As escolas vivem um período de profundas
mudanças cujas implicações são ainda difíceis de avaliar. Uma das
causas destas mudanças está na crescente demissão dos pais na educação dos
filhos. Face a esta situação, o poder político, resolveu atribuir
às escolas as funções que antes cabiam às famílias.
Os
professores, enquanto instrumentos desta política voluntariosa,
deixaram de ter como missão a transmissão de saberes. A sua principal actividade parece
ser agora a de acompanharem a vida dos alunos. A sua atenção deve
ser permanente para descanso de todos.
Para que esta
tarefa seja cumprida com a eficácia socialmente requerida, os
professores desdobram-se em procedimentos de controlo, pesquisa e
transmissão de informações sobre cada um dos alunos. Nada lhes deve
escapar. Mas o poder político não confia nos professores, nem
acredita que os pais voltem a reassumir a educação dos filhos. É
por isso que procura que estes se envolvam na vida das escolas, numa
tarefa menos arriscada do que educar um filho. Eles devem agora
controlar os professores no controlo que fazem dos seus filhos.
Basta-lhes exigirem maior celeridade e eficácia, e sobretudo menos
maçada.
O resultado deste voluntarismo é a secundarização da
actividade docente e a revalorização dos procedimentos burocráticos
nas escolas.
Carlos Fontes
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