Itália
- Portugal .
Álvaro
Pires de Évora. Nossa Senhora com o menino. C.1415-23. Igreja de Santa
Croce in Fossabanda. Pisa (Itália)
.
Se
Portugal cedo procurou na Inglaterra uma aliada estratégica contra as
investidas de Castela e depois da Espanha, também o fez junto da Santa Sé,
reinos, principados, ducados ou republicas que existiam em Itália.
A Itália era até final do século XIX
um território politicamente muito dividido, cuja posse era disputada por
alemães, austríacos, franceses, espanhóis e o Império Otomano.
Santa Sé.
O principal elo ligação entre Portugal e Itália está em Roma, centro da Igreja
Católica. Desde o século XII, quando se tornou num reino independente, e foi
posto sob a alçada da Santa Sé, que se assistiu ao incremento de pessoas que
partiam de Portugal para a Itália, pelos mais diversos motivos: peregrinações,
relações diplomáticas, comerciais, estudo, etc. A expressiva presença de
portugueses em Itália ao longo de séculos está bem patente em inúmeros
testemunhos por todo o país. Consultar: Vaticano
Casamentos
Reais. Um
dos primeiros actos simbólicos desta ligação geo-estratégica foi feita por
D. Afonso Henriques (primeiro rei de Portugal), em 1146, quando casou
com Dona Mafalda filha da Casa de Sabóia (nobres da região de
Piemonte, Itália). Outras rainhas de Portugal tiveram origem na mesma casa:
Maria Francisca Isabel de Sabóia que foi casada com Afonso VI e depois com o
seu irmão Pedro II.
A unificação da Itália no
século XIX, assim como a sua monarquia está intimamente ligada a Portugal:
Carlos
Alberto de Savoia-Carignamo
(1798-1849), rei da Sardenha-Piemonte, após ter sido derrotado pelos
austriacos em Março de 1849, em Novara, vem refugiar-se na cidade do Porto
(Portugal), onde faleceu a 28 de Julho deste ano, na Quinta da Macieirinha, o
actual Museu Romântico.
O seu filho foi o 1º. rei de Itália - Víctor
Manuel II -, cuja filha D.Maria
Pia, em 1861, casou com D. Luis I rei de Portugal. O Império brasileiro (1821-1889), seguiu a mesma política de
alianças com a Itália.
O
último rei de Itália - Vítor Emanuel III, após a proclamação da
República em Itália (1946) refugiu-se em Cascais (Portugal) onde viveu
durante muitos anos.
Ajuda
Militar.
Entre os séculos XIV e XIX, armadas
portuguesas protegeu dos piratas navios mercantes dos estados italianos que
passavam ao longo da costa de Portugal. Para Itália, a pedido do Papa ou de
estados como o de Veneza, foram enviadas diversas
expedições militares contra o Império
Otomano.
Estes auxilio não impediu que os venezianos, na 1ª. metade do século XVI, sentindo-se
ameaçados com a expansão
de Portugal na Ásia tenham apoiado no Indico a luta dos muçulmanos contra os
portugueses.
Portugueses
em Itália
Roma,
Florença, Siena, Pádua, Pisa, Veneza, Génova e muitas outras cidades
italianas possuem também testemunhos de uma intima ligação cultural e económica
entre os dois povos. A Itália foi sempre para os portugueses uma terra de peregrinações,
estudo e de relações diplomáticas no seio da Santa Sé.
A
circulação de portugueses pela Itália, devido a assuntos religiosos
foi sempre uma constante ao longo dos séculos. A partir do século XV passaram
a ter em Roma estruturas permanentes para os acolher. Ainda hoje o
Estado português (laico) continua a financiá-las, por uma questão de
tradição.
No
século XVI, surge uma outro motivo para os portugueses viajarem até Itália:
os estudos artísticos (pintura, escultura e música). Francisco
de Holanda, por exemplo, foi um dos
muitos bolseiros portugueses que ao longo dos séculos foram estudar para
Itália. Partiu para Roma no âmbito da política cultural de D. João III, em
1537. Esta prática manteve-se até aos nossos dias, embora hoje sem a
expressão e importância que em tempos existiu e lhe foi dada.
Comunidades
de Judeus Portugueses.
No século XVI e XVII, milhares de portugueses cristãos-novos (judeus)
refugiram-se em Itália onde constituíram importantes comunidades
em cidades como Veneza,
Ferrara,
Ancona,
Florença
e
Roma.
A maioria nunca perdeu a sua ligação a Portugal.
Estes portugueses, sobretudo
depois da eleição do papa
Paulo IV (1555) foram alvo de constantes perseguições. Os de Ancona terão
sido os que mais sofreram. Henrique Pires (Isaac Cohen) foi queimado em
1566, o seu filho - o poeta Diogo Pires, natural de Évora (1517-1599)
teve que fugir para Dubrovnik (Rugosa), na actual Croácia, para não ser
igualmente morto.
Bolonha.
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Florença. Igreja de São
Miniato do Monte (Chiesa di San Miniato al Monte). Na nave central
ergue-se a capela do cardeal D. Jaime de Portugal, cujo túmulo é uma
notável obra renascentista (1461-66). (ver Foto)
Génova.
Livorno.
Nos séculos XVI e XVII era
muito numerosa a comunidade portuguesa nesta cidade, como está bem patente na
Santa Esmoga de Livorno.
Nápoles.
Leonor da Fonseca
Pimentel (1752-1799), jornalista (Il Monitore
Napolitano) e revolucionária liberal foi uma grandes defensoras da
republica napolitana (1799), terminando enforcada.
Pádua.
Igreja de Santo
António, onde se veneram as relíquias deste santo franciscano que nasceu
e estudou em Lisboa e Coimbra. A difusão mundial do seu culto deve-se aos marinheiros
portugueses.
Pisa.
Foi em Itália que
trabalhou o primeiro pintor português conhecido - Álvaro Pires. A sua obra
está bem documentada em Pisa, Volterra e Florença entre 1411 e 1434.
Vasari, o principal biógrafo dos pintores do Renascimento chama-lhe Alvaro di
Piero di Portogallo. Na Universidade de Pisa destacaram-se muitos
professores portugueses
Roma.
Há muito para ver e surpreender-se
com testemunhos da presença portuguesa em Roma. Para facilitar uma eventual
visita fizemos uma seleção dos locais imprescindíveis.
Mais
Siena. Na
catedral de Siena, o fresco da celebração do casamento de Dona Leonor de
Portugal com Frederico III, imperador do Sacro Império (1451).
Veneza.
Apesar das divergências económicas (século XVI), Portugal criou em Veneza uma
importante feitoria para a distribuição dos seus produtos orientais. A
comunidade portuguesa na cidade, nomeadamente no bairro judaico era muito
importante como se testemunha na "Scola Spagnola de Veneza".
Viterbo.
Nesta cidade morreu a 20/7/1277, Pedro Julião (1215-1277), mais conhecido por João
XXI, o único papa português. Quando visitava as obras de um aposento que
mandara fazer, o tecto caiu-lhe em cima e matou-o.
Século XXI.
Todos
os anos muitos milhares de portugueses visitam a Itália em turismo ou
integrados em peregrinações religiosas. Número estimado de emigrantes portugueses: 5.741 (dados
de 2004).
Carlos Fontes
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