Um Improvável Império: União Europeia
A União Europeia (UE) é uma
associação (voluntária) de países que foram antigos impérios ou que
resultaram da fragmentação de impérios. Todos eles tem uma longa história de
guerras entre si pela conquista da Europa, mas também do mundo. Guerras que
custaram a vidas a centenas de milhões de pessoas. A
verdade é que cada um destes
países,
por mais importante que seja economicamente no contexto europeu, não tem hoje poder
para criar um novo Império na Europa, muito menos no mundo. Mesmo se o
pretendesse fazer sozinho, tornar-se-ia um foco de desagregação da própria
UE, gerando à sua volta uma força disposta a aniquilá-lo.
A vocação imperial não
desapareceu da Europa, muito pelo contrário está em continua reformulação.
Só que agora passa pelo domínio dos processos de decisão no seio da UE,
através de redes de alianças entre países: 1.
Os países mais populosos (Alemanha, França, Polónia, Itália, Espanha,
Grã-Bretanha) estão a organizarem-se num grupo que se pretende constituir como
o directório europeu. Uma ideia que em tempos foi encarnada pelo eixo
franco-alemão. 2. Os
países de pequena e média dimensão tem feito múltiplas alianças entre si,
para não serem engolidos por acordos que os ultrapassam. 3.
Antigas alianças entre
os vários países europeus continuam a ter o seu peso, nomeadamente na hora de
concertar posições para evitar que esta ou aquela tendência prevaleça. O
resultado destas acções é uma generalizada desconfiança mútua, não admira
que todos os acordos globais (constituição, etc) se são aceites por uns, não
tardam a ser recusados por muitos outros. Todos no fundo preferem que a UE
continue na actual indefinição, dado que os poderes centrais estão
diluídos. Os consensos obtidos são os possíveis, não os
necessários. Apesar da UE ser já o
maior bloco económico do mundo, a verdade é que não é nenhuma superpotência:
- Não tem uma estrutura militar comum nem uma política externa coordenada;
-
Não existe sequer um consenso alargado sobre o seu próprio futuro, para além
algumas questões mínimas sobre política económica. Mesmo neste domínio, as
divisões são imensas e já começaram a provocar rupturas.
A maioria dos
países da UE atravessam enormes problemas na integração das suas novas e
antigas comunidades nacionais.
A
única coisa que a UE tem sido eficiente é na criação de condições para as
multinacionais realizarem uma rapina global. A célebre harmonização comunitária
facilitou
tudo. Os mercados nacionais desapareceram, os governos tem pouco poder, a
precarização do trabalho passou a ser vista como uma inevitabilidade. O que hoje
impera na UE são empresas cada vez maiores, com lucros astronómicos, mas
avaras na sua distribuição. Por
enquanto os conflitos, quase todos de natureza económica, não são de modo a
colocarem em perigo a própria UE, pois as vantagens globais tem sido maiores
que as desvantagens.
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