Navegando na Filosofia. Carlos Fontes

Thomas Kuhn 

e a Racionalidade Científica

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Ciclo do Progresso Científico segundo Thomas Kuhn

 

 

Síntese da Matéria

 

 

Thomas Kuhn (1922 - 1997) concebe a evolução da ciência, à semelhança de uma história política, como uma sucessão de revoluções, de rupturas, de alterações mais ou menos rápidas e de substituições dos diferentes paradigmas

Os paradigmas são teorias ou modelos explicativos da natureza. 

O sistema astronómico ptolomaico e copernicano, a relatividade da física, a teoria das placas em geofísica, a teoria da evolução em biologia são paradigmas.

a) Ciência Normal

A fase tranquila (a da ciência normal) caracteriza-se pelo predomínio do paradigma dominante. Todas as explicações científicas são feitas no seu âmbito sem sofrerem contestação por parte da comunidade cientifica. 

"(...) os cientistas esforçam-se, usando todas as suas capacidades e todos os seus conhecimentos, para o pôr cada vez mais de acordo com a natureza. Muito do seu esforço, principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento do paradigma, procura torná-lo mais preciso em áreas em que a formulação original fora, como não podia deixar de ser vaga" , Thomas Kuhn, A Função do Dogma na Investigação Científica, In, Hist. e Prat. das Ciências. Lisboa, 1979

A investigação científica incide sobre os fenómenos que se adequam ao paradigma, e os fenómenos que não se ajustam são desvalorizados ou passam despercebidos.

O trabalho normal do cientista tem como objectivo confirmar as teorias já existentes, de modo a que sejam aceites por todos. 

Lentamente começam a aparecer anomalias, pequenas desarmonias com o paradigma dominante. A comunidade científica procede então a reajustes e reformulações no paradigma. 

b) Ciência Extraordinária ou Anormal

Mas quando já não é possível integrar os novos factos com simples reformulações, a ciência entra em crise. Esta fase é denominada por ciência extraordinária ou anomal.  Sucedem-se as polémicas, os ensaios e os confrontos de hipóteses de solução para os novos problemas surgidos que à luz do paradigma do momento que não os consegue explicar,  inicia-se então uma revolução científica, isto é, a busca de um novo paradigma. 

c) Revolução Científica

Esta crise acaba por conduzir a uma ruptura, um corte no paradigma dominante, dando origem a um novo paradigma.  É nestas fases que a ciência progride verdadeiramente , porque o abandono de um velho paradigma por parte da comunidade científica acarreta uma revisão radical dos seus princípios, dos seus métodos, dos seus critérios de julgamento: 

"Aquilo que, antes da revolução, era para o homem de ciência, um pato, torna-se um coelho", escreve Thomas Kuhn.

A nossa própria visão do mundo é alterada com a mudança de paradigma.

Revoluções deste tipo foram originadas por Galileu, Newton, Darwin, Einstein e Heisenberg.

O novo e o velho paradigmas são normalmente "incomensuráveis", uma vez que correspondem a visões do mundo muitas vezes radicalmente diferentes. 

Síntese:

Kuhn afasta-se deste modo da concepção tradicional do desenvolvimento do conhecimento cientifico, em que o mesmo era visto como um progresso contínuo e ininterrupto no sentido de uma maior verdade. 

A ideia que a ciência progride por acumulação só se aplica à fase da ciência normal, na qual se vão acumulando teorias destinadas a confirmar o paradigma do momento nas suas bases. 

Esta nova visão do progresso científico coloca em evidência o contexto do descobrimento cientifico, isto é, as condições históricas em que as descobertas são feitas, o modo como são justificadas e as cosmovisões que produzem. 

Carlos Fontes 

Carlos Fontes

 11º Ano - Programa de Filosofia 

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