Pensamento e Inteligência
Não existe consenso sobre a distinção entre
pensamento e inteligência. O conceito de pensamento é, em geral, mais amplo e
pressupõe uma capacidade de compreensão maior do que a inteligência.
1. Pensamento
Wundt, um dos criadores da psicologia cientifica,
explicava o pensamento como um processo de associações mecânicas (relações
de factos, sem conexões de sentido).
A escola de Wurzburgo (Oswald Kulpe e outros), no
princípio do século XX rompeu com esta concepção, ao demonstrar que o
pensamento é sobretudo uma apreensão de relações de sentido.
Os
psicólogos gestaltistas, por sua vez, procuraram demonstrar que o pensamento é
um processo de estruturação e mudança de estruturação dentro de
grandes totalidades.
Entende-se por pensamento, em sentido lato, todo
o fenómeno mental. Em sentido específico, a resolução de problemas, com base
na compreensão de uma dada situação. O pensamento ultrapassa a dimensão
empírica dos fenómenos, elabora conceitos, formula juízos e raciocínios
e teorias de forma criativa.
Neste sentido, os estudos sobre o pensamento tem
incidido sobre os seguintes aspectos:
- Representações mentais. Elementos
básicos do pensamento, constituídos por sinais e os símbolos que representam
qualquer coisa. Podem ser analógicas (imagens, mapas mentais, etc) ou
simbólicas (conceitos, proposições, etc)).
- Tipos de raciocínios: analógicos,
dedutivos e indutivos.
- Resolução de Problemas (Pensamento
criativo ).
2. Inteligência
A inteligência recebe, organiza e interpreta os
dados sensoriais, formando uma redes de significações com as quais ordenamos e
nos adaptamos ao mundo.
No inicio do século XX procurou-se definir a
especificidade da inteligência. William Stern (1871-1938) e Edouard Claparède
(1873-1940) definiram-na como a capacidade de resolver novas tarefas e dominar
novos problemas. Edward Torndike (1874-1949) defendeu, por sua vez, a
concepção era essencialmente uma capacidade de aprendizagem, que consistia em
utilizar experiências anteriores para a resolução de problemas. Desde então,
como veremos, muitas outras concepções surgiram.
Podemos defini-la como a capacidade de
adaptação ao meio, que nos permite aprender com as experiências e resolver os
problemas práticos ou abstractos que enfrentamos.
3. Inteligência ou inteligências
A inteligência é um factor único ou é
constituído por múltiplas componentes? Esta foi uma questão que provocou o
aparecimento de várias teorias explicativas sobre a
inteligência.
3.1. Teoria de Charles Spearman (1863-1945).
Concebeu a inteligência como uma capacidade única - o célebre factor g
-, que se manifestava em
diferentes áreas ou competências. O factor g estava subjacente à capacidade
intelectual dos sujeitos, podendo ser medido através dos testes de inteligência
(Q.I.). Uma pessoa tende a manifestar o mesmo grau
de inteligência em todas as áreas.
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3.2. Teoria de L. L. Thurstone (1887-1955).
Rompe com as concepções anteriores, defendendo que a inteligência era
composta 7 capacidades ou aptidões mentais básicas, relativamente independentes ente
si:
- Compreensão Verbal, Memória, Raciocínio,
Rapidez de Percepção, Fluência Verbal, Aptidão Numérica, Relações
espaciais.
Cada uma era
responsável por uma dada aptidão, cujo desempenho podia ser medido através de
testes adequados. Segundo esta teoria, uma pessoa pode revelar elevados
níveis de desempenhos num aptidão, e muito baixos em outra.
3.3. Teoria de Raymond Bernard Cattell
(1905-1998). Defende a existência de dois tipos de inteligência:
a) Inteligência fluída. Capacidade para
resolver problemas novos, sem recurso a conhecimentos já adquiridos. Reflecte a
capacidade de raciocínio, de memória e de processamento da informação.
b) Inteligência cristalizada. Capacidade para
usar habilidades, conhecimentos e experiências adquiridas para a resolução de
problemas.
3.4. Teoria de Robert Sternberg (1949 - ). Partindo
da abordagem cognitiva à inteligência, defendeu a teoria triárquica da
inteligência:
a) aspecto componencial: componentes mentais
envolvidas na análise da informação necessária à resolução de problemas;
b) aspecto experiencial: componente que envolve o
recurso as experiências anteriores, nomeadamente para a resolução de
problemas.
d) aspecto contextual: o modo como as pessoas
lidam com as exigências quotidianas.
Sternberg ficou associado aos seus estudos sobre
a "Inteligência prática".
3.5. Teoria de Howard Gardner (1943 - ). Demonstrou
que a inteligência demonstrou ultrapassa as capacidades lógico-matemáticas,
abrangendo várias componentes.
Em 1975 expôs pela primeira vez a sua teoria de
inteligências múltiplas, a saber:
- Lógico-matemática (capacidade para
estabelecer relações entre objectos e abstracções, dominando os princípios
básicos destas relações).
- Linguística (capacidade de expressão verbal e
escrita)
- Musical (capacidade de composição sonora de
forma criativa)
- Espacial ( capacidade de apreensão e
manipulação dos objectos no espaço)
- Corporal-cinestésica (capacidade de controlo,
harmonização dos movimentos corporais, orientação e manipulação dos
objectos)
- Interpessoal ( capacidade de interacção
social e compreensão dos outros)
- Intrapessoal (capacidade de auto-conhecimento e
de lidar com as emoções)
Cada uma destas inteligências é
relativamente independente das outras, e todos os individuos as possuem.
3.6. Teoria de Daniel Goleman (1946 -).Na
década de 90, às 7 inteligências de Gardner acrescentou mais duas:
- Inteligência Pictográfica (capacidade de
expressão gráfica).
- Inteligência Naturalista (capacidade de se
sentir como parte da natureza).
Ficou particularmente associado ao conceito de inteligência emocional:
"...capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos
outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos
nossos relacionamentos." (Goleman, 1998)
4. Inteligência e Instrumentos de Medida.
Escalas (Stanford-Binet, Wechsler). Limitações.
Alfred Binet e H. Simon, no princípio do século
XX, construíram testes de inteligência destinados a medir as capacidades de um
individuo, em tarefas como o calculo, atenção, compreensão, memória e
outras.
Estes testes estavam organizados em função da
idade dos indivíduos, permitindo desta forma determinar a sua idade mental, por
comparação com o desempenho médio do grupo de indivíduos da mesma fase
etária.
5. Factores da Inteligência
- Hereditariedade
- Meio
6. Inteligência e
Criatividade
Em Construção !
Carlos Fontes
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