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Holanda
- Portugal Ainda a Holanda não existia
já os portugueses tinham relações com os holandeses. D. João I tê-los-á
envolvido numa das mais geniais estratégias militares de diversão, quando em
1415 conquistou Ceuta.
A primeira grande vaga de
emigração para a Holanda ocorreu entre 1580 e 1600, nos primeiros 20 anos da
ocupação espanhola de Portugal. A intolerância religiosa obrigou milhares
de portugueses a fugirem do país
Judeus portugueses.
A partir de 1580 milhares
portugueses judeus, refugiam-se na Holanda criando aí uma
importante comunidade. Muitos vieram de Portugal e muitos outros da feitoria de
Antuérpia e de Hamburgo (Alemanha). A Holanda deu-lhes não apenas liberdade
para desenvolverem as suas activiades, praticarem os seus cultos, mas também
apoio para combaterem no exterior os espanhóis.
A sua experiência foi decisiva
na criação da República das Províncias Unidas
(1581), expansão
marítima dos holandeses e a transformação de Amesterdão no principal
porto da Europa. Estes portugueses conduziram os holandeses ao coração do
Império Espanhol e do Império Português dominado pela Espanha.
Com a sua experiência,
capitais e trabalho, em 1602, criaram a conhecida Companhia das Indias Orientais
que procurou ocupar conquistar as principais possesões espanholas e
portuguesas e outras regiões do mundo.
A ocupação de Pernambuco
(Brasil), em 1630, foi financiada e assegurada por um grupo
de judeus portugueses (Manuel Mendes de Castro, Isaac Aboab da Fonseca, Abraao e Isaac Pereira e David de
Aguiar, Moises Rafael de Aguilar, etc). Eram os proprietários da maioria dos engenhos de açúcar que
aí foram instalados. Em muitos outros locais a situação era idêntica.
Um marco da comunidade
portuguesa da Holanda é a imponente Sinagoga Portuguesa de Amesterdão,
construída em 1675 pelo português Elias Bouman. A Torah que aí existe
é portuguesa, data do princípio do século XIV e veio de Hamburgo para Amesterdão
(1604). A Sinagoga possui uma excepcional biblioteca (Ets Haim), criada em 1616, para
a formação dos rabis da comunidade. O
cemitério português
de Ouderkerk aan de Amstel,
(Amesterdão) é
outro exemplo da sua dimensão social, económica e cultural. Foram aí
sepultados mais de 27 mil judeus portugueses e seus descendentes. Muitas
campas ostentam brazões portugueses testemunhando o elevado estatuto social
desta famílias. A
comunidade tinha também uma imprensa própria onde editaram inúmeras em
português. O célebre filósofo Espinosa, filho de país portugueses de
Évora, é um dos seus símbolos da sua vitalidade cultural.
A comunidade de judeus portugueses
manteve-se muito unida e numerosa na Holanda até à IIª. Guerra Mundial, sendo então
dizimada no Holocausto.
Piratas e Corsários
Holandeses. Nos finais
do séculos XVI e primeira metade do século XVII, os holandeses montaram uma
fabulosa máquina de corso e pirataria , com a qual obtiveram enormes lucros
saqueando as rotas comerciais portuguesas e espanholas. A sua prosperidade
assentou sobretudo nestes saques em que se especializaram tal como os
franceses o vinham fazendo.
Entre primeiros piratas
holandeses estão Simão de Cordes (Simon de Cordez, em espanhol) e seu
irmão Baltazar de Cordes, provavelmente dois descendentes de portugueses. Em 1598 organizaram uma expedição aos Mares do
Sul, seguindo a rota do português Fernão de Magalhães, para atacarem o
comércio espanhol e as suas possessões na região. Tomaram a povoação de
Castro, no Chile actual (Capital de la Provincia de Chiloé)
chacinando todos os espanhóis que encontraram. Simão acabou por morrer,
mas Baltazar fugiu para as Molucas, onde os portugueses o prenderam e mataram
(1600). Afim de tentar controlar estes
estragos, a partir de 1641, os navios comerciais portugueses ou sob a sua
protecção passaram a formar
"combóios" protegidos por esquadras da marinha de guerra.
Guerras com Portugueses.
Durante a ocupação de
Portugal pela Espanha (1580-1640), os holandeses aproveitaram a ocasião para
atacaram o Império português tomando-lhe muitas das suas possessões. Nesta acção,
como dissemos, foram ajudados
por milhares de portugueses que se haviam estabelecido na Holanda, cuja
experiência na guerra, navegação e comércio marítimo era mundialmente
reconhecida.
A guerra assumiu também
contornos religiosos. Os holandeses (protestantes) procuraram destruir as
comunidades católicas criadas pelos portugueses, aliando-se frequentemente
aos muçulmanos. Muitas igrejas católicas foram destruidas, padres e
missionários mortos ou expulsos.
Depois da restauração da
Independência de Portugal, em 1640, os portugueses não tardaram em
reconstruir o Estado e as suas forças armadas, iniciando uma guerra global
contra os holandeses nas suas principais colónias, como o Brasil e Angola,
onde os acabaram por expulsar.
Nesta guerra os holandeses
tinham uma enorme vantagem militar. Portugal esteve até 1668 muito
fragilizado devido à guerra que mantinha na Peninsula Ibérica com a Espanha
(Guerras da Restauração da Independência).
Devido a esta razão, entre 1640
e 1668, no Oriente puderam apossar-se de importantes regiões do
Império Português: Malaca (1641), estabelecimentos de Canará ao sul de Goa
(Onor, Barcelar, Mangolor, 1652-1654), Ceilão (1650), estabelecimentos do
Malabar (Coulão,1658, Crangonor,1652, Cananor e Cochim,1663).
A esmagadora maioria destas
possessões não voltaram ao domínio de Portugal. Na verdade depois da
assinatura do Tratado de paz com a Espanha (1668), as atenções de Portugal estavam
concentradas na expansão do Brasil e na manutenção de algumas possessões
em África. A expansão pelo Oriente deixara de ser uma prioridade.
Século XX. A partir dos anos 60
do século XX a Holanda tornou-se durante algum tempo num destino privilegiado para a emigração
portuguesa, ainda
hoje residem aqui cerca de 10 mil imigrantes.
Em muitas povoações, museus e
colecções privadas da Holanda ainda hoje se podem encontrar muitos vestígios desta
presença portuguesa e dos inúmeros saques praticados pelos corsários e piratas holandeses. Carlos Fontes
Sinagoga
dos Portugueses em Amesterdão
Páginas da
Comunidade Portuguesa : Portugal
na Holanda (Hola
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