Os valores valem por si mesmos, independente das relações que
os homens possam manter com eles? O mesmo é dizer são absolutos,
intemporais e incondicionados? Ou pelo contrário,
todos os valores são sempre relativos, historicamente determinados? Sobre esta questão existem
duas posições essenciais, a dos que defendem a subjectividade dos
valores e a dos que defendem a sua objectividade.
Subjectividade dos valores: Ao longo da história da
filosofia muitas correntes têm defendido esta posição. Os sofistas
afirmavam, por exemplo, que a verdade ou a moral não passavam de convenções que variavam de sociedade
para sociedade, de indivíduo para indivíduo. F.
Nietzsche afirma que a natureza carecia de valores e somos nós que
lhos damos. J.P. Sartre, ao defender a liberdade humana proclama que
cabe ao homem a tarefa de inventar os seus próprios valores.
Esta concepção assenta na constatação empírica que ao longo dos tempos
os valores estão sempre a mudar. O ideal de beleza numa época, por exemplo,
torna-se num na expressão do mau gosto noutro período histórico.
Objectividade dos valores: A maioria das religiões defende
esta posição. Os cristãos, por exemplo,
apoiados no Novo Testamento declaram que certos valores como o
amor ao próximo e as normas morais são absolutos, isto é, não
dependem das sociedades nem dos indivíduos, uma vez que correspondem à vontade
divina. Na filosofia encontramos a mesma posição em filosófos como Platão. Este
considera que o belo, o bem e o justo existem idealmente como
entidades imutáveis e incondicionadas. Mais recentemente, a
objectividade dos valores foi defendida por filósofos como Max
Scheler e Nicolay Hartmann.
Esta concepção assenta na convicção que em
todas as épocas históricas ou culturas sempre existiram pessoas que tomaram
um conjunto de valores, como o Bem, Belo ou a Justiça como ideais a atingir,
não os identificando todavia com nada de concreto ou circunstancial. Não os
sabendo definir com rigor, sabem todavia muito bem aquilo que não são.