubar o Governo lançado o país no caos à
beira da bancarrota. No dia 6/04/2011, Portugal pedia ajuda ao FMI/UE para
resolver os seus problemas financeiros.
O PSD afirma-se agora disposto a
concordar com todas as medidas de austeridade que venham a ser exigidas pelo
FMI/UE, que tem como base negocial mínima o PEC IV. O país vive uma situação
de completo absurdo político.
Dívida Pública
em percentagem do PIB
2005 |
2006 |
2007 |
2008 |
2009 |
2010 |
2011 |
64,7 |
63,9 |
62,7 |
65,4 |
76,3 |
92,4 |
? |
Défice
do Estado em Percentagem do PIB |
5,9 |
3,9 |
3,1 |
3,5 |
9,5 |
8,6 |
? |
Inflação |
2,3 |
3,1 |
2,5 |
2,6 |
-0,8 |
1,4 |
|
Taxa
de Crescimento do PIB per capita a preços constantes (Base= 2006) |
0,30 |
1,11 |
2,51 |
-0,48 |
-2,54 |
|
|
Privatizações
(em milhões de euros) |
647,7 |
1205 |
754 |
470 |
0 |
1200 |
? |
e..
| |
José Sócrates - I
(2005
-2009)
Governo do PS. Sócrates assume o
governo, de maioria absoluta, numa altura que a sociedade portuguesa estava à beira de uma ruptura
social. Portugal é dos países do mundo que mais gasta com a justiça,
saúde e educação, mas é dos que tem piores resultados nestes sectores. A
segurança social fruto de sucessivos saques e uma gestão ruinosa estava à
beira do colapso financeiro.
Os partidos políticos dominados por incompetentes
e corruptos, bloquearam a participação dos cidadãos. As câmaras municipais
promoveram uma verdadeira desordem urbanística do país, estando hoje ao
serviço dos lóbis ligados à construção civil. Os governos regionais dos
Açores e da Madeira, especialmente este último, confunde a coisa pública com
a privada.
É consensual que o
país não pode continuar a sustentar um Estado que presta serviços miseráveis,
bloqueia o desenvolvimento e absorve mais de 50% do PIB.
É neste contexto que o governo
liderado por Sócrates, resolveu avançar com um ambicioso programas de
reformas, nomeadamente na administração pública, saúde, segurança social e
educação.
A ordem é para racionalizar e combater o desperdício, aumentando a
eficiência e eficácia do sistema. Um dos projectos emblemáticos da nova
política é o Plano Tecnológico, o qual entre outras coisas procura
simplificar a vida aos cidadãos através do recurso sistemático às
tecnologias. Uma das suas mais emblemáticas medidas foi a promoção das energias
renováveis.
Face aos interesses instalados,
muitas destas mudanças encontraram uma forte resistência por parte das corporações,
mas também da parasitagem que gravita em
torno dos partidos políticos ou que sempre viveu à conta do orçamento do
Estado.
A brutal crise financeira mundial de
2008, interrompeu grande parte das reformas que estavam em curso.
| |
Santana Lopes/Paulo Portas
(2004-2005)
Governo do PSD/CDS-PP. O país
entra em estado de choque face à nomeação de Santana Lopes como primeiro-ministro, após a fuga de Durão Barroso para Bruxelas. A situação política
do país rapidamente se tornou caótica. O retrato de Portugal não deixava dúvidas: A corrupção
generalizou-se, em especial nas autarquias, e a Justiça deixou de funcionar. O laxismo e a incompetência
dominavam o aparelho de
Estado. Não se apuravam responsabilidades e a impunidade era total. Os actos
governativos transformaram-se numa sucessão de disparates explorados pela
comunicação social. A política-espectáculo atingiu o seu auge. A vida boémia do primeiro-ministro de Portugal
tornou-se um tema recorrente na
imprensa internacional. Jorge Sampaio (Presidente da República) é forçado a
demitir o governo por incompetência, um caso único em mais de 860 anos de
história do país.
Não se conhece nada de relevante
que possa ser associado a este governo, a não ser sucessões de escândalos
públicos.
Dívida
Pública em percentagem do PIB
2002 |
2003 |
2004 |
2005 |
55,7 |
55,7 |
59,5 |
64,7 |
Défice
do Estado em Percentagem do PIB |
2,9 |
3,0 |
3,4 |
5,9 |
Inflação
|
3,5 |
3,3 |
2,4 |
2,3 |
Taxa
de Crescimento do PIB per capita a preços constantes (Base= 2006) |
-0,02 |
-1,62 |
0,97 |
0,30 |
Privatizações
(em milhões de euros) |
260,4 |
164 |
953 |
647,7 |
.
| |
Durão Barroso/Paulo Portas
(2002-2004)
Governo de Coligação
PSD/CDS-PP. Durão
Barroso continuou a adiar as reformas que o país necessitava. Após dois anos de indecisão e muitas
promessas acaba por fugir para Bruxelas. Portugal vive um período de profunda
descrença quanto ao seu futuro colectivo. Os seus compromissos internacionais, nomeadamente em termos de controlo da despesa
pública não são cumpridos. Em 2002 quando o governo tomou posse, a economia ainda crescia,
mas não tardou a entrar num fase de completa estagnação. Portugal
passa a divergir da União Europeia. As empresas dos sectores de mão-de-obra
intensiva (texteis, calçado, etc), com baixos salários e trabalhadores pouco qualificados são
duramente atingidos pela crise, fazendo disparar as taxas de
desemprego. A ausência de reformas estruturais torna-se uma evidência.
Para agravar a situação, em
finais de 2002, Portugal descobre que uma das suas mais respeitadas
instituições públicas - a Casa Pia de Lisboa -, era um verdadeiro
supermercado para pedófilos. A bandalheira no Estado tinha ultrapassado todos
os limites.
No plano internacional,
destaca-se, em 2003, o apoio de Durão Barroso à invasão do Iraque pelos EUA, uma posição
contrária à vontade da maioria dos portugueses. Paulo Portas, então ministro
da Defesa, numa descarada mentira aos portugueses, afirma ter visto provas
inequívocas que o Iraque possuía armas de destruição em massa. Numa atitude
bélica encomenda dois submarinos à Alemanha, num negócio que mais tarde se
descobriu corrupto.
As duas obras emblemáticas deste
governo foram a assinatura da nova Concordata com o Vaticano (2004) e a
realização de um campeonato europeu de futebol (EURO 2004). Nada de mais
relevante se
assinala.
. | |
António Guterres
(1995-2002 )
Governo do PS (1995-1999;
1999-2002). Portugal adere à
moeda única - Euro (2002). Os principais sectores económicos de Portugal, assentes
em baixos
salários deixam de ser competitivos, o que ditava a curto prazo a sua extinção. O Euro põe fim
às políticas cambiais nacionais. Os governos deixam de poder desvalorizar a moeda para
manter os produtos
competitivos. Enquanto as importações aumentam, as
exportações diminuem. Guterres
mostra-se incapaz de tomar medidas de fundo que o país carece, o que provoca
uma agravamento das contas públicas.
O Estado não pára de se
endividar, multiplicando-se os serviços, organismo e empresas públicas para
darem emprego a bandos de parasitas oriundos dos partidos políticos. Com
Guterres antigos
estalinistas, vindos do PCP, aderiram ao PS e rapidamente ascenderam nas novas
estruturas partidárias. Verdadeiros arrivistas como deputados ou ministros,
destacaram-se desde logo por seguirem uma política iberista ou servidora dos interesses
espanhóis. A Espanha
passa a praticar em Portugal um verdadeiro saque económico, ajudada por membros
do governo socialista.
Foi a grande época das
privatizações em Portugal, o que permitiu até ao ano 2000 diminuir o peso da
dívida pública.
Entre as medidas emblemáticas
deste governo regista-se o programa Polis (re-qualificação de cidades) e as
scuts (auto-estradas sem portagens para o utilizador). No plano das
acessibilidades regista-se a ligação de norte a sul por auto-estradas. Entre
as grandes obras, regista-se a construção da barragem do Alqueva.
No plano internacional, Guterres
associou o seu nome à criação da CPLP (1996), independência de Timor (1999),
devolução de Macau à China (1999) e à conhecida Estratégia de Lisboa da UE.
Incapaz de pôr ordem no Estado,
o governo lançou-se na duplicação de serviços públicos (Lojas do Cidadão),
proliferação de institutos e empresas de capital público. O número de
funcionários do Estado aumentou, mas a sua eficiência diminuiu. Para coroar
uma política de esbanjamento de recursos públicos, lançou-se na
regionalização de Portugal através de um referendo. A população portuguesa
acabou por recusar a proposta da regionalização, pois viu na medida mais uma forma de aumentar os encargos
públicos, nomeadamente na alimentação de milhares de novos parasitas.
Mergulhado num verdadeiro pântano político, Guterres acaba por abandonar o governo, em fuga.
Mal amado em Portugal, Guterres soma êxitos no estrangeiro: em 1999 assume a
presidência da Internacional Socialista e depois da ACNUR.
Portugal assume-se como uma sociedade moderna e cosmopolita, onde a imigração
tem um peso crescente na população activa. A EXPO 98 (1998) é o momento simbólico
desta viragem..
Dívida Pública
em Percentagem do PIB
1995
|
1996
|
1997
|
1998
|
1999 |
2000 |
2001 |
2002 |
60,9 |
59,9 |
56,1 |
52,1 |
51,4 |
50,4 |
53,1 |
55,7 |
Défice
do Estado em Percentagem do PIB |
5,0 |
4,5 |
3,4 |
3,5 |
2,7 |
2,9 |
4,3 |
2,9 |
Inflação |
4,1 |
3,1 |
2,8 |
2,2 |
2,3 |
2,8 |
4,4 |
3,5 |
Taxa
de Crescimento do PIB per capita a preços constantes (Base= 2006) |
2,04 |
3,38 |
4,04 |
4,65 |
3,64 |
3,38 |
1,30 |
-0,02 |
Privatizações
(em milhões de euros) |
1814,2 |
2415,2 |
4324,3 |
3853,2 |
1607,9 |
3344,5 |
555,6 |
260,4 |
..
| |
Cavaco Silva (1986 -1995)
Governo do PSD. O PSD, chefiado por Cavaco Silva
obtém uma maioria
relativa a
6
de Novembro de 1985, e no ano seguinte uma maioria absoluta, feito que voltou a
repetir a 31 de Outubro de 1991.
A entrada de Portugal na CEE (actual União Europeia) a 1
de Janeiro de 1986 marcou um ponto de viragem no país. A abertura ao exterior,
mas também a entrada de importantes ajudas económicas para a modernização
deram um forte contributo para esta mudança. Deu-se início a um vasto programa de construção de
infra-estruturas, nomeadamente de vias de comunicação.
Começou um novo ciclo de
importantes investimentos estrangeiros, nomeadamente nos sectores de mão-de-obra
intensiva (confecções, etc). A mão-de-obra barata era um importante
factor competitivo. Assistiu-se à descida da inflação
e das taxas de desemprego.
Principais
factos que marcaram a política destes governos:
a)
Início do
processo de privatização das empresas públicas, a partir de 1887, passando as
mesmas a serem progressivamente controladas por grupos financeiros
internacionais. Muitas destas empresas acabaram por ser
desmanteladas, contribuindo para a desindustrialização de Portugal.
b)
Fim da "reforma
agrária" no Alentejo, entrega de terras e grandes indemnizações aos
antigos proprietários
c)
Desmantelamento do sector das pescas, silvicultura e da agricultura em Portugal,
a troco de algumas ajudas financeiras da CEE. A maioria dos
agricultores e pescadores passaram a receber para não produzirem, arrancarem
arvores (vinhas, oliveiras, etc) ou abandonarem
a sua actividade piscatória, contribuindo desta forma para o aumento da dependência
alimentar de Portugal de países como a França.
d)
Entrega de toneladas de ouro do Banco de Portugal a uma empresa norte-americana
que terminou na falência, uma operação conduzida por Cavaco Silva e o
ministro Tavares Moreira.
e)
Liberação do ensino superior, o que se traduziu num aumento exponencial de
estudantes neste nível de ensino. Trata-se de um processo que não foi
totalmente concluído devido a entraves corporativos das diversas ordens profissionais
(médicos, etc).
f)
A reforma do Estado foi sendo sucessivamente adiada, apesar do desafogo
financeiro proporcionado pela entrada de verbas da CEE. O número de funcionários públicos não parou de
aumentar, criando-se no seu interior inúmeros corpos privilegiados (estatutos
especiais). O desperdício da administração pública começou a absorver
enormes recursos do país. Em 1993 o país entrou em recessão.
Cavaco
deixa o governo, em 1995, numa altura que o desemprego começa a subir e se fazem sentir as deficiências estruturais
de um Estado perdulário.
Entre
as obras ou iniciativas emblemáticas deste governo, conta-se o Centro Cultural
de Belém (1992), aquisição de Serralves (Porto) e as iniciativas "Lisboa Capital da Cultura Europeia"
(1994) e Expo 98. No plano das acessibilidades regista-se a conclusão da auto-estrada
Lisboa-Porto.
A
entrada na CEE trás ao país um novo alento e novas exigências. Os indicadores
do país, em termos económicos, sociais e culturais são agora comparados com os dos países
mais desenvolvidos da CEE (actual UE).
Dívida Pública
em percentagem do PIB
1985
|
1986
|
1987
|
1988
|
1989 |
1990 |
1991 |
1992 |
1993 |
1994 |
1995 |
56,1 |
54,5 |
61,3 |
60,6 |
59,3 |
58,3 |
62,8 |
57 |
55,8 |
59 |
60,9 |
Défice
do Estado em Percentagem do PIB |
|
|
|
|
|
|
|
|
8,9 |
6,6 |
5,0 |
Inflação |
19,5 |
11,7 |
9,4 |
9,6 |
12,6 |
13,4 |
11,4 |
8,9 |
6,6 |
5,2 |
4,1 |
Taxa de
Crescimento do PIB per capita a preços constantes (Base= 2006) |
1,36 |
3,23 |
7,66 |
5,45 |
6,08 |
8,09 |
3,53 |
3,11 |
-0,81 |
1,24 |
2,04 |
Privatizações
(em milhões de euros) |
- |
- |
4,8 |
9,1 |
393,4 |
845,8 |
875,8 |
1564 |
401,1 |
938 |
18142 |
.
| |
Mário Soares (1983-1985)
Governo do
PS-PSD ( Bloco Central ). Portugal
estava à beira de uma ruptura financeira, o que implicou uma forte intervenção do
FMI. As medidas tomadas pelo governo penalizam largos sectores da população,
provocando uma grande agitação política. Mário Soares e Mota Pinto (PSD) tem
apenas um objectivo político - a integração na CEE -, para além disso
revelam-se um total vazio de ideias.
Assiste-se
a um aumento da emigração, sobretudo para a
Suiça, o que reflectia as dificuldades internas de desenvolvimento.
As
medidas tomadas pelo governo permitiram, em 1985, aliviar o aperto financeiro do
país. O FMI aponta então Portugal como um modelo a seguir. O problema é que as
reformas na administração pública foram sendo adiadas. As estruturas e corporações herdadas do antigo regime e do
Império Colonial continuavam intactas, absorvendo importantes recursos
económicos.
A
inflação atinge neste período valores históricos:
25.5
% em 1983 e 29.3 % no ano seguinte.
Dívida Pública
em percentagem do PIB
1983
|
1984 |
1985 |
47,7 |
53,1 |
56,1 |
Inflação |
25,5 |
29,3 |
19,5 |
Taxa de
Crescimento do PIB per capita a preços constantes (Base= 2006) |
0,50 |
- 1,42 |
1,36 |
| |
Pinto Balsemão (1981-1983)
Governo do PSD, CDS, PPM.
Através de uma importante revisão constitucional, os
militares deixam de controlar politicamente os governos. Portugal começa a
libertar-se do fardo de bandos de militares politicamente incompetentes que
desde 1974, teimavam em determinar o rumo que o país devia de seguir. Prosseguem os conflitos
entre a "esquerda" e a "direita". O governo é minado pelas
forças políticas que o sustentam e acaba por cair. As grandes opções
políticas são sucessivamente adiadas.
A situação económica das
contas públicas era gravíssima, devido a um total descontrole das despesas
públicas dos
governos da direita (1980-1983), o que implicou um pedido de ajuda ao FMI.
Dívida Pública
em percentagem do PIB
1980
|
1981
|
1982 |
1983 |
31,8 |
39,9 |
42,8 |
47,7 |
Inflação |
16,6 |
20 |
22,4 |
25,5 |
Taxa de
Crescimento do PIB per capita a preços constantes (Base= 2006) |
3,64 |
1,29 |
1,54 |
0,50 |
.
| |
Sá Carneiro (1980)
Governo da Aliança Democrática
(AD). Portugal continua a viver num clima de grande confrontação política
entre a "direita" e a "esquerda". Os militares recusam-se a
abandonar a cena política, em nome da "constituição" de 1976 e da
defesa das
"conquistas de Abril" .
O governo tem apenas um único
objectivo: criar as condições para controlar politicamente o país, e em
particular a
presidência da república. Tudo o mais é secundário, incluindo a difícil
situação económica do país que não pára de se agravar.
A morte de Sá Carneiro (1980) e a derrota da
direita nas eleições presidenciais altera os planos da coligação no poder (PSD,
CDS, PPM).
Cavaco Silva, então ministro das
Finanças, coloca o erário público ao serviço desta estratégia eleitoral.
Sobe os gastos orçamentais, valoriza o escudo, dificulta as exportações,
aumenta as importações. O défice das transacções correntes sobe de 5% do
PIB em 1980 para 11,5% em 1981 e 13,2% em 1982. A dívida externa aumenta
de 467 milhões de contos em 1980 para 1199 milhões em 1982. Perante o
descalabro, em 1983, o novo governo da AD vê-se obrigado a subir as taxas de
juro 4 pontos, e a vender 50 toneladas de ouro para financiar as contas
externas. O desnorte é total.
| |
Maria
de Lurdes Pintasilgo (1979).
Governo
da Iniciativa do presidente da república Ramalho Eanes.
Uma
intensa produção legislativa, mas sem consequências práticas. Portugal
parece não ter rumo.
| |
Mota Pinto (1978)
Governo do PSD. Os conflitos
políticos e sociais continuam a dominar a sociedade portuguesa. Os tempos são
de simples sobrevivência. O governo está envolvido em guerras
partidárias internas, não tem tempo para tratar dos assuntos do país.
| |
Mário Soares (1976-1978)
Governo do PS (Primeiros governos
constitucionais - Iº. e IIº.). Uma das primeiras medidas foi a decisão de pedir a adesão de
Portugal à CEE. Entra-se num período de progressiva normalidade democrática,
ainda que controlada pelos militares através do "Conselho da
Revolução". O chamado "sector público", com um
enorme peso na economia em resultado das nacionalizações, tornou-se
rapidamente numa verdadeira escola de novos parasitas. Os seus brutais
prejuízos acabam por recair sobre os contribuintes, sem que se apurem
responsabilidades. O laxismo era total.
O descalabro das contas públicas
continua. Entre as medidas económicas adoptadas regista-se a precarização das relações laborais (contratos a
prazo) e a brutal redução do poder de compra conseguido nos dois anos
anteriores. | |
Pinheiro
de Azevedo (1975)
Governo
militar. Portugal vive uma fase de total desnorte. As decisões políticas são tomadas na rua ou
nas casernas. Este militar, sem autoridade nem credibilidade para se fazer respeitar,
acabará ficar para a história pelas suas cenas e ditos caricatos.
O descontrole das contas
públicas é total. Os militares que controlam o poder político afundam o
país. As despesas públicas aumentam, sem qualquer contrapartida no lado das
receitas. Gasta-se aquilo que se não tem. Para fazer face a esta situação o
país não pára de endividar-se. As reservas de ouro e de divisas evaporam-se. A inflação que em
1973 se situava nos 10,4%, sobe para 27,7% no ano seguinte, mantendo-se sempre
muito elevada a partir daí.
Militares e a
Política Os militares
portugueses tem uma longa tradição de intervenções políticas. Esta
tradição começou durante as invasões francesas (1807-1814) quando a
corte foi para o Brasil. A partir daí a política portuguesa é em grande
parte dominada pelos militares, muitas vezes através golpes ou revoltas
militares. Os militares
foram activos apoiantes de um projecto colonial em África, exigindo
para o mesmo enormes recursos e sacrifícios de todo o
país, nomeadamente para manter o aparelho militar e as constantes
acções militares nas colónias. Ao longo do século XIX o país foi-se
arruinando com este projecto colonial.
O derrube do
regime monárquico, em 1910, é obra de militares, descontentes com a
política colonial que estava a ser seguida pelos governos monárquicos.
A Iª
República, implantada por militares acabou por ser derrubada pelos
mesmos, muitos dos quais descontentes pela forma como os sucessivos
governos republicanos estavam a gerir as colónias. Entre 1926 e 1933 os
militares impõem ao país um feroz ditadura, que lançou o país num
verdadeiro caos. Acabam por ceder o poder a um ditador (Salazar) que lhes
garante que iria criar um verdadeiro Império Colonial em África, reforçando
deste modo os dispositivos militares.
Entre 5 de
Outubro de 1910 e o 25 de Abril de 1974, contam-se pelo menos 59 golpes ou
tentativas de golpes militares. Um número impressionante, sem paralelo no
contexto europeu. Percebendo a
impossibilidade de ganharem a guerra colonial em África, em 1974,
derrubam a ditadura e proclamam o regresso à democracia. Sem colónias
para dominarem ou governarem, muitos militares ficam à deriva. A sua
opção foi dominarem o novo regime, segundo um modelo político inspirado em Cuba.
Entre 1974 e
1982, quando foi dissolvido o "Conselho da Revolução", os
militares tiveram um enorme protagonismo político, arvorando-se em donos
do regime democrático.
Os diversos
governos militares, em 1974 e 1975, representaram um verdadeiro descalabro económico e
social. |
.
| |
Vasco Gonçalves (1974-1975)
Governo militar. Vasco Gonçalves, representante
do Movimento das Forças Armadas (MFA) e próximo do Partido Comunista
Português (PCP), chefiou quatro governos provisórios ( IIº
a Vº ). Assistiu ao fim do Império Colonial, esteve á frente de um país
profundamente dividido quanto
ao caminho a seguir. Vivia-se na altura num clima de permanentes conflitos políticos e sociais. Os militares
que dominavam a cena política, eram na sua maioria favoráveis à construção de um regime
"socialista" assente numa economia estatizada. O sector bancário
é nacionalizado, criando um vasto sector de empresas públicas ou
intervencionadas. No Alentejo é lançada uma polémica "Reforma
Agrária". O Estado torna-se um monstro que absorve cada vez mais recursos,
sem qualquer racionalidade ou eficácia. O desperdício generaliza-se,
sustentado em discursos políticos demagógicos. Lideres
ligados à antiga União Soviética (URSS) eram recebidos pelo governo como
modelos a seguir.
Os problemas económicos e
sociais são agravados com a chegada de cerca de um milhão
"retornados" (portugueses das ex-colónias). As tensões sociais
não param de se acumular.
| |
Adelino da Palma Carlos (15 de
Maio de 1974 a 25 de Setembro)
Governo militar. O governo não está à altura
das circunstâncias, nem tem poder para tomar decisões. A des-colonização
condiciona todas as decisões políticas.
| |
Junta de Salvação Nacional (25
de Abril a 14 de Maio )
Governo militar. Os militares governam o país,
mas as grandes decisões são tomadas não pelo governo mas nas ruas e
casernas.
| |
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Carlos Fontes
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