Alemanha contra o EURO
Para o comum dos cidadãos europeus é difícil perceber porque a
Alemanha constitui um perigo para os países que adoptaram o Euro. As acusações
que lhe são feitas, numa perspectiva alemã são interpretadas como elogios...
1. Economia baseada nas exportações
A economia alemã assenta nas exportações, procurando por todos os
meios conter o aumento das importações, através de uma gestão restritiva das
finanças públicas, adoptação de medidas de contenção salarial e da procura
interna. A UE permitiu-lhe o acesso a um enorme mercado de
consumidores, sem que a Alemanha tenha alterado esta política económica. Passou
a exportar mais, mas não beneficiou a economia dos países para os quais exporta.
Desde 2006 tem um excedente da balança de transações correntes
superiores a 6% do PIB. Em 2013, o excedente deve atingir os 7% do PIB.
2. Vantagens do Euro
Se a Alemanha tivesse uma moeda própria, a mesma teria valor
superior ao euro, e as suas exportações seriam bem menores. Por outro lado, as
suas exportações no interior da UE estão naturalmente beneficiadas também por
dispor de uma moeda comum a 19 outros estados (2013).
3. Arquitectura do Euro
A Alemanha, através de hábil estratégia conseguiu que fosse
adoptada uma arquitetura de suporte do euro, que retirou aos estados qualquer
poder sobre a moeda e a concessão do crédito, fazendo disparar as importações.
Opôs-se, por sua vez, à adopção de medidas básicas sobre uma efectiva união
monetária, que permitissem responder a previsíveis crises da zona euro.
4. Gestão da Crise das Dívidas Soberanas
Durante a crise das dívidas soberanas que afectaram países como a
Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, Chipre ou a Hungria, o seu principal
objectivo foi sempre o de exigir a liberalização das relações laborais, corte
nos salários, privatização das empresas públicas, asfixia do crédito às empresas
de modo a facilitar a sua aquisição e a entrada dos produtos alemães.
O que Alemanha se recusa a fazer?
Os que a criticam apontam o facto de mesma só pensar nos seus
interesses, isto, é aumentar as exportações, recusando-se a ajudar os
países em dificuldade. Como ? Estimulando a procura interna e aceitando
reformular em profundidade a arquitectura do euro.
É preciso todavia não alimentar grandes ilusões sobre o poder da
economia alemã, representa apenas um quinto do PIB de toda a UE, e apenas metade
da soma do PIB da França, Itália e Espanha (2012).
É preciso todavia dizer que se todos os países da UE adoptassem a
política alemã, a UE, desagregava-se em pouco tempo.
Face a esta situação, só resta a países como Portugal procurarem mercados ora
da UE para os seus produtos, e aprenderem a lição do presente.
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