|
A Grécia e a Afirmação
da Hegemonia Alemã
Se falência do
Lehman Brothers Holdings Inc (Setembro de 2008), nas suas ondas de choque por
todo o mundo, descobriu as enormes fragilidades dos países que haviam adoptado a
moeda única - o euro (2002). Estas economias caminharam rapidamente para a sua
insustentabilidade, ao abandonarem a produção de bens transacionáveis,
passando a viver do comércio de bens importados e do crédito barato, e
das transferências da UE. A divida dos Estados, famílias e empresas não
tardaram a atingir valores incomensuráveis.
A Grécia foi,
neste contexto, onde esta política maior impacto registou. A construção e
reparação naval, por exemplo, da sua gigantesca marinha mercante
(controlam entre 15% e 20% da tonelagem da marinha mercante mundial)
foi praticamente abandonada. Os
próprios armadores gregos passaram a operar fora da Grécia, onde no entanto a
marinha mercante não paga impostos. A cultura da produção foi substituída pela
da importação, consumo. O crédito barato permitiu a expansão do consumo interno,
concessão de benefícios sociais, realização de eventos de grande dimensão (Jogos
Olímpicos, 2004), grandes investimentos em armamento, etc. Como se tudo isto não
bastasse, a Grécia tem um sistema partidária de características mafiosas,
muito semelhante ao que existe em Portugal, o qual contribuiu de foram decisiva para o desvario das
contas públicas.
Os resultados,
depois de 2002, não
tardaram a aparecer. Em 2010, a Grécia, estava já à beira da bancarrota. A
dívida pública atingia os 142,8% do PIB, e o défice do Estado - 10,6% do PIB.
Renascimento
da Antiga Alemanha
A Alemanha, a
partir de 2010, usando (e
abusando) do caso grego, assumiu-se como
a potência hegemónica da UE. Ao fazê-lo rompeu com o princípio da igualdade de
todos os estados-membros da UE e a procura de consensos, que durante anos havia
sido o paradigma da RFA (Republica Federal da Alemanha), quando a Alemanha se
encontrava dividida.
Desde o fim da
segunda guerra mundial, quando o mundo foi dividido em dois blocos, a RFA
protegida pelos EUA da ameaça do Bloco Soviético, era um exemplo um país
solidário. A solidariedade alemã decorria da própria necessidade de encontrar
aliados para fazer frente à União Soviética e ao avanço do comunismo.
A própria CEE
assentava nesta lógica. A solidariedade era automática quando solicitada entre
os estados-membros da CEE (actual UE).
Após a queda do
Muro de Berlim (1989), a reunificação da Alemanha e a derrocada da antiga União
Soviética, a antiga Alemanha que havia desaparecido, em 1945, com Adolf Hitler
está de volta.
A crise económica
foi a oportunidade de ouro para este renascimento da antiga Alemanha. Os gregos,
pela voz da chanceler alemã foram ofendidos e humilhados. A Comissão
Europeia, na pessoa do seu Presidente, quando falou em solidariedade europeia,
foi insultada.
A nova (antiga) Alemanha,
sem complexos em relação ao seu passado totalitário, quis dizer ao quem
passava a mandar na UE.
A Alemanha dispensa pela primeira vez, de forma ostensiva,
a muleta francesa, impondo uma política comunitária da qual é a principal
beneficiária. A China foi a primeira potencia mundial a reconhecer este facto. | |