Cidadania e
Tribalismo
Uma das principais fontes
de conflitos com os ciganos, em Portugal ou em qualquer parte do mundo,
reside na forma como encaram a cidadania. A maioria dos ciganos está apenas
interessada nos direitos (benefícios), mas recusa-se a assumir deveres para com
uma comunidade de não-ciganos. Esta questão revela a natureza
cultural do problema.
1. A cultura cigana tem
uma forte matriz tribal, onde o que conta são as fidelidades ao grupo e
ao clã familiar. Só no seu grupo de pertença a maioria dos ciganos está
disposta a
aceitar direitos e deveres. O seu mundo socio-afectivo
não é a nação/país, mas a sua tribo/clã familiar. A separação matricial
faz-se entre ciganos e não-ciganos - os Outros.
2. Devido
à sua matriz cultural,
um país é para a
esmagadora maioria dos ciganos uma enorme abstracção, com a qual tem
sérias dificuldades em se
identificar, esvaziando desta forma o próprio conceito de
cidadania. Este é o aspecto que mais choca um cidadão ocidental
que possui justamente uma cultura criada a partir da destruição da
cultura tribal (Karl Popper).
3.
O nomadismo, inerente à cultura cigana, acaba por contribuir para estimular
o seu desenraizamento, levando-os a encarar as leis e as instituições
públicas como exteriores à sua própria comunidade, contra as quais tem
que se unirem para sobreviverem.
4.
Os ciganos tendem a reagir em grupo, como uma tribo. Um conflito com um
cigano é sinónimo de conflito com um grupo de ciganos. É por esta razão
que mesmos os pequenos conflitos entre eles, atingem facilmente enormes proporções, com consequências quase
sempre imprevisíveis, dada a forma grupal como são assumidos. Esta
actuação em grupo acaba por estimular um sentimento de impunidade no seus
membros. 5.
Neste contexto, não admira que embora desde 1820 a
cidadania portuguesa seja reconhecida a todos os ciganos residentes no país, a
maioria está pouco interessada em exercê-la. A esmagadora maioria mantém-se afastada de qualquer participação
cívica, revelando-se pouco ou nada interessados em contribuir para o Bem Comum.
A
maneira de pensar cigana persiste enraizada em práticas tribais. Este é um dos
aspectos que singulariza a sua cultura, e que levará algumas gerações a alterar.
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