Carlos Fontes

 

 

Anterior

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

EUA - EUROPA

 
 

Os EUA viram na Europa, depois da 2ª. Guerra Mundial (1939-1945), um enorme "mercado protegido" para as suas empresas. É lógico que tenham apostado na estabilidade política da Europa, pois isso garantia o escoamento das suas exportações, dando aos EUA uma enorme prosperidade. Os EUA receberam enormes reservas de ouro da Europa.

A criação da CECA (1951) e depois da CEE (1957) foi apoiada, embora sem entusiasmo, pelos EUA.   

O sucesso da CEE nos anos 60, com o consequente aumento das exportações de produtos deste bloco económico para os EUA causou-lhes alguma preocupação. O défice comercial dos EUA não parou de aumentar. A resposta americana não se fez esperar: o dólar deixou de ser convertível em ouro, em 1971, mas continuou a ser imposto como moeda usada no comércio internacional.

O poder do Euro

O sucesso da CEE/UE, a partir de 1985, parecia conduzir a Europa para uma rota de colisão com os EUA. Desde então avançou-se para uma efectiva integração económica, política e financeira na UE.

A queda do Muro de Berlim (1989), com a unificação da Alemanha e integração dos países do leste na UE criou um considerável mercado comunitário.

O ponto de ruptura EUA - UE ocorreu nos anos 90 do século XX, quando a UE decidiu criar uma moeda única - o Euro.

Cedo se percebeu que a mesma poderia substituir o dólar como moeda de referência no comércio internacional. Os EUA não esconderam que não o admitiriam. A questão foi particularmente discutida, em 1999-2002, quando países como Irão, Iraque e Venezuela, ameaçaram romper com o dólar e venderem petróleo em euros.

O EURO foi adoptado em 2002, e no ano seguinte, o Iraque foi invadido, e o Irão e a Venezuela foram alvo de sanções. A China, como vimos, encontrou no euro uma forma de reduzir a sua excessiva dependência da moeda norte-americana.

O dólar deixou de ser a única (efectiva) moeda internacional de reserva. O euro passou a captar uma fatia cada vez mais importante dos capitais que antes eram aplicados em dólares.

A economia dos EUA, no século XXI, ressentem-se da potência económica que se tornou a UE. Em 2004, o PIB da UE superou pela primeira vez o dos EUA. A entrada de novos membros na UE, se provocam um  maior descontrolo, não deixam de expandir a dimensão do mercado comunitário.

Problemas de Fundo dos EUA

Os EUA, embora continuem a ser a potência dominante no mundo, percebem são impotentes para o controlarem.

Representam apenas 4% da população mundial. As suas forças armadas por mais poderosas que sejam, são sempre insuficientes para fazerem frente às ameaças externas. Por outro lado, quando mais gastarem em armamento menos investem na melhoria das condições de vida da sua população.

O êxito dos EUA, à semelhança de outras grandes potências do passado, é também a sua "desgraça". Ao atraírem populações das mais variadas proveniências, culturas e religiões, com o tempo começam a mudar as suas referências culturais com as quais se afirmaram na cena mundial. Os asiáticos, negros e hispânicos dificilmente se identificam com os valores de uma população constituída por emigrantes europeus. As fracturas internas são inevitáveis.

Apesar de possuírem a moeda das trocas comerciais do mundo, a suas transações comerciais são altamente deficitárias em relação à China, Alemanha, México, Japão, Canadá, etc. A sua produção industrial foi deslocalizada para os países com mão-de-obra mais barata. As suas grandes empresas que operam num mercado global, não podem dispensar a liberdade de comércio mundial que está a arruinar a sua economia interna.

Estratégia dos EUA

Estratégia dos EUA até 2016

A estratégia dos EUA até 2016 assentou numa combinação entre comércio livre mundial e tratados comerciais que protegessem os seus produtores.

Face ao perigo que representa a UE para o seu poder ao nível mundial, os EUA definiram uma sólida estratégia que pretende controlar e desagregar a UE:

a) Tratado Transatlântico de Livre Comércio e Investimentos.

Os EUA estão empenhados em criar com a UE um grande bloco económico mundial, que actualmente já representa 41% do PIB mundial e 31% dos intercâmbios comerciais.

Para atingir este objectivo é necessário harmonizar as normas e os padrões técnicos e sanitários para facilitar as transacções comerciais.

Uma vez estabelecida esta harmonização - a base do mercado único europeu -, os norte-americanos esperam conseguir fragilizar as relações intracomunitárias. Para alguns estados membros da UE, o mercado comunitário poderá ser facilmente ser secundarizado face às vantagens que oferece o dos EUA

Desta forma os EUA não apenas conseguem travar a expansão da UE, mas também fazer face à ascensão dos BRIC (Brasil, Rússia, India e China), continuando a impor o dólar ( ou euro-dólares). 

b) Nato - Organização Mundial de Defesa.

A esfera de actuação da Nato, sob a liderança dos EUA, deixará de ser apenas defesa do Atlântico e passará a ser mundial, dando cobertura ao grande bloco económico que está a ser organizado.

c) Papel da Grã-Bretanha e outros estados da UE

A Grã-Bretanha e outros estados membros da UE, receosos do poderio alemão desempenham nesta estratégia um papel importante. Primeiro defendendo a necessidade de uma forte ligação da UE aos EUA, e depois em continuarem em insistir na ideia que o essencial da UE são as trocas comerciais, combatendo os projectos federalistas.

É sabido que os EUA, apesar dos seus aliados na UE não está seguro da fidelidade dos mesmos. Nesse sentido, não hesitou em andar a espiar os lideres europeus, facto denunciado pelo ex-analista da NSA- Edward Snowden.

d ) Lóbis

É conhecida a experiência e poder dos lóbis norte-americanos no mundo. Não apenas já estão instalados no seio da UE, mas também é previsível que o seu poder de influência se venha a reforçar no futuro minando a própria União. 

A Nova Estratégia dos EUA

A eleição de Donald Trump em 2016 marca uma mudança estratégica face aos países e regiões que emergiram como o seus principais competidores.

A China tornou-se um problema para os EUA, mas também México, Canadá ou a EU. A nova estratégia é impedir primeiro que possam lucrar à custa dos EUA, começando por proibir a deslocalização de empresas, travar as importações e renegociar tratados comerciais.

No caso da UE, explorar todas as formas da sua desagregação interna, negociar acordos estado a estado, impondo-lhes orçamentos de defesa mais elevados com armamento fornecido pelos EUA, etc.

Esta estratégia passa por um corte brusco com os aliados, uma confrontação direta com as potências correntes da economia dos EUA.  

 
 

Em construção!

Carlos Fontes

 
 

 

   
Anterior

Para nos contactar: carlos.fontes@sapo.pt