. História da Formação Profissional e da Educação em Portugal Carlos Fontes |
Idade Moderna - I Reais Fábricas Durante a regência (1668-1683) e reinado de D. Pedro II (1683-1706), após a longa guerra de restauração da independência com a Espanha (1640-1668), como vimos, entre 1675 e 1703 surgiram as primeiras iniciativas para criação de "reais fábricas". O Conde da Ericeira - Luís de Meneses (1632-1690), vedor da Fazenda da repartição dos Armazéns e Armadas (1675-1690), baseando-se em discussões e estudos de Duarte Ribeiro de Macedo (embaixador de Portugal em França), Monteiro Paim e outros defendeu a necessidade de uma política de industrialização à semelhança da que estava a ser posta em prática em França. Os objectivos eram sinteticamente os seguintes: 1. Equilibrar a balança comercial. Asfixiada pela posição monopolista que haviam adquirido os comerciantes ingleses, holandeses e alemães aos quais Portugal se vira forçado a recorrer para vencer o bloqueio comercial, diplomático e militar da Espanha. Estes comerciantes que desfrutavam de inúmeros privilégios opunham-se ao desenvolvimento da industria em Portugal; 2. Substituição das importações de produtos de luxo por produtos nacionais. Para proteger esta incipiente produção nacional foram limitadas as importações através de pragmáticas, como a de 1677 que proibiu o uso de panos, chapéus, cintos, boldriés e talins estrangeiros. Para apoiar estas iniciativas a moeda foi desvalorizada e tomadas um conjunto de medidas protecionista (pragmáticas); Apesar de todas as resistências, o Conde da Ericeira, com o apoio de D. Pedro II, tomou a iniciativa régia criar as manufacturas para a produção de artigos não apenas para militares. Apostou em quatro áreas fundamentais: a) Fabrico de Tecidos. Mandou vir de tecelões e fiandeiros de Inglaterra para instalar uma manufactura de tecidos de algodão em Lisboa. No recrutamento de artífices ingleses contou, por volta de 1680, com a colaboração de Luis de Vasconcelos e Sousa (1636-1720), 3º. Conde Castelo Melhor, em Inglaterra. Criou duas manufacturas para o fabrico de tecidos de lã, uma na Covilhã e outra em Castelo de Vide. A mão-de-obra foi recrutada entre os artifíces da região de Coimbra. Foram também criadas outras unidades produtivas, de menor dimensão no Redondo, Portalegre e Estremoz (1671) (Alentejo). A localização das fábricas na Beira Interior e Alto Alentejo procurava tirar partido de uma longa tradição local de fiação e tecelagem da lã, estimulando a sua concentração e renovação (1). Para facilitar o escoamento da produção do interior para o litoral em Lisboa foram abertos dois armazéns. O Conde de Ericeira, como refere Borges de Macedo, procurava produzir em Portugal sarjas e baetas (panos de lã) que eram importados em grande quantidade de Inglaterra. O certo é que estas fábricas passaram a suprir as necessidades de tecidos para os fardamentos do exercito e da marinha. b) Fábrica de Vidros (ditos de Veneza). Instalou-se uma fábrica em Lisboa (1671/2). c) Fabrico de Sedas. Apoiou também a produção de seda através da plantação de amoreiras e incentivos à criação de bichos da seda. Em 1678 mandou vir de Itália artífices experientes na fiação e tecelagem de sedas. d) Curtumes. A indústria de curtumes, com base na matéria prima vinda do Brasil sofreu um forte incremento. Proibiu a importação dos couros ingleses. Os problemas mais graves que enfrentou esta iniciativa foram para além da forte oposição dos comerciantes ingleses e holandeses, a adaptação ao país dos artífices estrangeiros, o escoamento da sua produção e os padrões dos produtos de algumas destas manufacturas que denotavam um gosto provinciano. Esta iniciativa sofreram um forte revés, primeiro com o êxito da exportação do vinho do Porto para Inglaterra (1680) e sobretudo a descoberta do ouro do Brasil (1696) que vieram resolver o grave problema dos pagamento das importações. A principal razão porque o Estado havia apoiado a criação das "reais fábricas". Depois a assinatura do Tratado de Methwen (1703) ao abrir as portas à livre entrada dos texteis ingleses, consagrava o abandono dos incentivos ao desenvolvimento da industria que pioneira da Revolução Industrial. Em Construção ! Carlos Fontes |
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