Carlos Fontes

 

 

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A Alemanha tentou conquistar a Europa por duas vezes (1914-1918 e 1939-1945) e fracassou. Hoje, para muitos analistas, procura dominar a Europa através da EU e do Euro.

BCE, um banco alemão?

Foi sem qualquer surpresa que se ficou a saber, em Agosto de 2013, que a Alemanha, assumindo-se como uma potência hegemónica no seio da UE, havia lucrado 41 mil milhões de euros com a crise da divida soberana dos chamados países periféricos.

Este lucro obtido pelo estado alemão só foi possível graças a uma ação concertada com Banco Central Europeu (BCE), responsável pala gestão do euro, e que se encontra sediado em Frankfurt (Alemanha). As orientações vieram do Deutsche Bank, sediado igualmente em Frankfurt.

Os primeiros movimentos especulativos foram desencadeados pelos especuladores alemães ao lançarem o pânico em relação às dividas soberanas de todos os países do sul da Europa. Entre 2010 e 2011, José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, denunciou o facto do ministro das finanças da Alemanha  (Wolfgang Schuble)  ter colocado nos jornais internacionais, de forma sistemática, notícias alarmistas sobre a situação portuguesa, o que provocou uma escalada nos juros da dívida. Apesar dos seus protestos junto da chanceler Angela Markel, a campanha prosseguiu (entrevista ao jornal Expresso, 19/10/2013).

A Alemanha através da Troika (BCE, UE, FMI) acabou por impor a Portugal, por exemplo, um vasto programa de privatizações das empresas publicas mais rentáveis.. Simultaneamente foi asfixiado o crédito disponível, colocando numa situação insustentável as empresas públicas e privadas. Condições excelentes para a sua aquisição pelos grupos económicos alemães. Como se tudo isto não bastasse, os alemães exigiram a desregulamentação do mercado de trabalhos e diminuição dos salários.

Face a situação de enorme incerteza que foi criada, assistiu-se à fuga de capitais dos países em dificuldade para a Alemanha, Luxemburgo, Suiça, que acabaram por ser os grandes beneficiários da crise.

Para garantir o êxito dos especuladores alemães, o BCE, recusou-se a financiar os estados-membros em dificuldade. Limitou-se a emprestar,  dinheiro aos bancos privados a taxas muito baixas, que por sua vez emprestaram aos estados em dificuldade a juros elevados. Opôs-se igualmente à mutualização de parte das dividas, de modo a manter o sistema especulativo em funcionamento.

 
 

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Carlos Fontes

 
 

 

   
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