A
invasão do Iraque pelos EUA, é neste contexto, o sinal da nova desordem
mundial: nela a retórica dos princípios foi substituída pela afirmação
sem complexos dos interesses estratégicos da única grande potência mundial.
Os EUA não escondem que: Não
precisam da ONU, nem de consensos mundiais para nada. Fazem a guerra a quem
quer que seja sempre que considerem que os seus interesses o justificam.
Neste
neste momento, consideram vital para a sua economia o controlo das regiões do mundo
onde se concentram as maiores reservas mundiais de petróleo do mundo,
nomeadamente do Golfo Pérsico onde se situam mais de 66% das reservas
mundiais de petróleo. O Iraque, com cerca de 11% das reservas mundiais,
oferecia todas as condições para alargar o
domínio dos EUA na região, abrindo-lhe as portas para uma expansão para o
continente Asiático. Estava enfraquecido por mais
de 20 anos de guerras, por conflitos étnicos e sanções da ONU.
A sua invasão e ocupação afigurava-se rápida e barata, face ao
benefícios que daí podiam resultar para a economia norte-americana.
A tudo isto se juntava outros argumentos de peso, capazes
de justificarem no plano internacional esta invasão. O Iraque:
Desenvolvia e fabricava
armas de destruição maciça; Apoiava o terrorismo
mundial; Era uma das mais sanguinárias ditaduras no mundo;
A verdade é que estes argumentos não passavam de
mera retórica política. Os EUA nunca conseguiu provar que o Iraque tivesse
armas de destruição maciça, nem sequer que apoiava organizações
terroristas. Quanto à brutalidade da sua ditadura, era em tudo idêntica a
outras que são apoiados e financiados pelos próprios EUA. Feitas as
contas, o único motivo que justificava a invasão era sempre o mesmo: o
petróleo iraquiano. Um dado novo entretanto ocorreu logo após a invasão.
Para uma boa parte da opinião pública mundial:
O sanguinário Saddam tornou-se num mártir da luta da independência de um
país brutalmente atacado; A libertação de
ditadura de um povo, prometida pelos EUA, começa a surgir como uma máscara
odiosa para esconder a imposição de um regime neocolonial, cujo objectivo
será garantir o saque dos recursos naturais de um país.
G.Bush encarna
cada vez mais, a imagem do Imperador paranóico que ameaça a comunidade
internacional.
Os EUA fazerem o mais difícil na
Guerra do Iraque ao transformar:
Um sanguinário ditador num herói mundial.
Uma
"guerra de libertação" do povo iraquiano numa
invasão sangrenta que visa impor a um país independente um regime neocolonial,
sob o domínio dos EUA (ver imagens).
Uma
acção internacional, sob a égide da ONU, numa acção unilateral contra um
país islâmico, promovendo conflitos éticos, religiosos e civilizacionais.
Estes
factos são tanto mais preocupantes, quanto é sabido que os EUA estiveram na
origem de instituições internacionais como a ONU, e hoje promovem a sua
marginalização, assim como ignoram o direito internacional que durante
décadas defenderam como fundamento para o relacionamento entre os povos do
mundo.
Por tudo isto, os EUA, parecem estar a
tornar-se numa séria ameaça para paz mundial.
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