O período de dominação espanhola (1580-1640) foi uma
verdadeira catástrofe para Portugal. O seu império mundial, com excepção de
alguns territórios ultramarinos, desagregou-se. A rede de comercial
internacional que havia sido criada nos séculos XV-XVI desapareceu. A Inquisição
foi reforçada, instalando-se uma mentalidade fechada e avessa à inovação. A
pobreza e o saques do património generalizaram-se. As revoltas sucediam-se por
todo o país. Depois da restauração da independência, em 1640, sucedeu-se uma
longa guerra contra a Espanha (1640-1668), que consumiu grande parte dos
recursos disponíveis. A Santa Sé só em 1669 reconheceu a independência de
Portugal (papa Clemente IX). As esperanças do país foram colocadas no Brasil, de
cujos recursos passou a ficar cada vez mais dependente. A descoberta de ouro no
Brasil em finais do século XVII (Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Goiás)
permitiu-lhe afirmar-se no plano internacional, consolidando a aliança histórica
com a Inglaterra.
A produção de cópias manuscritas de livros e documentos,
nomeadamente nos mosteiros masculinos e femininos (1),
continua a ser muito significativa, estendendo-se às colónias de Portugal, em
particular ao Brasil. A arte da iluminura persiste, adquirindo certa
especialização no desenho das letras, acompanhado o gosto (barroco) da
época.
A produção de obras manuscrita destinadas a orações e
canto nas igrejas dos mosteiros conheceu neste período uma enorme difusão
por todo o país e colónias.
Mosteiro de S. Bento de Cástris, Évora
CONDE, Maria Antónia - Do claustro ao século: o canto e a
escrita no Mosteiro de S. Bento de Cástris, de Évora. CESNOVA.FSCH-UNL
Livros Litúrgicos
Missal Pontifical (1622), em
pergaminho, realizado por Estêvão Gonçalves Neto,
abade de Santa Maria Madalena de Cerejo (Pinhel),
para
o bispo de Viseu, João Manuel.
a) Missais
Missal
Pontifical de Estevão Gonçalves Neto
GONÇALVES,J. Cardoso
-Uma Jóia da Iluminura Portuguesa: O Missal Pontifical de Estevão Gonçalves
Neto.
Marcos da Arte Portuguesa,
Pub. Alfa, Lisboa, 1986, n.º 77.
Livro de Missas Prima. Sé de Viseu
b) Pontificais
Canon Missae Pontificalis, com as armas da família Lencastre.
Pertencente à Santa Casa
da Misericórdia de Lisboa.
c) Evangelhos
-
Livro dos Evangelhos do Santo Oficío da Inquisição(1608). ANTT
d) Livros de Coro
Os séculos XVII e XVIII são por excelência os grandes períodos da
musica coral nas igrejas, tendo sido produzido uma enorme quantidade de livros
impressos e manuscritos (iluminados).
Compromissos de Irmandades
- Compromisso dos pescadores de
Alfama (1606)
Albino Lapa - Compromisso dos
Pescadores, Lisboa, 1953
PEREIRA, Isaías da Rosa - Inventário Provisório do Arquivo da
Cúria Patriarcal de Lisboa, in Lusitania Sacra, p.313
- Compromisso da Irmandade de S. Lucas (1609. Iluminador
Eugénio Frias Serrão.
Heraldica Thesouro de
Nobreza (1675)
Livros Científicos
Só recentemente se iniciou o estudo sistemático
em Portugal, do enormíssima acervo de manuscritos de literatura científica que
existem nas nossas bibliotecas, arquivos e outras instituições públicas ou
privadas. Era frequentemente através de
códices manuscritos que os conhecimentos científicos mais avançados ( e
polémicos) entre os séculos XVI e XVIII circulavam em Portugal. Se tivermos em
conta conta este facto poderemos perceber a importância cultural, científica e
artística destes manuscritos.
FALÓNIO, Simão -
Astrologia judiciaria / composta pello padre
Simão Fallonio, mestre da matematica no colegio da Companhia de Jhs de Santo
Antão ; escrita por Manuel da Costa. – Anno de 1640 (códice
COD. 4246, BNP)
a ilustração na colecção de códices da
Biblioteca Nacional.
Alguns manuscritos do século XVII e XVIII são verdadeiros
exercícios de caligrafia artística, como é o caso do "Ritual de Baptismo da
Igreja Católica" (séc. XVII), que pertence à Biblioteca Geral da Universidade de
Coimbra (ms.1099)
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