A Europa no Mundo
O discurso
sobre a decadência da Europa não é novo. A novidade está no facto de que no
passado, se falava de decadência cultural, e hoje se fala sobretudo de
decadência económica e política. A Europa, o "museu do mundo", assumiu a
sua irrelevância internacional vivendo de recordações de um passado
"glorioso".
Ao longo do século XX foram
constantes os sinais desta decadência: a resolução da Iª Guerra Mundial (1914-1918) e
depois da 2ª. (1939-1945), embora tenham começado na Europa, só terminaram,
em grande parte, devido à intervenção de uma potência externa - os EUA. Nada
disto foi, no entanto, suficiente para abalar a confiança dos europeus na Europa,
mergulhados que estavam num discurso europocentrico.
A "crise
europeia" começou nos anos 80 do século XX, com aquilo
que se denominou chamar de "globalização". Uma conceito que mascara todavia
uma realidade mais complexa.
A crise não
começou no mundo, mas na Europa: As empresas europeias na procura de maiores
lucros, deslocalizaram as suas unidades produtivas para os países de
mão-de-obra barata (China, India, etc). A maioria dos países europeus,
decidiram abandonar a industria, pescas e agricultura, e centrarem-se
nos serviços (comércio, turismo e finanças). A própria CEE/UE acelerou
este processo dando incentivos ao encerramento de unidades produtivas.
Os cidadãos
dos países que integravam a UE foram estimulados a consumirem e a viajarem
para fora da Europa, recorrendo a uma qualquer linha de crédito, a juros
extremamente baixos. O endividamento público e privado disparou.
A UE
para agravar a situação, em 2002, adoptou uma moeda forte - o Euro -,
que estimulava as importações, e incentivava os encerramentos ou
deslocalizações na maioria do sectores produtivos para os países de
mão-de-obra barata.
O resultado
de tudo isto foi o aumento brutal do défice comercial dos países da UE.
O desemprego galopou. Assistiu-se à fuga de capitais e investimentos
para fora da Europa, em particular para os países que forneciam de produtos
à UE. A partir do inicio do século XXI acelerou a diminuição do peso dos
produtos oriundos da UE no comércio mundial, representando actualmente pouco
mais 18% (2013).
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