Carlos Fontes

 

 

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A Grécia e a Afirmação da Hegemonia  Alemã

Se falência do Lehman Brothers Holdings Inc (Setembro de 2008), nas suas ondas de choque por todo o mundo, descobriu as enormes fragilidades dos países que haviam adoptado a moeda única - o euro (2002). Estas economias caminharam rapidamente para a sua  insustentabilidade, ao abandonarem a produção de bens transacionáveis, passando a viver do comércio de bens importados e do crédito barato, e das transferências da UE. A divida dos Estados, famílias e empresas não tardaram a atingir valores incomensuráveis.

A Grécia foi, neste contexto, onde esta política maior impacto registou. A construção e reparação naval, por exemplo, da sua gigantesca marinha mercante (controlam entre 15% e 20% da tonelagem da marinha mercante mundial) foi praticamente abandonada. Os próprios armadores gregos passaram a operar fora da Grécia, onde no entanto a marinha mercante não paga impostos. A cultura da produção foi substituída pela da importação, consumo. O crédito barato permitiu a expansão do consumo interno, concessão de benefícios sociais, realização de eventos de grande dimensão (Jogos Olímpicos, 2004), grandes investimentos em armamento, etc. Como se tudo isto não bastasse, a Grécia tem um sistema partidária de características mafiosas, muito semelhante ao que existe em Portugal, o qual contribuiu de foram decisiva para o desvario das contas públicas.

Os resultados, depois de 2002, não tardaram a aparecer. Em 2010, a Grécia, estava já à beira da bancarrota. A dívida pública atingia os 142,8% do PIB, e o défice do Estado - 10,6% do PIB.

Renascimento da Antiga Alemanha

A Alemanha, a partir de 2010, usando (e abusando) do caso grego, assumiu-se como a potência hegemónica da UE. Ao fazê-lo rompeu com o princípio da igualdade de todos os estados-membros da UE e a procura de consensos, que durante anos havia sido o paradigma da RFA (Republica Federal da Alemanha), quando a Alemanha se encontrava dividida.

Desde o fim da segunda guerra mundial, quando o mundo foi dividido em dois blocos, a RFA  protegida pelos EUA da ameaça do Bloco Soviético, era um exemplo um país solidário. A solidariedade alemã decorria da própria necessidade de encontrar aliados para fazer frente à União Soviética e ao avanço do comunismo.

A própria CEE assentava nesta lógica. A solidariedade era automática quando solicitada entre os estados-membros da CEE (actual UE).

Após a queda do Muro de Berlim (1989), a reunificação da Alemanha e a derrocada da antiga União Soviética, a antiga Alemanha que havia desaparecido, em 1945, com Adolf Hitler está de volta. 

A crise económica foi a oportunidade de ouro para este renascimento da antiga Alemanha. Os gregos, pela voz da  chanceler alemã foram ofendidos e humilhados. A Comissão Europeia, na pessoa do seu Presidente, quando falou em solidariedade europeia, foi insultada.

A nova (antiga) Alemanha, sem complexos em relação ao seu passado totalitário, quis dizer ao  quem passava a mandar na UE.

A Alemanha dispensa pela primeira vez, de forma ostensiva, a muleta francesa, impondo uma política comunitária da qual é a principal beneficiária. A China foi a primeira potencia mundial a reconhecer este facto.

 

 

 
 

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Carlos Fontes

 
 

 

   
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