Navegando na Filosofia

Testes de Filosofia

 

Carlos Fontes

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Psicologia . Ensino Secundário

Sarcófago. Cristo ensinando. Fim do século IV. Museu do Louvre.

 

 

Aprendizagem

 

 
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 Aprendizagem e Memória

Não há aprendizagem sem memória, nem sequer  uma actividade cerebral minimamente estruturada. Quando dizemos que aprendemos ou sabemos algo, queremos dizer fixamos os conteúdos ou as operações que acabamos de adquirir na memória. Neste sentido saber ou aprender é um processo que começa numa percepção, uma instrução verbal, um gesto repetido e termina na memória, que armazena a informação para uma possível utilização futura.

Sem memória não existiria, por exemplo, linguagem. Nos seres humanos, a maioria das aprendizagens mais complexas, faz-se em grande parte através de processos verbais. As palavras funcionam como estimulos-respostas. Na própria aprendizagem prática, por exemplo, o conserto de uma máquina, depende de instruções verbais.

1. Conceito de Aprendizagem

"Aprendizagem: modificação adaptativa do comportamento ao longo de repetidas provas", Henri Piéron, Vocabulário de Psicologia.

A palavra aprendizagem deriva da palavra latina "apprehendere" que significa adquirir o conhecimento de uma arte, ofício ou outra coisa através do estudo ou da experiência. Entendemos por aprendizagem o conjunto de processos através dos quais fazemos nossos uma série de conhecimentos, conceitos, habilidades, etc. A aprendizagem implica em geral uma mudança de comportamento através de experiências práticas. Só consideramos que houve uma aprendizagem, se as mudanças provocadas pela mesma forem relativamente permanentes.

Para que possam ocorrer processos de aprendizagem ocorram, é necessário que o organismo tenha atingido um grau desenvolvimento adequado aos mesmos.

A aprendizagem implica um comportamento activo do sujeito:

"A leitura passiva dos apontamentos ou do livro não é garantia de que se está a aprender qualquer coisa. A aprendizagem exige atenção e repetição do que está a aprender-se; significa recordar informações relevantes, captar princípios, memorizar os factos-chaves, fazer perguntas e responder-lhes, em suma, estudar" , H. Kendler,ob.cit, Vol.I,p.589. 

"Muitas vezes, os alunos tentam tirar apontamentos pormenorizados das lições ou de leituras aconselhadas sem compreenderem o seu conteúdo. Depois de os lerem, ficam às escuras no que respeita aos princípios da lição ou das leituras. Fariam melhor tentar compreender o que foi dito e tomar notas das ideias principais. Compreender em primeiro lugar, tirar apontamentos pertinentes, e repetir mais tarde, são coisas que favorecem a retenção", idem, p.622.   

2. Tipos de Aprendizagem. Habituação, Sensitização, Associação, Condicionamento, Ensaios-erros, Instintiva, Observação-Imitação, Impregnação, Recurso a Símbolos e Representações, etc.

-Habituação. Aprender a não reagir a determinados estímulos, por força da sobre-exposição aos mesmos.

- Sensitização. Aprender a reagir a determinados.

- Associação. Aprender a associar a certos estímulos respostas especificas (condicionamento clássico e condicionamento operante).

3. Teorias de Aprendizagem

As diferentes teorias de aprendizagem, podem ser divididas em dois grandes grupos, de acordo com a importância que atribuem ao sujeito:

Aprendizagem Passiva. Os estímulos externos são os responsáveis pelas transformações nas vivências e comportamentos do indivíduo, sem que este faça alguma coisa por remover os obstáculos ou resolver os problemas. A forma mais importante deste tipo de aprendizagem é o condicionamento clássico (Pavlov, Watson).

Aprendizagem instrumental ou operante. As aquisições que originam as mudanças de comportamento dependem da actividade do sujeito. Este tipo de aprendizagem pode realizar-se de múltiplas formas: ensaios-erro, condicionamento operante, etc, 

3.1. Teorias Behavioristas

O behaviorismo domina, desde a 1ª. Guerra Mundial (1914-1918), as pesquisas sobre a psicologia da aprendizagem.

3.1.1. Condicionamento Clássico. Pavlov. Watson. Na sua formação inicial (Watson), a aprendizagem é uma modificação do comportamento provocado por um estimulo neutro que normalmente não origina essa resposta. A aprendizagem implica uma conexão necessária entre estímulos e respostas. Aprender é adquirir reflexos condicionados entre estímulos e respostas, e perceber a sua conexão. Mais

3.1.2. Condicionamento Operante ou Experimental. Thorndike. Skinner. Esta perspectiva é alterada por Skinner que trouxe para a pedagogia importantes contributos. A aprendizagem pode ser obtida pela utilização de recompensas, denominados "reforços positivos" e por punições denominados "reforços negativos". O indivíduo adopta um comportamento que lhe permite evitar os reforços negativos e aumentar as probabilidades de conseguir reforços positivos. Este processo de aprendizagem denomina-se "condicionamento operante".  

3.2. Teoria da Moldagem. Processo de ensino de situações complexas através da recompensa das aproximações sucessivas ao comportamento desejado. Qualquer comportamento, ainda que diferente do desejado, é reforçado desde o inicio. Depois, reforçam-se apenas as respostas que estão mais próximas das desejadas, e no final apenas se reforçam estas. O processo é gradual, permitindo à pessoa associar o novo passo ao comportamento aprendido.

4. Teoria da Psicologia da Forma. Mais

5. Teoria da Psicologia Cognitiva. O cognitivismo surgiu como resposta aos excessos do comportamentalismo. Sem negar os processos de condicionamento clássico e operante, esta abordagem coloca em evidência os processos mentais que ocorrem durante a aprendizagem, e que ultrapassam a relação mecânica estímulo-resposta. Assume-se como o herdeiro da psicologia funcionalista americana, em particular, pelo interesse em explicar os processos mentais de acordo com a sua função adaptativa.

5.1. Aprendizagem Significativa (David P. Ausubel). Abordagem cognitiva supõe que os objectivos de uma sequência de ensino, se encontram definidos por conteúdos que se aprenderam e pelo nível de aprendizagem que se pretende atingir. Na perspectiva de Ausubel é necessário aquilo que o aluno está a aprender faça algum sentido para ele, a nova informação deve interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do aluno. Neste sentido para que a aprendizagem ocorra com sucesso é necessário:

- Preparar o aluno, inquirindo sobre os seus saberes prévios, os quais podem favorecer ou constituir um obstáculo à aprendizagem;

- Activar conhecimentos prévios aos apresentar os novos conteúdos;

- Estimular a integração e a transferência da informação adquirida.

5.2.  Teoria Sócio-Interacionista (Lev S. Vygotsky ). Mais

5.3. Teoria da Psicologia Genética (Jean Piaget ). No processo de adaptação do ser humano ao meio, este não se limita a reagir aos estímulos externos, mas age sobre eles para construir e organizar o conhecimento. O processo é gradual e comporta várias fases. A aquisição de novos conhecimentos assente em dois processos: assimilação e acomodação. O material a assimilar carece de um esquema. Quando o material a assimilar se revela incompatível com o esquema anterior, cria-se na interacção entre o individuo e o meio, um novo esquema, o qual possibilitará acomodar os novos conhecimentos. O novo esquema será ampliado à medida em que o indivíduo estabelece novas relações com seu meio, através de um processo cada vez mais complexo de equilibração. Mais

5.4. Instrumentalismo Evolucionista (Jerome Bruner). Nesta obordagem, muito próxima do construtivismo de Jean Piaget, dá-se grande maior importância à cultura, linguagem e às técnicas. A aprendizagem é um processo activo, no qual os alunos constroem novos conceitos, tendo por base conhecimentos já adquiridos. A aprendizagem é assim um processo interno integração e organização das representações. Neste processo a criança passa por várias fases, as quais podem ser aceleradas através de um ambiente social e tecnologicamente estimulante.

6. Teoria da Aprendizagem social ou observacional ( Albert Bandura )

Este tipo de aprendizagem tem muitas denominações: aprendizagem por modelos, aprendizagem por modelação, aprendizagem por imitação, aprendizagem vicarial, aprendizagem social, etc. Ao longo a história da humanidade tem sido o mais seguido e referido. O início do seu estudo sistemático deve-se a Neal Miller y John Dollard (1941), que demonstraram que a imitação era em grande parte resultado de uma conduta aprendida. Aprende-se a aprender imitando outros (modelos). A. Bandura (1977) foi que popularizou a teoria da aprendizagem social. O processo que não se confina ao ambiente escolar, mas envolve todas as vivências sociais. Somos moldados pelo nosso pensamento, as regras sociais e por aquilo que aprendemos dos nossos modelos. A aprendizagem social designa três processos de aquisição:

- Aprendizagem imitativa ou vicarial. Aprendemos pela experiência e a observação do comportamento dos outros. Não utilizamos tudo aquilo que aprendemos, preferimos o que nos traz recompensas e é considerado aceitável pela sociedade em que vivemos. As consequências observadas de uma dada conduta, possuem um efeito inibidor ou desinibinador sobre o observador nesta aprendizagem.

A aprendizagem pode ocorrer sem qualquer reforço (recompensa). No entanto a criança sente-se mais disposta a fazer certa actividade, se a pessoa que a  praticou tiver sido pela mesma objecto de elogios. Bandura designa este reforço de vicariante, uma vez que não se trata de um reforço da acção da aprendizagem, mas em que o observador se limita a testemunhar o reforço.

- Facilitação Social. O observador, para conseguir uma melhor aceitação social, pode evocar uma resposta que não estava previamente inibida. Exemplo: alguém que abandonou a sua aldeia quando criança, quando volta à mesma em adulto retoma, num curto espaço de tempo, hábitos e maneiras de falar que aprendera ou testemunhara quando criança. O desempenho de certas tarefas já aprendidas tende a melhorar quando a pessoa se sente observada por outras pessoas. 

- Antecipação Cognitiva. O individuo tende a encontrar a resposta a uma nova situação, a partir da avaliação ou consideração de respostas anteriores. Estes julgamentos tem por base nas suas próprias experiências (êxitos ou fracassos) , mas também nas que observou em outros. Os seus julgamentos acabam resultar em crenças sobre as suas capacidades, influenciando de modo decisivo o seu empenha na aprendizagem e na forma como enfrenta os obstáculos.  

A aprendizagem observacional depende em primeiro lugar da atenção do observador das actividades ou demonstrações do modelo (o que pratica a acção). Em segundo lugar dependem da codificação simbólica e respectiva retenção. Os observadores que transformam a actividade observada em códigos verbais ou imagens aprendem ou retém a informação muito melhor, do que aqueles que se limitam a observar. Em terceiro lugar dependem da apreensão dos processos de produção. Por último dos aspectos motivacionais.  

Bandura afirma que as pessoas são produto do meio, mas também tem a capacidade de o escolher e alterar, num processo em que a aprendizagem jogo um papel fundamental. 

7. Factores de Aprendizagem. Inteligência. Motivação. Aprendizagens Anteriores. Reforços. Factores Sociais.

 

  Carlos Fontes
 

Para nos contactarcarlos.fontes@sapo.pt

 

 





 

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