Sociedades
Integradoras e
Sociedades Segregadoras
Quando Karl Popper, em 1943,
publicou a obra "Sociedade Aberta e os Seus Inimigos", a questão de
se colocava em todo o mundo era a de decidir entre Sociedades Fechadas (totalitárias,
racistas, xanófobas, chauvinistas, etc ) e Sociedades Abertas (Democráticas).
Sobre as primeiras chamou a
atenção para o seus fundamentos nas sociedades tribais, assentes no princípio
da responsabilidade colectiva e na obediência cega aos chefes, mas também nas
concepções políticas totalitárias e racistas de Platão, ou nas
totalitárias e messiânicas de Karl Marx.
Sobre as segundas, mostrou a fragilidade, mas
também a força dos regimes democráticos assentes no princípio da
responsabilidade individual, na crítica permanente e abertura a novas
ideias. Nas sociedades fechadas,
os chefes, estavam na posse da verdade e apregoavam a felicidade dos povos. Nas
sociedades abertas, a descoberta da verdade ou a felicidade era um problema que
cada um tinha que procurar por si. Contrariando
a visão tradicional da história da Humanidade, Karl Popper defendeu que não
esta não obedecia a nenhuma trajectória previamente conhecida, todos os
avanços e recuos eram possíveis a todo o momento.
No início do IIIº. Milênio da Era Cristã, o
problema que se coloca às sociedades abertas é muito diferentes, daquele que
se vivia no século XX quando os totalitarismo mergulhavam o mundo no terror. O
problema não se reduz agora em defender a abertura das sociedades à crítica e
liberdade individual, mas em pugnar pela abertura a outras culturas e outras
maneiras de pensar. Em estabelecer um verdadeiro diálogo de povos, uma sinfonia
global. Em aceitar a diversidade e complexidade como uma riqueza intrínseca da
Humanidade, no respeito de um conjunto de princípios ( os Direitos do Homem)
que já fazem parte da regras de co-existência nesta aldeia global.
Neste aspecto, a alternativa é agora entre sociedades segregadoras (fechadas à diversidade, limitando a sua abertura
a outras pessoas de outros povos e culturas) e sociedades integradoras que fazem
do cruzamento com outros povos e culturas uma riqueza para o seu
desenvolvimento.
Carlos Fontes
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