Carlos Fontes

 

 

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A Rússia Durante a IIª. Guerra Mundial

 

 
Tempos Turbulentos

A década de trinta do século XX, marca o triunfo das ditaduras na Europa: A Itália e Alemanha,  que reclamam novos territórios, uma nova partilha da Europa e do Mundo. Todos acabam por ser preparar para a guerra, quer seja para conquistarem novos territórios, quer seja para se defenderem.

A Rússia, devido ao seu regime comunista, constitui para todos os países uma ameaça pelo seu exemplo social: uma sociedade alegadamente igualitarista.

A Alemanha toma a dianteira anexa a Renânia (1936), a Austria (1938), Checoslováquia (1938-39), Boémia e Morávia (1939), Lituânia (1939). Após ter estabelecido um Pacto com a Rússia (1939), invade a Polónia (1/9/1939), levando a Grã-Bretanha e a França a declarar-lhe guerra.  A expansão da Alemanha torna-se imparável: conquista  a Noruega (1940), Dinamarca (1940), Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França (1940), Jugoslávia (1941), Grécia (1941), etc. 

A Rússia começa por encarar a Alemanha como uma aliada. As ideias expansionistas de Hitler agradam-lhe: derruba os "regimes democráticos e capitalistas ocidentais". A partir de 1939 passa a fornecer à Alemanha alimentos e matérias primas que Hitler necessita para a guerra, mas também se compromete a não interferir nas suas conquistas. Os críticos dos alemães são silenciados.

Em troca, os alemães asseguram que não irão interferir na sua expansão na Finlândia e na Polónia. Neste sentido, procura alargar a área de defesa da cidade de Leninegrado (São Petersburgo) no Golfo da Finlândia, ocupando territórios finlandeses. A 30/11/1938 invade a Finlândia, bombardeia Helsínquia, mas acaba derrotada. A guerra prossegue e a Finlândia acaba por ceder (12/3/1940).  Em 1939, os russos invadem também territórios no lesta da Polónia.

Invasão da Rússia

No dia 22 de Junho de 1941, na mais completa surpresa (?), a Alemanha invade a Rússia (Operação Barbarossa), começando por destruir a quase totalidade da força aérea russa estacionada nos aeródromos. Estaline, o ditador russo, não consegue reagir, de tal forma confiava em Hitler.

Numa "guerra-relâmpago", com base em forças motorizadas e em ataques aéreos, os alemães esperam aniquilar a Rússia em, com pouco mais de um mês.  Contam com mais de 3 milhões de soldados, avançando numa frente de combate de 2.900  km!

Os objectivos iniciais eram três: Conquista de Leningrado (Leninegrado, São Petersburgo), a segunda maior cidade do país; Ocupação da Ucrânia, o celeiro da Rússia, com importantes industrias; Conquista de Moscovo;

Conquista de Leningrado. Os alemães pelo sul e os finlandeses pelo norte, a 8/9/1941, atacam a cidade montando-lhe um cerco, mas não a conseguem conquistar. No interior ficam cercados 3 milhões de pessoas que resistem heroicamente aos invasores. Quando a cidade é libertada pelo exercito russo (27/1/1944), mais de 1,5 milhões de pessoas haviam morrido devido aos bombardeamentos, frio e cansaço.

Ocupação da Ucrânia. A ocupação da Ucrânia foi dos mais sangrentos acontecimentos da IIª. Guerra Mundial, mais de 14 milhões de pessoas foram mortas durante a guerra.

O primeiro território a ser totalmente ocupado foi a Bielorrússia em poucos dias. A destruição deste país foi devastadora, mais de 200 cidades e 9.200 aldeias foram queimadas ou destruídas.

Os alemães avançam  muito rapidamente por toda a Ucrânia dadas as características do terreno (plano), mas também porque em muitos lugares foram recebidos como libertadores. O regime comunista (soviético) fez aqui uma verdadeira chacina da população no princípio dos anos 30.

O avanço alemã parecia irresistível: Na Batalha de Kiev ( 23 agosto – 26 setembro 1941) fizeram mais de 600 mil prisioneiros. Hitler e Mussolini deslocaram-se à Ucrânia para saudarem a proeza.

Na verdade nunca chegaram ocuparam definitivamente todo o território: os russos montaram um eficaz sistema de guerrilha que atuava na retaguarda dos alemães, matando-os e destruindo o seu sistema militar. Os recursos que os alemães esperavam encontrar na Ucrânia não se concretizaram: as principais industrias foram deslocalizadas para outras partes da Rússia, os campos foram incendiados, numa rigorosa política de "Terra Queimada". Os alemães matavam e escravizavam sem cessar milhões de pessoas. A Ucrânia só foi completamente libertada em Outubro de 1944 pelo exercito russo.

Fotografia de Propaganda Alemã. Raparigas ucranianas, com trajes tradicionais, saúdam um major-geral alemão. 1942.

Conquista de Moscovo.  Os alemães em Agosto de 1941 conquista a cidade de Smolensk, e depois de várias hesitações, a 2/10/1941 lançam-se à conquista de Moscovo, tendo conseguido atingir os seus arredores. Com a chegada do Inverno, os russos com tropas frescas vinda da Sibéria, lançam um gigantesca contra-ofensiva, com novos tanques (T-34) e lança foguetes (Katyuska). A 7/1/1942 os alemães recuam entre 100 a 250 km. A operação acaba por ser cancelada, marcando a primeira grande derrota dos alemães na frente oriental.

Aliança Ocidental

Depois de anos e anos a combater os regimes democráticos ocidentais, como a Grã-Bretanha ou os EUA, a Rússia passa a considerá-los seus aliados, recebendo  dos mesmos ajuda para enfrentar os alemães...

Nova Ofensiva

Os alemães, seis meses depois terem invadido a Rússia, percebem que tinham desvalorizado o seu poder e sobretudo as suas dimensões (população, território, recursos). Nenhum dos objectivos que tinham traçado para a invasão haviam sido atingido. Hitler traça então para 1942,  novos objectivos: conquistar os recursos petrolíferos dos Caucaso.

Conquista de Stalingrado. Para cortarem o acesso dos russos ao Caucaso, em manda conquistar Stalingrado (antiga Volgogrado). A 17/7/1942 a cidade é alvo de uma enorme ofensiva alemã, envolvendo mais de 900 mil militares. Os bombardeamentos são contínuos. Combate-se casa a casa. Apesar de todo o seu poderio, a 2/2/1943, os alemães são obrigados a renderem-se.

A derrota dos alemães em Stalingrado abalou a confiança dos alemães, e acabou com o mito da sua invencibilidade.

Batalha de Kursk. Para recuperar a confiança do exercito, Hitler traça um novo objectivo: uma força militar constituída por mais de 4.500 tanques pretendia cercar e capturar mais de um milhão de soldados russos, e conquistar várias cidades. Os russos conhecedores dos planos dos alemães preparam um vasto sistema defensivo  ao longo de 5.600 km. A batalha começou a 5 Julho de 1943 terminou 18 dias, com mais uma enorme derrota dos alemães que batem em retirada. A partir daqui as tropas russas tomam a iniciativa de combate, só terminará em Berlim.

Bandeira da Rússia (URSS) sobre o Reichstag em Berlim, 1945

Rendição de Berlim

Aos alemães no inicio de 1945 pouco mais restava do que tentarem negociar a sua rendição, algo que o regime nazi se recusava a aceitar. Entretanto as forças russas preparam-se para conquistarem Berlim. A ofensiva começou a 16 de Abril de 1945. A 30 de Abril Hitler suicida-se. A 2 de Maio Berlim rende-se aos russos. A 8 de Maio a Alemanha rende-se incondicionalmente às forças aliadas (Rússia, EUA, Grã-Bretanha e França).

Auschwitz, Polónia. A 27/1/1945 o campo foi libertado pelos russos.

Campos de Concentração. No seu avanço para Berlim, russos e norte-americanos vão-se deparando com a inimaginável brutalidade dos alemães: campos de concentração destinados exterminar em massa seres humanos (judeus, ciganos, prisioneiros de guerra, políticos, etc).

A nação que era considerada ao tempo, a mais avançada em termos tecnológicos e científicos do planeta, foi também capaz de gerar e escolher como seus dirigentes seres humanos de uma crueldade sem limites.

A conquista de Berlim pelos russos, em 1945, mostra claramente que quando um povo quer, por mais poderoso que seja o seu inimigo, pode perder muitas batalhas, mas no final acaba quase sempre por vencer a guerra.

Expansionismo Russo

Seguindo a antiga prática dos Czares, Estaline, aproveita o avanço na direção de Berlim para anexar novos territórios. Os Estados Bálticos (Lituânia, Estónia e Letónia) que haviam sido conquistados por Pedro, o Grande, no século XVIII e durante a a Iª. Guerra haviam de novo readquirido a sua independência são desde logo anexado. 

O facto das tropas do EUA e da Grã-Bretanha deixarem a libertação do leste da Europa ao cuidado da Rússia, permite-lhe ocupar e transformar em "estados satélites" a Polónia, Roménia, Bulgária, Hungria e a Checoslováquia. A parte leste da Alemanha ficou também sob o controlo da Rússia. A Jugoslávia conseguiu alguma autonomia. A Grécia libertou-se do controlo russo. Estava declarada uma nova guerra pelo controlo do mundo, agora entre "pró-russos" e "pró-soviéticos", a chamada "guerra fria".

 

 
 

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Carlos Fontes

 
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