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"Denkpartner" , por Hans-Jörg Limbach (1980)
1. A
filosofia pode ser definida como um actividade intelectual que procura
analisar, compreender e dar respostas para aos enigmas e problemas com que se debate a
humanidade e aos quais a ciência não dá resposta .
Cada
filósofo sobre estes problemas formula os seus pontos de vista, produzindo
afirmações ( teses, teorias) sustentadas num conjunto de razões (argumentos
) credíveis, isto é, susceptíveis de convencer as pessoas da verdade das
suas conclusões.
2.
A filosofia é nesta perspectiva também uma actividade argumentativa,
envolvendo estratégias de persuasão de um dado auditório (os destinatários
dos discursos produzidos).
3.
Num discurso filosófico podemos encontrar os seguintes elementos: Problema/Questão, Tese, Argumentos,
Contra-Argumentos, Refutação dos Contra-Argumentos, Conclusão.
Problema:
O enigma que se procura encontrar uma resposta.
Exemplo:
O que é a realidade ?
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Questão:
Uma forma particular de formular o problema de modo a que o mesmo possa ser
abordado, numa dada perspectiva. A formulação da questão acaba assim por
evidenciar alguns aspectos do problema, secundarizando outros. Alguns autores
não fazem qualquer distinção entre problema e questão.
Exemplo:
A realidade pode reduzir-se apenas ao que vemos ?
Tese:
A resposta ou hipótese explicativa sobre um determinado problema. A tese, em certo
sentido, coincide com a conclusão.
Teoria.
Uma tese apresentada de uma forma coerente e apoiada num conjunto de
argumentos convincentes da sua verdade.
Argumentos:
Razões que fundamentam a tese e nos conduzem a admitir uma dada conclusão
(tese/teoria).
Contra-argumentos:
As razões que podem ser apontadas para desmentirem as afirmações
apresentadas.
Refutação:
As razões que podem ser indicadas para mostrar que os contra-argumentos são
inconsistentes para negarem as teses/eorias.
Conclusão:
As respostas a que teremos que chegar tendo em conta a validade dos argumentos
apresentados, assim como os raciocínios efectuados.
4.
Na defesa de uma dada tese, podemos produzir três tipos fundamentais
argumentos, de acordo como o modo como raciocinamos.
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Argumentos dedutivos : A
partir de premissas (afirmações, argumentos) é deduzida uma dada conclusão
que se apresenta como necessária e válida. Se as premissas forem verdadeiras
e o raciocínio for correcto, então a conclusão será também verdadeira.
Exemplos:
Todos
os homens são mortais
Os
gregos são homens
Logo,
os gregos são mortais
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É
verdade tudo penso de forma clara e distinta
Penso
de forma clara e distinta que a existência pertence à essência de Deus
Logo,
é verdade que Deus Existe.
(adaptado
de Descartes)
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Argumentos
indutivos : A partir de conjunto de premissas particulares induzimos uma
conclusão mais geral que se apresenta como logicamente possível, provável
mas não necessária..
Exemplos:
A
Helena pertence a uma Associação de Defesa do Meio Ambiente
A
maioria das pessoas que pertencem a tal associação opõe-se à destruição
de um jardim no Bairro Alvalade
Logo,
Helena vai opor-se à destruição deste jardim no bairro de Alvalade
(Lisboa).
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"Outrora
as mulheres casavam-se muito novas. A Julieta da peça Romeu e Julieta, de
Shakespeare, ainda não tinha 14 anos. Na Idade Média, 13 anos era a idade
normal de casamento para uma rapariga judia. E durante o Império Romano
muitas mulheres casavam aos 13 anos, ou mesmo mais novas". (A. Weston, A
Arte de Argumentar).
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Durante
séculos inúmeras observações e experiências nunca desmentiram esta
afirmação
Nunca
se encontrou algo que a sugerisse que a mesma pudesse ser falsa
Logo,
temos que concluir que a mesma é uma verdade absoluta.
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Argumentos analógicos : Com
base em duas ou mais premissas estabelecemos relações de semelhança entre
elas, procuramos extrair uma conclusão que se apresenta como logicamente
possível, provável mas não necessária.
Exemplo:
Colhe-se o que se
semeia. Se plantarmos amoras, colhemos amoras. Se plantarmos cebolas obtemos
cebolas. Do mesmo modo quem semeia a guerra não pode esperar obter paz,
justiça e fraternidade (adpt de W.Salmon).
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