.

História da Formação Profissional e da Educação em Portugal

Carlos Fontes

Inicio . Anterior . Próximo

Idade Contemporânea - 3ª. República (1974-1986)

Centros de Formação Profissional 

1. Centros de Gestão Directa do MT / DSFP

No inicio de 1975, ocorre um movimento reivindicativo no interior das estruturas dos Centros de Formação, que abrirá uma ruptura profunda no desenvolvimento da formação até ai ministrada. " Um grupo de 15 estagiários resolveu encabeçar um movimento no Centro n.1 em Lisboa, que rapidamente se espalhou aos Cetros de Venda Nova, Alverca, Seixal e Coimbra. Apresentaram um caderno reivindicativo ao Ministério do Trabalho  em que exigiam sindicalização, garantia de emprego no final do curso e no caso de isso não ser possível, que lhes fosse atribuído um subsidio de sobrevivência.

Entretanto e até que a resposta chegasse, estagiários ocuparam as salas de cursos e fizeram sair comunicados ( ... ) onde se dizia que a formação  profissional "Não tem sido mais do que um vi-veiro de tachos" ( A Formação de Adultos, Ant. Mão de Ferro ). Estes incidentes, geraram diversas manifestações contraditórias que durante alguns anos se irão reflectir no "quase abandono" na formação profissional entre nós.

a ) Organização da Formação

A formação ministrada, malgrado a turbulência própria e justificada deste periodo continuou a prosseguir nos moldes da "FPA", pouco se alterando nos seus métodos.    

b ) Formandos

Apesar dos elevados custos dos centros o número de formandos foi sempre diminuto, com tendências para diminuir: 1975: 1620; 1976: 1502;1977: 1179; 1978: 1140;1979:  1280;1980: 1250

As mudanças pós-25 de Abril de 1974 foram para o tempo férteis de contestação ao sistemas instituídos. A "FPA " tornou-se para muitos o símbolo da formação profissional do antigo regime. O desfasamento já verificado na formação que era ministrada e as necessidades do pais ajudaram a desacreditar rapidamente uma "metodologia" de formação. A grande questão não foi estudar um melhor ajustamento entre as necessidades e as ofertas de formação, mas sim mudar. Mas para que ? Neste ponto as interrogações eram enormes, e as tentativas sempre falhadas foram inúmeras. 

Em 1977, com o patrocínio das Nações Unidas vem a Portugal uma missão com o objectivo de divulgar uma nova metodologia : a formação modular. Esta metodologia em termos teóricos oferecia algumas vantagens importantes:

- Os formandos tinham a possibilidade de passar de um curso para outros, sem terem que voltar ao principio, através de um sistema de unidades que podiam ser capitalizaveis. Deste modo possibilitava-se igualmente uma formação de aperfeiçoamento dirigida  aos pontos especifícos em que o formando ( o trabalhador ) manifestava maiores carências, sem ter que seguir o longo percurso da FPA.

-  A formação modular possibilitava a auto-formação, no que exigia adequados recursos didacticos. Este sistema podia assim facilmente articular-se com uma estrutura de formação á distancia.

De acordo com a situação especifica de cada formando, assim para uma mesma actividade ou profissão podiam ser seleccionados determinados módulos. O percurso formativo tinha assim a hipóteses de ser individualizado.

Contudo, será necessário esperar pelos anos oitenta, para que a questão volte a ser discutida e, após anos de trabalho infrutífero abandonada.

1.1. Rede de Centros de Formação

, Caldas da Rainha, Castelo  Branco, Chaves, Guimarães, Leiria, Portalegre, Portimão, São João da Madeira, Santo Tirso, Setúbal, Tomar,  Viana do Castelo, Vila Franca de Xira, V. R. de St. Antonio. 

1972: 38 Centros. Para além dos anteriores, surgiram novos centros em Abrantes, Amadora, Angra do Heroísmo, Bragança, Figueira da Foz, Guarda, Lamego, Moscavide, Torres Vedras, Viseu.

1974: 46 Centros. Foram criados novos centros em Alcoitão (Centro de Avaliação e Reabilitação Profissional ), Cascais, Famalicão, Faro, Matosinhos, Povoa do Varzim, Sines, Torres Novas, Vila Nova de Gaia.

 

2. Centros Protocolares

Após o 25 de Abril de 1974 os Centros Protocolares  atravessam uma profunda crise dificil de equacionar: Os antigos grémios estavam em profunda mudança, assim como os sindicatos, e claro o FDMO...  Mudanças a mais para se poder fixar qualquer protocolo. Entre1975 e 1980, apenas ficaram  em  funcionamento quatro centros protocolares, dos oito existentes. 

          1. O Centro da Industria da Madeira  ( Ramalde- Porto ), em 1981 transforma-se no actual Centro de Gestão Participada do sector das madeiras.           

          2. O centro da Industria do calçado ( S. João da Madeira ), transforma-se em 1981 no Centro protocolar da industria do Calçado.

          3.  O Centro da Industria Electrica ( Lisboa ), extingue a sua actividade em 1976.  

          4. O Centro dos Caminhos de Ferro (  CP - Caminhos de Ferro ), no Entroncamento.

          5. O Centro de Panificação , prosseguiu a sua actividade até 1980, estando na base do futuro  Centro Alimentar. Sobre este centro de escrevia anos depois Rodrigues Correia, director do Centro Alimentar: "A Escola de Panificação de Lisboa (...) deixara de proceder a qualquer tipo de formação para jovens e se dedicava ao apoio ás empresas , e só a empresas fora de Lisboa ( no Norte, concretamente), o que , no minimo era caricato" . ( in, Semanário, supl.Alimentação,22 de Março de 1986).   

          6. O Centro de Pastelaria , foi desactivado em grande  parte devido á crise do sector.       

          7. O Centro da industria dos vidros ( Marinha Grande ), acompanhou a crise do sector, e ficou  à espera dos resultados da Comissão encarregada de definir o plano de reorganização do sector.

          8.  O Centro de Lanificios ( Seia ), foi abalado pela crise nos lanificios. No curso de Cerzidos, apenas registava 21 formados em 1975.

A pouca expressão destes Centros Protocolares reflecte a crise profunda que atravessa toda a estrutura económica do país, não são um caso particular.

 

 3. Ensino por Correspondência

Em Portugal, nos anos 60 do século XX, várias entidades promoviam cursos por correspondência, como a firma Alvaro Torrão, nas áreas da electricidade e rádio..  

O IEFP, em 1980, registava 522 formados em cursos por correspondência, nas áreas de contabilidade e fiscalidade. O C.F.P. do Sector Terciário, em 1983, promovia também vários cursos por correspondência. 

O ensino por correspondência nasceu na Alemanha no século XIX, mas será nos EUA que irá constituir um dos meios mais poderosos na educação de adultos. Entre os pioneiros neste pais, destacam-se William Rainey Harper ( fundador e primeiro presidente da Univesidade de Chicago ), e o prof. William L. Lighty, primeiro director de Estudos por Correspondencia da Universidade de Wisconsin. Em 1891 e 1892, o corpo de professores da Universidade de Wisconsin e Chicago, introduzem o método de ensino por correspondência no ensino destas universidades. Muitas outras universidades prosseguiram esta iniciativa pioneira, como uma forma de extensão universitária para as camadas mais desfavorecidas da população.

O aparecimento da televisão, como vimos, possibilitou, o desenvolvimento do chamando "ensino a distância".

Em construção !

  Carlos Fontes

Navegando na Educação

Notas: