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A
religião pode ser definida como um conjunto de crenças e práticas (ritos),
relativos a certos sentimentos manifestados perante o divino por uma dada
comunidade de crentes, obrigando-os a agir segundo uma lei divina para puderem
ser salvos, libertos ou atingirem a perfeição. Cada religião defende um conjunto de valores cuja
validade pretende ser universal.
1.
Experiência Religiosa
As
manifestações religiosas são tão antigas e estão de tal modo difundidas que nos é difícil imaginar o
Homem sem Religião. Chega-se à religião de múltiplas maneiras, tais como:
a) Família. É o grande veiculo de transmissão das várias crenças
religiosas, sendo-lhes mesmo atribuída esta obrigação;
b) Perguntas fundamentais. A atividade reflexiva dos seres humanos
em volta dos grandes enigmas da sua existência levam-nos frequentemente à
religião, quando outro tipo de respostas se revelam insuficientes. O que é homem? Qual o sentido da sua existência? Qual a origem e o
fim do sofrimento? Como podemos atingir a felicidade? O que é a morte? Existe
uma justiça sobre-humana que castigue os que fizeram outros sofrer e
recompense as suas vítimas? A dimensão do próprio Universo e a sua enorme
complexidade não só causa admiração, mas leva os seres humanos a interrogarem-se
sobre a sua origem e sentido. Ao não encontrarem respostas satisfatórias na ciência para estas
questões, buscam-nas com frequência na religião.
Mas
o sentimento religioso emerge também a partir da própria consciência
que o Homem é um ser finito, limitado, imperfeito, que se
descobre num mundo que não criou e cujo sentido desconhece.
c) Situações trágicas na vida. A morte de um ente querido, uma
doença grave e outras situações limites similares, podem despertar nos seres
humanos uma aproximação à religião, procurando encontrar na mesma esperança,
energia ou conforto para as suportarem ou tentarem superarem-nas.
d) Experiências sobrenaturais. A aproximação da religião é por
muitos relatada como o resultado de um ou mais acontecimentos que viveram em que
tiveram contacto com fenómenos sobrenaturais, que os despertam para outras dimensões da
realidade.
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Uma
das mais célebres fotografias de "fantasmas". Foi tirada em Raynham
Hall, em Inglaterra, em 1936,
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1.1.
Lugares Sagrados
As manifestações do sagrado no mundo profano embora
possam acontecer nas mais variadas locais, tendem a privilegiar mais uns locais
do que outros, tais como grutas, sítios ermos (isolados)e cabos
(locais onde termina a terra e começa o mar) e o alto de montes.
2.Transcendente
Cada
experiência religiosa apresenta-se como uma ligação profunda e envolvente do homem
com o sagrado, na qual se anula na sua individualidade. Sempre
que o homem entra em contacto com o sagrado (o divino, o transcendente)
estamos perante um tipo particular de experiência religiosa.
Todas
as religiões assentam no pressuposto de que existem duas dimensões do real: a
sagrada e a profana.
A
sagrada define-se por oposição à profana, e corresponde a uma realidade que é assumida como perfeita,
divina e dotada de poderes superiores aos humanos, suscitando no homem respeito,
medo e reverência.
A
profana identifica-se com o mundo em que vivemos, sendo apontada como
banal e vista inferior em relação à sagrada (Profano,
do latim pro (diante de ) e fanum (espaço sagrado).
Em
cada religião o transcendente expressa-se sob diversas formas e assume
diversas figuras: Deus, deuses, anjos, espíritos, etc.
3.Crenças
Todas
as religiões apresentam-se como um sistema de crenças e ritos.
As crenças são
representações sobre o sagrado elaboradas de forma mais ou
menos complexa, podendo ou não ser escritas. Estas crenças definem uma
concepção particular do sagrado, os seus poderes e virtudes. É inerente
ao próprio conceito de crença, algo que não é do domínio da razão.
Procurar uma explicação racional para a maioria das crenças revela-se quase
sempre uma tarefa em vão.
Cada religião privilegia certas formas de contacto com o sagrado
em detrimento de outras. Apresenta também uma dada explicação para o sentido do mundo e a existência do próprio homem
(vida, morte, etc), em geral codificada sobre a forma de um conjunto de
ensinamentos doutrinais.
Entre as
crenças associadas ao aparecimento de manifestações religiosas podemos
destacar as seguintes:
A
crença na existência de forças superiores ao Homem, a cujo poder este
estaria submetido. Estes seres que manifestam a sua vontade e
designios no mundo em que vivemos, são assumidos como absolutos,
incondicionados, divinos, transcendentes, não compostos, omniscientes, etc.
Sozinhos ou em grupo constituem uma outra dimensão da realidade,
sendo frequentemente considerada como a única que é verdadeira. O mundo em
que vivemos é encarado como uma mera ilusão, sonho.
A
crença numa ordem e justiça sobre-humana. Esta crença permite ao Homem suportar
não apenas o sofrimento e as injustiças que experimenta no seu quotidiano, mas também
esperar uma espécie de recompensa após a morte do seu corpo.
4. Ritos
Os ritos são um
conjunto de práticas simbólicas através das quais o Homem entra em contacto
com o sagrado, transcendendo a sua condição profana. Estes ritos devem ser executados com grande rigor, caso contrário daí poderão advir funestas
consequências.
Os
ritos evocam quase sempre acontecimentos sobrenaturais ligados à origem do
mundo ou da própria religião. A sua repetição é vivida
como uma actualização desses acontecimentos memoráveis. Repetem-se os mesmos
gestos ou pronunciam-se as mesmas palavras que em tempos imemoriais uma
personagem divina realizou.
Os
rituais são testemunhos públicos das crenças de uma dada comunidade, que ao
praticá-los não apenas reforça a sua unidade, também os sentimentos de pertença dos seus
membros
É
em torno destas crenças e ritos que se estruturam as diversas comunidades de
crentes, acabando por diferenciá-las entre si em termos culturais e sociais.
5. Oferendas
A relação com as entidades divinas implica continuas
manifestações de reconhecimento, submissão, pedidos de perdão, de intervenção ou
simples favores,
que se traduzem frequentemente sob a forma de oferendas de
alimentos, colheitas, sacrifícios de animais ou humanos, dádivas em dinheiro,
etc.
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6.
Moral Religiosa
As
comunidades religiosas são igualmente comunidades morais, isto é, os seus
membros partilham as mesmas normas de conduta, assumem os mesmos modelos de vida
e evitam praticar aquilo que a religião condena. A salvação
individual ou colectiva está dependente do cumprimento da lei divina.
Continuação