|
|
|
|
ANGOLA
| | |
Geopolítica
| |
Angola foi criada pelos
portugueses para ser um novo Brasil, mas em África. A lógica colonizadora foi
a mesma. - Centralização governativa de
modo a garantir a progressiva ocupação e homogeneidade de referências
culturais de um vasto território;
-. Situação geográfica é
excepcional no Altântico Sul, desfrutando de uma ampla costa maritima e
território interior com enormes recursos naturais. Este facto permite a Angola,
por exemplo, servir de porta de entrada marítima para vários países da
África Austral.
-. Irrelevância das divisões
religiosas, tribais e linguísticas internas que possam dividir ou fragmentar o
país. Em Angola não existem os confrontos que se registam, por exemplo, entre
cristãos e muçulmanos como ocorrem na maior parte dos países africanos. As
tensões étnicas são irrelevantes. Em termos linguísticos está
relativamente homogeneizado, o que lhe confere uma notável unidade política.
- O território foi sendo
pontuado por importantes cidades que a partir do litoral foram articulando
toda a sua extensão. A população portuguesa e local foi sempre diminuta para
territórios tão amplos.
- O cruzamento entre brancos e
pretos também aqui produziu uma larga percentagem de mulatos e cumplicidades
inter-raciais.
A longa guerra civil (1975-2002)
pouco alterou esta matriz, embora tenha destruído as suas importantes
infra-estruturas que ligavam todo o território, potenciando a emergência de
movimentos locais de base "étnica" devido ao seu isolamento.
.
| |
Contexto regional:
Angola
faz fronteira a norte com uma das regiões mais ricas e instáveis do mundo, marcada por continuas guerras e movimentações de milhões de pessoas (refugiados,
emigrantes), conhecida por África Central ou Região dos Grandes
Lagos. Dois países da região tem uma influência decisiva em Angola: a República
Democrática do Congo (Congo-Kinshasa ou ex-Zaire, antiga
colónia belga) e República Popular do Congo (Congo-Brazzavile, antiga colónia francesa
). A
Leste (Zambia) e
a Sul (Namibia) as fronteiras são menos turbulentas por multiplas razões como
veremos.
1.
R.D.do Congo
Antiga colónia
belga faz fronteiras a norte com Angola. Durante as guerras
coloniais (1961-1974) o ditador Mobutu Sese Seko apoiou a FNLA, mas
também a UNITA. Mobutu nunca
deixou de procurar intervir na política angolana, nomeadamente tentando anexar
a provincia de Cabinda (rica em petróleo).
Em
Julho de 1975 invadiu Angola, para apoiar a FNLA. Rapidamente Mobuto percebe que
a FNLA não tem capacidade para conduzir a guerra contra o governo (MPLA), e
passa a apoiar a Unita, permitindo-lhe criar uma
base na região do Katanga, para controlar e exportar diamantes de Angola. Apoiou também os movimentos separatistas em Cabinda.
Em resposta, o
governo de Angola (MPLA) apoiou os exilados do Katanga, os quais em 1977 invadem
a R.D. do Congo para derrubarem Mobutu, mas são
chacinados. Durante a guerra cilvil centenas de milhares angolanos
refugiaram-se neste país.
Em 1997 Mobutu
é obrigado a deixar o país, que entram em mais uma luta fraticida. As
tropas de Angola invadem então a R.D. do Congo, em apoio a
Laurent Kabila. Foi apenas o começo de um conjunto de operações militares que
os angolanos tem realizado na região.
Nos últimos
anos este país tem acusado Angola de estar a invadir o seu território,
ocupando uma zona rica em diamantes.
A relativa estabilidade alcançada
em Angola está a atrair vagas de refugiados e emigrantes ilegais deste país.
2. R. P. do Congo
Antiga colónia
francesa faz fronteira com Angola, no enclave de Cabinda. Independente desde 1961, tornou-se
no primeiro Estado comunista de África. Viveu sempre em permanentes convulsões
políticas e militares. Foi aqui, em 1965, que os cubanos fizeram a sua primeira
grande intervenção "internacionalista" em Àfrica, sob o
comando de Ernesto Guevara (Che). Entre Abril e Dezembro, Guevara que usava
então o nome de Tatu, combateu ao lado do sanguinário Laurent Kabila, numa
guerra que provocou uma enorme matança. Perseguido fugiu do Congo para a
Tanzânia, donde regressou com o seu bando de guerilheiros para a América
Latina.
A R.P. do Congo deu
um enorme apoio ao MPLA na sua luta durante a guerra colonial (1961-1974)
e depois na manutenção do poder durante a longa guerra civil
(1975-2002).
Os dois regimes
acabaram por se ajudar mutuamente nas últimas décadas da Guerra Fria. Ambos
contaram também com o apoio da antiga União Soviética, que enviou para a
região milhares de cubanos que se estabeleceram em Angola (1975) e depois na
R.P.Congo (1977), onde só saíram em 1991 na sequência derrocada da União
Soviética. Nas
reviravoltas que se sucedaram, após a morte de Mobutu (1997), foi a R.P.do
Congo que passou a apoiar a UNITA. O governo angolano (MPLA) reage
e ajudou pouco depois a derrubar o governo democraticamente eleito de Pascal
Lissouba. Este país mergulhou mais uma vez na mais completa instabilidade.
O Reino do
Congo Quando os
portugueses chegaram em 1482 ao Congo, encontram ainda os vestígios de
um reino que em tempos teria abrangido grande parte da África Central. Foi
este reino que estabeleceu estreitas relações com Portugal. Ao longo dos
séculos o reino foi-se dividindo, acabando por desaparecer (século XVII). Os
seus antigos territórios foram retalhados no
final do século XIX pelas potências europeias (Portugal, Bélgica, França,
Inglaterra e Alemanha).
Um dos discursos
políticos mais mobilizadores na região é o de voltar a formar o antigo
Reino do Congo unindo o noroeste de Angola, Cabinda e R.P.Congo, R.D.Congo
e o Gabão. | .. |
| |
3. Zambia Antiga
colónia da grã-bretanha, situada no interior do continente faz fronteiras
também com Moçambique. Embora
a situação geográfica
seja muito vulnerável, a Zambia não deixou de estar na linha da frente contra
o regime racista da Africa do Sul. Durante a Guerra Civil de Angola apoiou
"discretamente" o
abastecimento á UNITA. Larrgas dezenas de milhares angolanos
refugiram-se na Zambia. A economia do país foi muito afectada, depois de
1975, pela destruição das linhas de caminho de ferro de Angola e
Moçambique.
Em
Novembro de 1994, celebrou-se
neste país o conhecido Protocolo de Lusaka, entre a Unita e o Governo de Angola
(MPLA), uma das muitas tentativas para terminar com a guerra civil.
.
4. Namíbia Antiga
colónia alemã, em 1914 foi ocupada pela África do Sul. Tornou-se independente
em 1990. Foi através desta fronteira que entre 1975 e 1988 o regime racista da
África do Sul invadiu e depois apoiou a UNITA.
5. Àfrica do Sul
Na África subsariana Angola e a África do Sul são as duas grandes potências
regionais, embora com dimensões muito diferentes. Em 2006 a África do Sul ocupava a 6ª. posição entre o grupo dos
principais fornecedores de Angola, com 8%. (a lista era liderada por Portugal
com 17%, seguido dos EUA 9,8%, Brasil e China com 8,5%).
A África do Sul tem importantes investimentos directos em Angola nas áreas
mineira, financeira e da construção Civil.
Ambos os países integram a
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que agrupa igualmente o
Botswana, Ilhas Maurícias, Lesotho, Malawi, Madagáscar, Moçambique, Namíbia,
RD Congo Swazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
6. Moçambique
..
| |
Contexto Internacional
Não deixa de ser irónico que os
dois maiores produtores de petróleo da África - Nigéria e Angola -,
apesar das suas enormes riquezas, a maior parte da sua população viva na mais
extrema pobreza. A existência de petróleo, diamantes e minérios em certos
continentes nem sempre é sinónimo de prosperidade. Angola confirmou isto mesmo
ao longo de 27 anos de guerra civil, em que o petróleo e os diamantes serviram
para alimentar a própria guerra.
O petróleo é a principal fonte
de receitas do Estado angolano. As
companhias petroliferas ficam com 50% do valor do petróleo extraído, sendo os
restantes repartidos com o Estado, através da Sonangol. Os
principais negociadores externos de Angola – a Sonangol e o Banco Nacional de
Angola - centram a maior parte das suas actividades em Londres, onde a Sonangol
tem um escritório
que se encarrega da comercialização do petróleo angolano.
7. EUA
O
crude existente em toda a costa ocidental de África é vital para a economia
dos EUA. Desde os anos 70 que este país fez questão de assinalar facto,
envolvendo-se nas lutas políticas internas angolanas para assegurar os seus
interesses. Primeiro apoiou e financiou a FNLA, depois a UNITA. Quando percebeu
que a situação militar se havia alterado no terreno, abandonou a UNITA e
apoiou o MPLA. Embora o governo de Angola só em 1993 tenha sido reconhecido
pelos EUA, mas este facto nunca impediu a exploração do petróleo pelas
empresas norte-americanas.
Cerca de 38% das exportações de
petróleo de Angola destinam-se aos Estados Unidos. Em 2007 a
África Ocidental representava
16% dos fornecimentos de petróleo aos Estados Unidos (só Nigéria e Angola
representam 14%). Os estrategas norte-americanos afirmam que
nos próximos anos este valor atinja os 25%. Angola a nível mundial é
o 6º. fornecedor de crude aos EUA, e as suas maiores empresas do sector
operavam no país: Chevron-Texaco, Exxon-Mobil (Esso), BP, Eni, Total e Norsk
Hydro. Os
EUA marcam a sua presença em Angola através da USAID e
de várias ONG’s americanas.
8. China
Angola
estabeleceu apenas em 1983 relações diplomáticas com a China. Os valores do
comércio bilateral foram até 2002 relativamente insignificantes. Com a paz em
Angola, a China encontra aqui uma fonte importante para abastecimento de crude
que a sua economia em expansão carece. Em 2006, mais de 18% do crude importado
pela China é de origem angolana. A forma de pagamento negociada, em 2004,
passou pela concessão de empréstimos para a construção e reabilitação de
infra-estruturas. Foi também uma forma de Angola fugir ao cerco dos países
ocidentais.
Atendendo às crescentes
necessidades de crude da China é previsível que as relações entre os dois
países se venham a reforçar, ainda mais nos próximos anos. China é desde
2003 o segundo maior consumidor de crude do mundo, depois dos EUA.
9. Brasil
O Brasil tem tudo
para se tornar no principal parceiro de Angola: a mesma língua, uma história e
cultura afins, proximidade geográfica. As relações muito intensas
durante o período colonial (até 1974), foram depois secundarizadas. Só
foram reactivadas com a paz em 2002.
Em
2006 era o 3º. maior fornecedor de Angola.
O Brasil vem ganhando importância
crescente com as suas empresas e investimentos em áreas como a energia, obras públicas, petróleo,
mineração e imobiliário.
10.
Portugal.
11. Grã-Bretanha
12. França
Carlos Fontes
| |
Angola
Início.
História
. Indicadores .Geografia . Cronologia
. Mapas . SOS
. Ligações
.Figuras . Étnias.
Cultura . Educação
. .
Economia . Bibliografia
. |
|
|