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Aprendizagem e Memória
Não há aprendizagem sem
memória, nem sequer uma actividade cerebral minimamente estruturada. Quando dizemos que
aprendemos ou sabemos algo, queremos dizer fixamos os conteúdos ou as
operações que acabamos de adquirir na memória. Neste sentido saber ou
aprender é um processo que começa numa percepção, uma instrução verbal, um
gesto repetido e termina na memória, que armazena a informação para uma
possível utilização futura.
Sem memória não
existiria, por exemplo, linguagem. Nos seres humanos, a maioria das
aprendizagens mais complexas, faz-se em grande parte através de processos
verbais. As palavras funcionam como estimulos-respostas. Na própria
aprendizagem prática, por exemplo, o conserto de uma máquina, depende de
instruções verbais.
1. Conceito de Aprendizagem
"Aprendizagem: modificação
adaptativa do comportamento ao longo de repetidas provas", Henri Piéron,
Vocabulário de Psicologia.
A palavra aprendizagem deriva da
palavra latina "apprehendere" que significa adquirir o conhecimento de
uma arte, ofício ou outra coisa através do estudo ou da experiência.
Entendemos por aprendizagem o conjunto
de processos através dos quais fazemos nossos uma série de conhecimentos,
conceitos, habilidades, etc. A aprendizagem implica em geral uma mudança de
comportamento através de experiências práticas. Só consideramos que houve
uma aprendizagem, se as mudanças
provocadas pela mesma forem relativamente permanentes.
Para que possam ocorrer processos
de aprendizagem ocorram, é necessário que o organismo tenha atingido um grau
desenvolvimento adequado aos mesmos.
A aprendizagem implica um
comportamento activo do sujeito:
"A leitura passiva dos
apontamentos ou do livro não é garantia de que se está a aprender qualquer
coisa. A aprendizagem exige atenção e repetição do que está a
aprender-se; significa recordar informações relevantes, captar
princípios, memorizar os factos-chaves, fazer perguntas e
responder-lhes, em suma, estudar" , H. Kendler,ob.cit,
Vol.I,p.589.
"Muitas vezes, os alunos tentam
tirar apontamentos pormenorizados das lições ou de leituras
aconselhadas sem compreenderem o seu conteúdo. Depois de os lerem,
ficam às escuras no que respeita aos princípios da lição ou das
leituras. Fariam melhor tentar compreender o que foi dito e tomar notas
das ideias principais. Compreender em primeiro lugar, tirar apontamentos
pertinentes, e repetir mais tarde, são coisas que favorecem a
retenção", idem, p.622. |
2. Tipos de Aprendizagem.
Habituação, Sensitização, Associação, Condicionamento, Ensaios-erros,
Instintiva, Observação-Imitação, Impregnação, Recurso a Símbolos e
Representações, etc.
-Habituação. Aprender a não reagir a
determinados estímulos, por força da sobre-exposição aos mesmos.
- Sensitização. Aprender a reagir a
determinados.
- Associação. Aprender a associar a certos
estímulos respostas especificas (condicionamento clássico e condicionamento
operante).
3. Teorias de Aprendizagem
As diferentes teorias de
aprendizagem, podem ser divididas em dois grandes grupos, de acordo com a
importância que atribuem ao sujeito:
Aprendizagem Passiva.
Os estímulos externos são os responsáveis pelas transformações nas
vivências e comportamentos do indivíduo, sem que este faça alguma coisa por
remover os obstáculos ou resolver os problemas. A forma mais importante deste
tipo de aprendizagem é o condicionamento clássico (Pavlov, Watson).
Aprendizagem instrumental
ou operante. As
aquisições que originam as mudanças de comportamento dependem da actividade
do sujeito. Este tipo de aprendizagem pode realizar-se de múltiplas formas:
ensaios-erro, condicionamento operante, etc,
3.1. Teorias Behavioristas
O behaviorismo domina, desde a
1ª. Guerra Mundial (1914-1918), as pesquisas sobre a psicologia da
aprendizagem.
3.1.1. Condicionamento Clássico.
Pavlov. Watson. Na sua formação
inicial (Watson), a aprendizagem é uma modificação do comportamento provocado
por um estimulo neutro que normalmente não origina essa resposta. A aprendizagem implica uma
conexão necessária entre estímulos e respostas. Aprender é adquirir reflexos
condicionados entre estímulos e respostas, e perceber a sua conexão. Mais
3.1.2. Condicionamento Operante ou Experimental.
Thorndike. Skinner. Esta
perspectiva é alterada por Skinner que trouxe para a pedagogia importantes
contributos. A aprendizagem pode ser obtida pela utilização de recompensas,
denominados "reforços positivos" e por punições denominados
"reforços negativos". O indivíduo adopta um comportamento que lhe
permite evitar os reforços negativos e aumentar as probabilidades de conseguir
reforços positivos. Este processo de aprendizagem denomina-se
"condicionamento operante".
3.2. Teoria da Moldagem.
Processo de ensino de situações complexas através da recompensa das
aproximações sucessivas ao comportamento desejado. Qualquer comportamento,
ainda que diferente do desejado, é reforçado desde o inicio. Depois,
reforçam-se apenas as respostas que estão mais próximas das desejadas, e no
final apenas se reforçam estas. O processo é gradual, permitindo à pessoa
associar o novo passo ao comportamento aprendido.
4. Teoria da Psicologia da Forma.
Mais
5. Teoria da Psicologia Cognitiva.
O cognitivismo surgiu como resposta aos excessos do comportamentalismo. Sem
negar os processos de
condicionamento clássico e operante, esta abordagem coloca em evidência os
processos mentais que ocorrem durante a aprendizagem, e que ultrapassam a
relação mecânica estímulo-resposta. Assume-se como o herdeiro da psicologia
funcionalista americana, em particular, pelo interesse em explicar os processos
mentais de acordo com a sua função adaptativa.
5.1. Aprendizagem
Significativa (David P. Ausubel).
Abordagem cognitiva supõe que os objectivos de uma sequência de ensino, se
encontram definidos por conteúdos que se aprenderam e pelo nível de
aprendizagem que se pretende atingir. Na perspectiva de Ausubel é necessário
aquilo que o aluno está a aprender faça algum sentido para ele, a nova
informação deve interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes
na estrutura cognitiva do aluno. Neste sentido para que a aprendizagem ocorra
com sucesso é necessário:
- Preparar o aluno, inquirindo
sobre os seus saberes prévios, os quais podem favorecer ou constituir um
obstáculo à aprendizagem;
- Activar conhecimentos prévios
aos apresentar os novos conteúdos;
- Estimular a integração e a
transferência da informação adquirida.
5.2. Teoria Sócio-Interacionista
(Lev S. Vygotsky ). Mais
5.3. Teoria da Psicologia Genética (Jean Piaget
). No processo de adaptação do ser
humano ao meio, este não se limita a reagir aos estímulos externos, mas age
sobre eles para construir e organizar o conhecimento. O processo é gradual e
comporta várias fases. A aquisição de novos conhecimentos assente em dois
processos: assimilação e acomodação. O material a assimilar
carece de um esquema. Quando o material a assimilar se revela incompatível com
o esquema anterior, cria-se na interacção entre o individuo e o meio, um novo
esquema, o qual possibilitará acomodar os novos conhecimentos. O novo esquema
será ampliado à medida em que o indivíduo estabelece novas relações com seu
meio, através de um processo cada vez mais complexo de equilibração. Mais
5.4. Instrumentalismo
Evolucionista (Jerome
Bruner).
Nesta obordagem, muito próxima do construtivismo de Jean Piaget, dá-se grande
maior importância à cultura, linguagem e às técnicas. A aprendizagem é um
processo activo, no qual os alunos constroem novos conceitos, tendo por base
conhecimentos já adquiridos. A aprendizagem
é assim um processo interno integração e organização das representações.
Neste processo a criança passa por várias fases, as quais podem ser aceleradas
através de um ambiente social e tecnologicamente estimulante.
6. Teoria da Aprendizagem
social ou observacional (
Albert Bandura )
Este tipo de aprendizagem tem muitas
denominações: aprendizagem por modelos, aprendizagem por modelação,
aprendizagem por imitação, aprendizagem vicarial, aprendizagem social, etc. Ao
longo a história da humanidade tem sido o mais seguido e referido. O início do
seu estudo sistemático deve-se a Neal Miller y John Dollard (1941),
que demonstraram que a imitação era em grande parte resultado de uma conduta
aprendida. Aprende-se a aprender imitando outros (modelos). A. Bandura (1977)
foi que popularizou a teoria da aprendizagem social. O processo que não se confina
ao ambiente escolar, mas envolve todas as vivências sociais. Somos moldados pelo nosso
pensamento, as regras sociais e por aquilo que aprendemos dos nossos
modelos. A aprendizagem social designa
três processos de aquisição:
- Aprendizagem imitativa ou
vicarial. Aprendemos
pela experiência e a observação do comportamento dos outros. Não utilizamos
tudo aquilo que aprendemos, preferimos o que nos traz recompensas e é
considerado aceitável pela sociedade em que vivemos. As consequências
observadas de uma dada conduta, possuem um efeito inibidor ou desinibinador
sobre o observador nesta aprendizagem.
A aprendizagem pode ocorrer sem qualquer reforço
(recompensa). No entanto a criança sente-se mais disposta a fazer certa
actividade, se a pessoa que a praticou tiver sido pela mesma objecto de
elogios. Bandura designa este reforço de vicariante, uma vez que não se trata
de um reforço da acção da aprendizagem, mas em que o observador se limita a
testemunhar o reforço.
- Facilitação Social.
O observador, para conseguir uma melhor aceitação social, pode evocar uma
resposta que não estava previamente inibida. Exemplo: alguém que abandonou a
sua aldeia quando criança, quando volta à mesma em adulto retoma, num curto
espaço de tempo, hábitos e maneiras de falar que aprendera ou testemunhara
quando criança. O desempenho de
certas tarefas já aprendidas tende a melhorar quando a
pessoa se sente observada por outras pessoas.
- Antecipação Cognitiva.
O individuo tende a encontrar a resposta a uma nova situação, a partir da
avaliação ou consideração de respostas anteriores. Estes julgamentos tem por
base nas suas próprias experiências (êxitos ou fracassos) , mas também nas
que observou em outros. Os seus julgamentos acabam resultar em crenças sobre as
suas capacidades, influenciando de modo decisivo o seu empenha na aprendizagem e
na forma como enfrenta os obstáculos.
A aprendizagem observacional depende em primeiro
lugar da atenção do observador das actividades ou demonstrações do modelo (o
que pratica a acção). Em segundo lugar dependem da codificação simbólica e
respectiva retenção. Os observadores que transformam a actividade observada em
códigos verbais ou imagens aprendem ou retém a informação muito melhor, do
que aqueles que se limitam a observar. Em terceiro lugar dependem da apreensão
dos processos de produção. Por último dos aspectos motivacionais.
Bandura afirma que as pessoas são produto do
meio, mas também tem a capacidade de o escolher e alterar, num processo em que
a aprendizagem jogo um papel fundamental.
7. Factores de Aprendizagem.
Inteligência. Motivação.
Aprendizagens Anteriores. Reforços. Factores Sociais.
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