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História da Formação Profissional e Educação em Portugal

Carlos Fontes

 

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Período Medieval

Segredos Profissionais

Uma concepção iniciática das profissões valorizou durante a Idade Média, o carácter fechado de oficios como os pedreiros ( ou construtores), os pintores e os escultores. Percorrendo a Europa de lés a lés, fabricando sés ou catedrais estes mestres, sem pátria, seriam os herdeiros de um saber milenário que só o revelarão através de ritos iniciáticos. A aprendizagem de um oficio seria assim uma longa iniciação a segredos milenares.

No eixo central destas profissões estão os ofícios ligados á arquitectura. Aqui as relações entre o sagrado e o profano são intensamente vividas por mestres e aprendizes destes ofícios. Alguns autores sustentam que já desde o período carolíngio, existiriam organizações religiosas e corporativas de características iniciáticas: "Isolados nas suas cabanas, estes pedreiros e canteiros das catedrais agrupam-se em sociedades herméticas que só admitem membros de uma mesma profissão"[1].Fechados ao mundo profano, unidos por a sacralidade de uma dada arte, cujas origem divina é frequentemente reclamada, estes "irmãos" submetem-se a cerimónias e ritos próprios , em busca de um saber que ao nível de uma iniciação profissional, reconstrói perspectivas cósmicas mais amplas.[2]

"Os arquitectos medievais apreciavam de forma especial a ciência dos números, resultante directamente da liturgia pitagórica que tomou suas referencias no Egipto. Os "Cónegos de Pitágoras", segundo o nome que o Abade Ledit deu a estes mestres de obra da Idade Média, não esqueceram nunca as regras de ouro dos construtores egípcios sem as quis não é possível nenhuma harmonia arquitectónica. Egipto que presidiu também á elaboração das liturgias hebraicas e gregas que passaram á cristandade, as primeiras directamente, as segundas por intermédio de Bizâncio"[3].

Uma vasta literatura de carácter iniciático tem procurado por em evidencia a passagem deste saber ao longo dos séculos, para organizações como a Maçonaria, que seria a herdeira por excelência da "Obra" dos grandes construtores.

Inúmeros estudos, onde a sugestão conta mais do que a precisão dos factos, tem procurado mostrar como em muitas obras este saber, se expressa em monumentos como a Charola dos Templários em Tomar, os Jerónimos ,o Convento de Mafra, ou em obras de talha ( Carruagens de D. João V),etc. O tema tem sido sempre estranhamente actual ao nível da arte.

Carlos Fontes

Navegando na Educação

Notas:

1]. L. (1) Benoist, L Ésoterisme, Presses Universitaire de France, Paris. 1975.

(2 )Mario Dal Pra, "Trabalho", in, Enciclopédia Einaudi, vol.18, pag.240.

 (3 ) Christian Jacq y François Brunier, El Mensaje de los Construtores de Catedrais, Plaza & Janes, SA.Barcelona.1981.