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História da Formação Profissional e da Educação em Portugal

Carlos Fontes

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Idade Contemporânea - (Séc.XIX)

Ensino para Deficientes

No quadro da função assistencial e filantrópica a que o século XIX se devotou com desvelo[1], os deficientes tiveram também um lugar próprio, os surdos- mudos e os cegos foram pela primeira vez contemplados com acções de formação profissional.

Lisboa, como capital,  tem naturalmente a predominância destes estabelecimentos, seguindo-se o Porto e Castelo de Vide.

A primeira escola para deficientes -Surdos - Mudos -, foi criada em 1823 por D. João VI, nos arredores de Lisboa. Para o efeito foram mandados vir da Suécia professores, que aqui desenvolveram o ensino de desenho e artes mecânicas. Em 1834 esta Escola foi incorporada na Casa Pia, sendo em 1860 extinta.

Em 1848 surgia o Asilo dos Cegos de Lisboa, ficando instalado no Convento dos Cardais. A iniciativa ficou a dever-se á Viscondessa de Valmor.

Em 1863 , João Diogo Zuzarte da Sequeira Sameiro,  fundava um Asilo para Cegos em Castelo de Vide, que ficou instalado no antigo Convento de S. Francisco desta Vila. Ensinava-se aqui a ler pelo sistema de Braile, assim como se davam aulas de musica. A Escola constituiu mesmo uma orquestra que abrilhantava as festas locais. Para além desta actividades actividade, outras de carácter profissional procuravam reunir meios para a manutenção do Asilo , assim como serviam para dar aos cegos meios da sua própria subsistência. O numero de Asilados oscilou durante dezenas de anos entre os 60 e os 70 cegos, mas em 1924 apenas já contava com 24 [2].

Em 1873, o Pe. Aguilar mantém em Guimarães, um Instituto de Surdos- mudos, mas que se vê obrigado a fechar em 1876 por falta de verbas. Em 1877 procurou  relançar este projecto no Porto, criando aí um colégio similar, mas que tem que fechar pouco depois por falta de verbas.

Em 1888 fundava-se O Asilo-Escola António Feliciano Castilho, por acção de dois beneméritos, a Madame Sigaud Souto e Fernando Palha. De inicio este Asilo era muito modesto, devido á falta de instalações. A 14 de Junho de 1912 mudou-se para um novo edifício em Campo de Ourique, prosseguindo então uma vasta e importante obra a favor dos cegos. O espírito do Asilo era assim traduzido por um dos seus directores: "Não basta, porém ensinar e albergar os cegos na infância; é também necessário proporcionar-lhes os meios de, pelo trabalho , se tornarem independentes"[3]. Neste espírito o Asilo procurou da instrução dos cegos, ministrava o ensino de musica, criando-se mesmo uma orquestra que actuava com assinalável êxito em festas. Muitos músicos saídos deste Asilo, adquiriam assim os meios da sua própria subsistência. No inicio dos anos 30, para além do ensino musical ( piano e instrumentos de corda), os cegos podiam prosseguir os seus estudos no Conservatório de Lisboa, aprendiam o oficio de "afinação de pianos", "massagem médica e estética", assim como "dactilografia".

Em 1893  por iniciativa da Misericórdia do Porto será criado o Instituto para Educação de Surdos - Mudos Araújo Porto, no Largo da Paz, junto á Rua da Cedofeita. Em Outubro de 1899  esta Misericórdia funda o Asilo de Cegos de S. Manuel.


Em construção !

  Carlos Fontes

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Notas

1] Veja-se D. Anónio da Costa: História da Instrução Popular em Portugal,

[2] P. M. Laranjo Coelho, O Asilo de Cegos de Castelo Vide. 1924.

[3] Associação Promotora do Ensino de Cegos -- Asilo Escola António Feliciano de Castilho. 1931. Lisboa.