Ninguém duvida da importância da
avaliação. Sem ela andaríamos às cegas na introdução de medidas de
recuperação e aperfeiçoamento em todo o processo de ensino-aprendizagem. A
avaliação deve ser pois extensiva a todo o sistema, e não apenas focalizada nos alunos.
Esta é a condição imprescindível para a
melhoria da qualidade da educação. Embora sabendo tudo isto, este facto não
impede a angústia do professor quando os seus alunos são avaliados.
A avaliação destes é sentida como uma avaliação das suas próprias capacidades. Todos os "falhanços" são
assumidos como a prova de que não fez tudo o que devia, ou pelo menos do modo
mais adequado.
A avaliação torna-se então um factor que aumenta um difuso
sentimento de culpa nos professores, algo que deve ser evitado ou diminuído na
sua efectiva importância. Uma das razões desta atitude está em alguns
pressupostos do que é ser-se professor. No íntimo, qualquer professor está
convencido que faz parte da sua profissão a capacidade de mudar os alunos,
mesmo quando estes não querem. Daí que interprete todos os pequenos sinais de
alteração nos alunos, como o resultado da sua acção. A prática
lectiva acaba por relativizar esta crença.
O professor convive mal com a
ideia de que a sua capacidade de influenciar é bastante limitada e, mais do que
isso, de que não existem receitas infalíveis para o fazer.
Carlos Fontes
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