1. Acontecimentos e
atos
Vivemos num mundo que não controlamos em todas as suas
dimensões, mas que nos afecta de diversas formas e solicita continuamente a
nossa resposta activa.
Designamos por acontecimentos, as coisas que
ocorrem num dado momento e lugar. Os acontecimentos, na sua maior
parte, são eventos que nos afectam, mas cuja produção não dependem da nossa
vontade, por exemplo, o que se está a passar à nossa volta: o carro que passa na
rua, a chuva que está a cair, o barulho ao longe de um avião, etc.
Designamos por atos os movimentos ou gestos
voluntários ou involuntários que são executados por quem os pratica.
2. Ação
Humana
O conceito ação humana,
envolve os atos praticados por um agente. Vamos aplicá-lo apenas às acções que são realizadas de forma
consciente e voluntária por alguém, onde existe uma clara intenção de produzir um dado efeito
(acontecimento).
Neste conceito de ações humanas, por exemplo,
não podemos incluir comportamentos que realizamos de forma espontânea,
reflexão, automática ou reactiva, tais como pestanejar, transpirar, digerir
alimentos, ressonar, envelhecer, etc.
3. Fazer e Agir
Entre as ações intencionais, podemos ainda
distinguir as que
visam "fazer" algo e o "agir".
Fazer:
aplica-se à nossas ações em que temos em vista a execução
ou a produção de determinados efeitos num qualquer objecto. Trata-se
de uma actividade centrada em objectos, que envolve uma série de
ocorrências distribuídas no tempo, implicando frequentemente
conhecimentos prévios de natureza técnica.
Agir:
aplica-se a todas a outras acções intencionais que livremente
realizamos e de que somos facilmente capazes de identificar os motivos
porque fazemos o que fazemos. Nestas acções sentimo-nos directamente
responsáveis pelas consequências dos nossos actos. Estamos
implicados nas escolhas que fazemos.
Os
construtores (1950), pintura de Ferdinand Léger
4. Rede conceptual da Acção
Na análise da acção humana,
podemos descobrir um conjunto de momentos ou fases que constituem a sua
estrutura ou rede conceptual:
- consciência (percepção do sujeito ou agente como autor da ação)
- Vontade (capacidade de escolher, querer)
-
agente
(o sujeito, actor ou agente que pratica a ação)
- intenção
(o que o agente da ação tem em vista atingir, o objectivo, propósito ou
projecto)
- Fim ou finalidade (o objectivo último da
ação, para quê é feita a ação)
- motivo
(a razão apresentada para justificar a ação)
- causa
(a razão nem sempre evidente que motivou a ação)
- deliberação
(a análise das condições da ação, dos seus objectivos, motivos,
opções, vantagens e desvantagens).
-
decisão (a manifestação de uma escolha ou
opção). Momento fundamental do ato voluntário, quando a consciência determina a
vontade.
- meios (aquilo a que o agente recorre para
realizar ou atingir os seu objetivos)
-
execução
(a realização da opção escolhida)
-
resultados ( o que o agente realizou ou conseguiu)
-
consequências ( o modo como o resultado da ação afecta outros ou nós
próprios)
Carlos Fontes
Só Deus (1856), Francisco Metrass
Não Aceita a Resignação, Nicola Bealing (1963-)