<<<< O papel de
Portugal na UE continua a ser uma questão irrelevante para a esmagadora maioria
dos portugueses. Antes da crise de 2008, o debate sobre a UE em Portugal
cingia-se quase sempre as duas questões fundamentais: a boa ou má aplicação dos
financiamentos comunitários e as algumas bizarrias das exigências das directivas
comunitárias, nomeadamente em termos de consumo.
A sua situação de
"periferia", isto é, a distância física em relação a um imaginário "centro da
UE" (Bruxelas? Berlim?), tem servido de desculpa para um afastamento de tudo
o que se passa na no seio da UE.
A verdade é que os portugueses,
desde 1986, para o bem e para o mal, estão "casados" com a UE. O que se
passa no seio desta organização supra-nacional afecta directa ou indirectamente
as suas vidas, ainda que muitos não o queiram reconhecer.
Lições
A primeira lição
que os portugueses aprenderam foi que na UE não existem "almoços grátis". Se entre 1986 e 1995
receberam importantes "fundos comunitários " para melhorarem as
infra-estruturas, em contrapartida tiveram de desinvestir nos seus sectores
produtivos, como a agricultura, as pescas e a industria, a fim de acabarem com os produtos que que faziam concorrência a outros países comunitários.
No final do processo, os serviços,
o turismo e floresta foram os únicos sectores a que foram confinados, com as
brutais consequências conhecidas (desertificação do interior, êxodo rural,
dependência alimentar, etc, etc.).
A segunda
lição foi que a transferência de competências para a UE, limitou a
capacidade de decisão do país, retirando-lhe muitas situações privilegiadas que
possuía. A UE, por exemplo, coartou a flexibilidade do país em assinar acordos
vantajosos que não envolvam outros estados-membros, os quais podem ter
prioridades diferentes das de Portugal. A transferência das competências e
gestão dos seus recursos marinhos da Zona Económica Exclusiva (ZEE) para a UE,
colocou em causa a própria soberania do território.
A terceira
lição foi que a legislação comunitária (directivas) serve fundamentalmente
os interesses dos grandes grupos económicos da UE e só marginalmente as pequenas
e médias empresas. Os estados-membros de menor dimensão, se caírem em política
seguidistas, estão "condenados" a serem espoliados nos seus recursos.
A quarta lição
foi que o "crédito barato" que jorrou depois de 1998, saia afinal muito caro. O Estado, as empresas e as famílias
endividaram-se. Estimulou-se uma
mentalidade consumista, avessa à poupança e ao trabalho produtivo, o que
conduziu o país para a dependência dos credores internacionais, os mesmos que
andaram a conceder o "crédito barato" aos bancos em Portugal...
A quinta lição
foi que a "solidariedade" na UE é afinal um negócio muito lucrativo, mas apenas
para quem está em condições de ser "solidário". Após a crise das dívidas
soberanas (2008), estados membros da UE, como a Alemanha, para concederem os
seus "generosos" empréstimos a Portugal, exigiram elevados juros, a privatização
de empresas públicas, desregulamentação das leis laborais, cortes nos salários,
atropelos à constituição portuguesa, etc.
A sexta lição
foi que ao longo desta "aprendizagem", a maioria dos políticos portugueses, como
o actual presidente da República (Cavaco Silva), revelaram uma inacreditável
subserviência e falta de patriotismo. A única coisa que os parece
preocupar é a acumulação de benefícios pessoais em Portugal e na UE.
A sétima lição, reside no
apregoado contributo de Portugal para a UE. A relevância dos políticos
portugueses na UE, está no facto de servirem de potenciais facilitadores dos
negócios das empresas da UE e os chamados países lusófonos. Se não lhes
arranjarem negócios lucrativos nestes países de nada servem.
Por último, os portugueses
aprenderem que uma excessiva dependência económica da UE era demasiado perigoso para a sua sobrevivência como país e nível
de vida da população. Se a continuarem a
manter estão de facto condenados à irrelevância e usura por parte da principais potencias
da UE. Mais |