1. Conceito de personalidade
O conceito de personalidade tem origem na
constância que se observa no comportamento do individuo durante um dado
período de tempo em diferentes situações.
A nossa personalidade é o que nos torna únicos, mas também o que nos leva a
actuar de uma forma consistente e previsível.
A constância comportamental pode ser explicada
como uma transferência de aprendizagem. As pessoas tendem a comportar-se
uniformemente porque transferem o que aprenderam numa situação para outra. A
pessoa adquire uma sistema característico e unificado de resposta.
Com base nesta alegada constância julga-se
possível encontrar uma metodologia cientifica capaz de prever o comportamento
dos indivíduos em situações reais da vida. Para que tal seja possível é
necessário:
- Descobrir os princípios do desenvolvimento da
personalidade; - Identificar os factores que a influenciam;
- Descobrir os processos psíquicos que a
regulam. 1.1.Críticas
Está longe de ser consensual que o comportamento
humano seja tão uniforme, como a maioria dos teóricos da personalidade
sustentam.
Múltiplas experiências mostram que o
comportamento dos individuos está longe de ser constante ou coerente e varia
bastante em função das situações.
2. Factores
a)
Hereditariedade. Os especialistas em genética do comportamento, como
vimos, afirmam o nosso comportamento está em parte determinado por uma
combinação particular dos genes. A semelhança do comportamento de gemeos
verdadeiros que foram criados em ambientes diferentes, mas também a
consistência do temperamento deste a infância à adolescência parece apontar
nesse sentido. Não
podemos todavia afirmar que os genes só por si determinem a personalidade.
b)
Meio
c)
Experiências Pessoais
3. Tipos
O teatro e a literatura desde a antiguidade
clássica que identificaram inúmeros tipos de personalidades, que eram facilmente reconhecidos pelos espectadores: o tagarela, o vilão, o ciumento,
etc. A verdade é que nenhum ser humano tem uma personalidade tão simples como
o destas figuras.
Dois célebres médicos deram também o seu
contributo para esta tipologia:
Hipocrates (médico, (c.
460-c. 377 a.C.) dizia que, tal como havia quatro elementos na natureza
(ar, terra, fogo e água), assim existiam também quatro temperamentos humanos,
resultantes de fluidos corporais. Galeno
de Pérgamo (médico, 129-200), com base neste
modelo, definiu os quatro tipos de personalidades: a colérica (temperamental), a sanguínea
(segura de si), a melancólica (taciturna) e a fleumática (de reacção lenta).

No século XX iniciaram-se de forma sistemática
o estudo da personalidade, tentando identificar também os diferentes tipos.
Na década de 40, Willian H. Sheldon criou
um sistema para classificar as personalidades de acordo com a constituição
física das pessoas. Os nomes de cada tipo provêm das três camadas das
células nos primeiros estádios embrionários:
- Ectomorfos (camada exterior que
contém as células da superficie do corpo, aparelho sensorial e sistema
nervoso): individuos magros, ombros estreitos, com temperamento cerebrotónico
-reacções fisiológicas excessivas, atitudes imprevisiveis, socialmente
inibido, gosto pela privação, ascetismo, necessita da privação quando tem
problemas, etc.
- Mesoforfos (camada intermédia que forma
os musculos e o esqueleto): individuos de Estrutura robusta, com temperamento
somatotónico - reacções enérgicas, ausência de piedade, atitudes directas,
dureza psicológica, necessita de acção em caso de problemas, etc.
- Endomorfos (camada interior que origina
os aparelhos digestivos e respiratórios): Individuos gordos, braços curtos,
cabelos finos, com temperamento viscerotónico - reacções lentas, humor
estável, tolerante, contente consigo próprio, sociável, gosto pelo conforto
físico, recorre a outros quando te problemas, etc.
4. Traços
Os traços são disposições do
individuo capazes de lhe determinar uma dada estabilidade comportamental.
Tratando-se de características permanentes, em princípio, são susceptíveis de
serem medidas. Cada individuo possui vários traços, com graus diferentes de
influência na personalidade.
O conceito de termos foi criado por Gordon W.
Allport (1897-1967). Ele começou por examinar de forma
sistemática num dicionário inglês, os termos que podiam ser usados para
descrever a personalidade, tendo encontrado 17.953. Depois de anular os termos
sinónimos, mesmo assim ficou com cerca de 4.504 termos. O problema a seguir foi
hierarquizar estes traços de acordo com a sua influência na formação da
personalidade. Allport propôs então três categorias básicas de traços,
capazes de classificarem todo o tipo de personalidades.
A partir daqui muitos outros investigadores
propuseram outras categorias de arrumação dos traços, com mais ou menos
sucesso. Entre as propostas mais difundidas destacam-se as seguintes:
4.1. Raymond Cattell (1905
– 1998).
4.2.
Hans Eysenck (1916-1997), agrupou um vasto conjunto de traços em duas dimensões
fundamentais:
Extroversão
(sociabilidade)/ Estabilidade Emocional e neuroticismo
(instabilidade emocional)/Introversão, a que mais tarde acrescentou um
terceira dimensão - psicoticismo (distorção da realidade).
A
combinação dos traços numa dada personalidade correspondem a quatro pólos
diferentes, que definem um dado tipo de personalidade:
-
Extroversão, traços típicos: optimismo, impulsividade, actividade, ser
sociável, gosto de entrar e sair, falador, etc. O extrovertido típico é
sociável, impulsivo e tem prazer em novas experiências.
-
Introversão, traços típicos: reservado, insociável, sedentário,
passivo, cuidadoso, pensativo; O introvertido típico tende a ser mais solitário,
cauteloso e lento a mudar.
-
Instabilidade traços típicos: humor variável, agressividade,
sensibilidade, inquietação, ansiedade, rigidez, agressividade.
-
Estabilidade traços típicos: propensão para a calma, capacidade de
comando, segurança em si próprio, confiança, energia.
A mistura de
extroversão-instabilidade,
energias voltadas para o mundo exterior, pode dar origem aos
coléricos, histéricos ou psicopatas.
A mistura de
introversão-instabilidade,
energias voltadas para o mundo interior dos pensamentos e sentimentos, pode dar origem a melancólicos, angustiados, obsessivos, etc.

Interpretação
factorial, segundo Hans Eysenck, da estrutura da personalidade.
A
instabilidade constitui para este investigador a dimensão da neurose.
As
neuroses
dos introvertidos tendem a adoptar a forma de ansiedade, caracterizadas por
sentimentos de angustia, culpabilidade, obsessões, escrúpulos, inferioridade,
depressão, irritabilidade, etc. É preciso dizer que os introvertidos
saudáveis, se tem coisas em comum com os neuróticos, são muito diferentes.
Ambos são não sociáveis e retraídos, mas os saudáveis não receiam ou têm
medo das actividades sociais, apenas não as apreciam.
As
neuroses dos extrovertidos tendem a
tomar forma de histeria e psicopatias, assumindo condutas baseadas em
mentiras, vigarices, roubos, agressões, desobediências, etc.
4.3.
Lewis R. Goldberg e a Teoria dos Cinco Factores (OCEAN)
Os
testes de personalidade. como dissemos, procuram captar estes traços da
personalidade. Revelam-se muito úteis porque permitem perceber a coerência do
comportamento e comparar personalidades.
4.4.
Críticas
Muitos
são os que critica esta visão da personalidade composta por factores, pois
consideram-na artificial, deixando oculta a relação entre os traços.
5.Teorias da Personalidade
5.1. Teoria Psicossexual. Freud
5.2. Teoria da Aprendizagem Social. Dollard e Miller.
5.3. Teoria Psicossocial. Erikson
5.4. Teoria da Auto-Realização. Maslow
6. Medições e Testes
- Técnicas Projectivas. Teste de Rorschach. TAT-
Thematic Apperception Test
- Testes Situacionais (amostras de comportamento)
Carlos Fontes
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