Os EUA viram na Europa,
depois da 2ª. Guerra Mundial (1939-1945), um enorme "mercado protegido" para
as suas empresas.
É lógico que tenham apostado na estabilidade política da Europa, pois isso
garantia o escoamento das suas exportações, dando aos EUA uma enorme
prosperidade. Os EUA receberam enormes reservas de ouro da Europa.
A criação
da CECA (1951) e depois da CEE (1957) foi apoiada, embora sem entusiasmo,
pelos EUA.
O sucesso da CEE nos anos 60,
com o consequente aumento das exportações de produtos deste bloco económico
para os EUA causou-lhes alguma preocupação. O défice comercial dos EUA
não parou de aumentar. A resposta americana não se fez esperar: o dólar
deixou de ser convertível em ouro, em 1971, mas continuou a ser imposto como
moeda usada no comércio internacional.
O poder do Euro
O sucesso da CEE/UE, a partir
de 1985, parecia conduzir a Europa para uma rota de colisão com os EUA.
Desde então avançou-se para uma efectiva integração económica, política e
financeira na UE.
A queda do Muro de Berlim (1989), com a unificação da
Alemanha e integração dos países do leste na UE criou um considerável
mercado comunitário.
O ponto de ruptura EUA - UE
ocorreu nos anos 90 do século XX, quando a UE decidiu criar uma moeda única
- o Euro.
Cedo se percebeu que a mesma poderia substituir o dólar
como moeda de referência no comércio internacional. Os EUA não esconderam
que não o admitiriam. A questão foi particularmente discutida, em 1999-2002,
quando países como Irão, Iraque e Venezuela, ameaçaram romper com o dólar e
venderem petróleo em euros.
O EURO foi adoptado em 2002, e no ano
seguinte, o Iraque foi invadido, e o Irão e a Venezuela foram alvo de sanções.
A China, como vimos, encontrou no euro uma forma de reduzir a sua excessiva
dependência da moeda norte-americana.
O dólar deixou de ser a
única (efectiva) moeda internacional de reserva. O euro passou a captar uma
fatia cada vez mais importante dos capitais que antes eram aplicados em
dólares.
A economia dos EUA, no século
XXI, ressentem-se da potência económica que se tornou a UE. Em 2004, o PIB da UE superou
pela primeira vez o dos EUA. A entrada de novos membros na UE, se provocam
um maior descontrolo, não deixam de expandir a dimensão do mercado
comunitário.
Problemas de Fundo dos EUA
Os EUA, embora continuem a
ser a
potência dominante no mundo, percebem são impotentes para o
controlarem.
Representam apenas 4% da
população mundial. As suas forças armadas por mais poderosas que sejam, são
sempre insuficientes para fazerem frente às ameaças externas. Por outro
lado, quando mais gastarem em armamento menos investem na melhoria das
condições de vida da sua população.
O êxito dos EUA, à semelhança
de outras grandes potências do passado, é também a sua "desgraça". Ao
atraírem populações das mais variadas proveniências, culturas e religiões,
com o tempo começam a mudar as suas referências culturais com as quais se
afirmaram na cena mundial. Os asiáticos, negros e hispânicos dificilmente se
identificam com os valores de uma população constituída por emigrantes
europeus. As fracturas internas são inevitáveis.
Apesar de possuírem a moeda
das trocas comerciais do mundo, a suas transações comerciais são altamente
deficitárias em relação à China, Alemanha, México, Japão, Canadá, etc. A sua
produção industrial foi deslocalizada para os países com mão-de-obra mais
barata. As suas grandes empresas que operam num mercado global, não podem
dispensar a liberdade de comércio mundial que está a arruinar a sua economia
interna.
Estratégia dos EUA
Estratégia dos EUA até
2016
A estratégia dos EUA até 2016
assentou numa combinação entre comércio livre mundial e tratados comerciais
que protegessem os seus produtores.
Face ao perigo que representa
a UE para o seu poder ao nível mundial, os EUA definiram uma sólida
estratégia que pretende controlar e desagregar a UE:
a) Tratado Transatlântico
de Livre Comércio e Investimentos.
Os EUA estão empenhados em
criar com a UE um grande bloco económico mundial, que actualmente já
representa 41% do PIB mundial e 31% dos intercâmbios comerciais.
Para atingir este objectivo é
necessário harmonizar as normas e os padrões técnicos e sanitários para
facilitar as transacções comerciais.
Uma vez estabelecida esta
harmonização - a base do mercado único europeu -, os norte-americanos
esperam conseguir fragilizar as relações intracomunitárias. Para alguns
estados membros da UE, o mercado comunitário poderá ser facilmente
ser secundarizado face às vantagens que oferece o dos EUA.
Desta forma os EUA não apenas
conseguem travar a expansão da UE, mas também fazer face à ascensão dos BRIC
(Brasil, Rússia, India e China), continuando a impor o dólar ( ou
euro-dólares).
b) Nato - Organização
Mundial de Defesa.
A esfera de actuação da Nato,
sob a liderança dos EUA, deixará de ser apenas defesa do Atlântico e passará
a ser mundial, dando cobertura ao grande bloco económico que está a ser
organizado.
c) Papel da Grã-Bretanha e
outros estados da UE
A Grã-Bretanha e outros
estados membros da UE, receosos do poderio alemão desempenham nesta
estratégia um papel importante. Primeiro defendendo a necessidade de uma
forte ligação da UE aos EUA, e depois em continuarem em insistir na ideia
que o essencial da UE são as trocas comerciais, combatendo os projectos
federalistas.
É sabido que os EUA, apesar
dos seus aliados na UE não está seguro da fidelidade dos mesmos. Nesse
sentido, não hesitou em andar a espiar os lideres europeus, facto denunciado
pelo ex-analista da NSA- Edward Snowden.
d ) Lóbis
É conhecida a experiência e
poder dos lóbis norte-americanos no mundo. Não apenas já estão instalados no
seio da UE, mas também é previsível que o seu poder de influência se venha a
reforçar no futuro minando a própria União.
A Nova Estratégia dos EUA
A eleição de Donald Trump em
2016 marca uma mudança estratégica face aos países e regiões que emergiram
como o seus principais competidores.
A China tornou-se um problema
para os EUA, mas também México, Canadá ou a EU. A nova estratégia é impedir
primeiro que possam lucrar à custa dos EUA, começando por proibir a
deslocalização de empresas, travar as importações e renegociar tratados
comerciais.
No caso da UE, explorar todas
as formas da sua desagregação interna, negociar acordos estado a estado,
impondo-lhes orçamentos de defesa mais elevados com armamento fornecido
pelos EUA, etc.
Esta estratégia passa por um
corte brusco com os aliados, uma confrontação direta com as potências
correntes da economia dos EUA. |