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As escolas portuguesas vivem um terrível paradoxo, apesar da efectiva melhoria das condições de trabalho dos professores, os resultados escolares continuam a ser mediocres. Muitas das desculpas que em tempos foram sistematicamente apresentadas para explicar o insucesso dos nossos alunos, deixaram de fazer sentido.

Não faltam hoje Faculdades e Escolas Superiores de Educação em número superior às necessidades do país, multiplicam-se os estudos sobre os diferentes aspectos da realidade escolar, proliferam as publicações sobre temáticas educativas, não faltam também acções de formação contínua para todos os professores, o rácio alunos-professores é o mais baixo de toda a Europa, muitos dos horários são feitos não para profissionais que trabalham numa escola, mas para pessoas muito ocupadas que duas ou três vezes por semana passam pela escola para debitarem o seu saber.

Apesar disto, e talvez por isto, os resultados são o que são. Não me parece que os nossos alunos sejam menos dotados que os dos restantes países europeus. Onde está a causa dos insofismáveis mediocres resultados do sistema escolar português?  

Para quem trabalha numa escola secundária, não é difícil inventariar algumas das causas do falta de eficácia e eficiência do sistema. Entre elas, está certamente a arrumação dos horários diurnos no ensino secundário em dois turnos. Fazem-se verdadeiros malabarismo para encaixar as diferentes disciplinas no horário de uma turma no turno da manhã ou da tarde. A medida justificou-se, em tempos, quando face à explosão escolar o número de estabelecimentos era mínimo para o número de alunos.

As recomendações pedagógicas foram então mandadas às urtigas face à necessidade de expansão do sistema. Mas hoje faz algum sentido continuar a violentar os nossos alunos?

As consequências desta anti-pedagógica organização de horários faz com que, por exemplo, os nossos alunos do turno da tarde continuem a ter aulas de educação física depois da hora do almoço ou matemática ao fim do dia, etc, etc. Se tivermos em conta, este e outros factos, teremos talvez que concluir que os nossos alunos são efectivamente brilhantes, atendendo à organização pedagógica que as escolas lhes facultam.    

Carlos Fontes

 

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