Sectores em Mudança
A economia portuguesa desde 2000 está praticamente
estagnada, mas no país alguns sectores estão visivelmente melhores, nem sempre
pelas melhores razões.
. Habitação.
Cerca de 70% da população vive em casa própria. 1/3 das famílias tem uma
segunda habitação na praia ou no campo. A
renovação do parque habitacional é uma realidade na maioria das regiões do
país. A oferta de casas excede largamente as necessidades. Enormes
oportunidades de negócio abrem-se agora na área da conservação e restauro,
assim como na re-qualificação urbana. Um dos graves problemas que há que
resolver é a enorme pulverização de empresas de construção civil, mais de
49 mil, que empregam mais de 600 mil pessoas. A larga percentagem destas
empresas funcionam de forma caótica e frequentemente à margem da lei (fogem aos
impostos, não pagam aos trabalhadores, etc). (Dados de 2005)
. Automóveis.
Durante muito tempo foi um indicador de desenvolvimento, hoje nem tanto.
Constata-se todavia que o número de automóveis por habitante em Portugal é superior
à esmagadora maioria dos países da UE, ultrapassando os EUA. Em termos produtivos o sector automóvel, apesar
de algumas importantes quebras nas exportações e nas unidades produtivas, tem
vindo a ajustar-se ao aumento da concorrência internacional.
. Portos,
aeroportos e vias de
comunicação.
Portugal é hoje um dos países da UE com a maior densidade de auto-estradas, e
dentro em breve todas as capitais de distrito estarão ligadas por uma
moderna rede de comunicações.
As estruturas portuários são magnificas,
embora sofram de um problema comum: uma gestão deficiente. A má gestão
associada à burocracia faz disparar os custos, diminuindo a competitividade dos
portos portugueses.
. Transportadoras.
Á medida que o transporte ferroviário ía sendo abandonado, as empresas de
transporte foram crescendo, tendo hoje uma posição de desataque na Península
Ibérica.
. Distribuição
de produtos.
O comércio tradicional está a desaparecer, mas o número de centros
comerciais, hipermercados, redes de lojas de distribuição colocam Portugal
acima da média da UE. Em termos de logística comercial o salto qualitativo foi
enorme. Algumas empresas portuguesas somam êxitos internacionais nesta
área.
. Bancos.
O país está em crise, as famílias estão
endividadas, mas
os lucros dos bancos não param de crescer (50% em 2004). O sector financeiro está ao nível
do melhor em termos internacionais.
. Turismo. A
oferta turística de Portugal diversificou-se e subiu muito em qualidade. Os
equipamentos turísticos existentes ou em construção estão a nível do que
existe de melhor no mundo. Uma
percentagem significativa da população portuguesa também não prescinde hoje de fazer férias no
estrangeiro.
. Telecomunicações.
Portugal tem neste domínio
excelentes indicadores, na rede fixa, banda larga, telemóveis, serviços
electrónicos, etc, etc. O problema não está nas infra-estruturas, mas na sua
utilização massiva pela população e as empresas.
. Novos produtos industriais. industria
do papel, moldes de plástico, automóveis, software, aviões ligeiros, etc..
. Produtos tradicionais.
Vinhos, azeites, leites, frutas, legumes, café, cortiça, madeira, carne de
porco, etc. Os
problemas estruturais da sociedade portuguesa, nomeadamente a desertificação
do interior e baixas taxas de escolaridade da população activa, fazem-se
sentir de modo particular no desenvolvimento deste sector. Apesar disso muita
coisa tem mudado.
Os vinhos portugueses estão hoje classificados
entre os melhores do mundo. A aposta na qualidade foi plenamente ganha.
A partir dos anos 60 deixou-se de
investir no olival. Portugal de país exportar mundial de azeite passou a
importador. Uma situação bizarra, dados os enormes apoios financeiros
concedidos depois de 1986 à agricultura. A situação só começou a ser
alterada nos últimos anos, nomeadamente em certas zonas do Alentejo e
Trás-os-Montes, mas também na Cova da Beira e Idanha-a-Nova.
A produção silvícula
continua a ser muito importante, não apenas no sector da cortiça, mas também
produção de madeira para pasta de papel, aglomerados, etc. Trata-se de um
sector com enormes potencialidades, mas que exige uma reorganização total da
floresta.
O sector da cortiça,
depois de um período de estagnação mostra sinais de uma nova dinâmica. É a
única área económica em que Portugal é lider a nível mundial, concentrando
54% da produção e 70% da transformação. Representa 2,7% do total das
exportações nacionais. 90% da cortiça transformada é exportada. Existem
cerca de 900 empresas, com um total de 14 mil trabalhadores. (Dados de 2006)
. Pescas.
O sector das pescas, constituído por cerca de 10 mil embarcações artesanais,
polivalentes e artesanais (Dados de 2006), apesar de todos os apoios do Estado e
da UE continua a carecer uma mudança profunda. Rios de dinheiro foram
esbanjados nos sucessivos planos de reorganização da frota.
A empresa pública que gere as
lotas - a Docapesca
- , após anos de uma gestão errática e incompetente não tem parado de
acumular de prejuízos. O seu futuro é mais do que incerto. A Docapesca gere 20
lotas e cerca de 50 postos
de venda em pequenas comunidades piscatórias, para além de uma rede de
armazéns e outros apoios às actividades do sector.
Em Portugal, o consumo de pescado fresco ou refrigerado é 180,4 mil toneladas
(peso na descarga), e desta quantidade, as importações atingem cerca de 56,5
mil toneladas. A aquicultura contribui com 6,5 mil toneladas de pescado (dados
de 2006).
Embora o quadro geral do sector
das pescas seja negro, em algumas áreas foram
dados importantes passos para alterar a situação.
. Energia.
Após anos e anos de
incúria o sector da produção de energia eléctrica finalmente começa a
mudar, através de uma aposta forte no domínio da produção de energias
renováveis (não fósseis).
Crescimento do
PIB Português
Entre 1960 e
1970 foi superior a 7% ao ano,
Entre 1970 e
1980 andou acima dos 4%
Entre 1980 e
1990 foi superior a 3 %
Entre 1990 e
2000 andou próximo dos 3%
Entre 2000 e
2005 ficou-se em 0,6%. |
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