Memórias da Emigração Portuguesa em França

 

 

 

Filhos de emigrantes portugueses num 

"bidonville" de Paris (Anos 70)

 

EMIGRAÇÃO PORTUGUESA PARA FRANÇA

As relações entre Portugal e a França remontam ao século XII.Uma princesa portuguesa foi, por exemplo, rainha de França. Durante séculos o principal fluxo de emigrantes foi da França para Portugal, embora muitos portugueses também se estabelecem neste país.

A grande emigração para França é algo relativamente recente, data do final dos anos 50 do século XX, quando cerca de 1,5 milhão de portugueses emigraram para este país. Em 1990 registavam-se neste país um total de 798.837 pessoas de origem portuguesa (603 686 mil haviam nascido em Portugal  e 195 151 em França). A maioria destes emigrantes está hoje muito bem integrada na sociedade francesa, tendo uma crescente influência política.  

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Bairros da Lata

"Bairros da Lata: Trata-se da forma de habitação e de "acolhimento" mais conhecida dos trabalhadores portugueses da região de Paris: um exemplo bem célebre desse tipo de alojamento é o bairro de lata de Champigny, onde residiam, em 1967,  14.025 portugueses e que foi também durante cerca de 10 anos, centro de distribuição destes trabalhadores para toda a França. Por esta razão também se chamou a este bairro (hoje quase desaparecido). "A Capital dos portugueses em França". Actualmente, os bairros da lata de Nanterre, S. Dinis, La Courneuve, etc., são os maiores e e mais conhecidos na referida região". António Teixeira de Sousa, O Emigrante Português em França-Condições de Habitação e de Trabalho. 1973.

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A emigração de portugueses para França entre 1961e 1974, é um dos episódios mais impressionantes da história contemporânea de Portugal, constituindo uma verdadeira debandada do país. 

A emigração para França não era em si mesma uma novidade. Desde que Portugal se constituiu como um Estado independente, no século XII, milhares de portugueses emigraram para este país por diversos motivos. Muitos aí se estabeleceram para desenvolverem actividades económicas, outros para fugirem a perseguições políticas e religiosas, muitos também para estudar. 

Em finais do século XIX, as estatísticas francesas, como refere Joel Serrão, registam um aumento crescente no número de imigrantes portugueses. De cerca de 200 em 1876 passam para 1.300 dez anos depois. O maior aumento deu-se contudo, após a 1ª. Guerra Mundial, quando se fez sentir a falta de mão-de-obra para a reconstrução deste país. Em 1921 regista-se já 10.800 imigrantes portugueses a residir em França, subindo este número para 28.900 em 1926, para atingirem os 49.000 em 1931 (dados oficiais).  Nos anos trinta e quarenta o seu número diminui, mas logo no início dos anos 50 recomeça o fluxo emigratório. Entre 1951 e 1960, emigraram para França 17.851 portugueses. 

A emigração que ocorre a partir de meados dos 50 tem uma natureza muito distinta da anterior. Estaé marcada por uma profunda descrença nas capacidades de desenvolvimento do país, sob o jugo de uma ditadura desde 1926. O aumento da informação do que se passa no resto na Europa, não deixam dúvidas: a única forma de fugirem fugirem às condições degradantes em que viviam e trabalhavam em Portugal era rumarem a Europa além Pirenéus.

Em 1950, apenas se registam 314 emigrantes. Quatro anos depois  são já 747 para em 1965 atingirem os 1.336. Em 1958 serão 6.264. A partir daqui os números disparam. Em 1970, atinge-se o valor record: 135.667 indivíduos num só ano.

Entre 1958 e 1974, cerca de um milhão de portugueses instalam-se em França, dispostos a trabalharem em tudo o que lhes apareça. As formas brutais da sua exploração  começam em Portugal, com as redes que os transportam até à fronteira, e não raro os abandonam pelo caminho. Muitos portugueses morrem neste percurso. Em França são vítimas de todo o tipo de discriminações no trabalho, no alojamento e nas mais pequenas coisas do dia-a-dia, uma humilhação que a custo suportam. Muitos poucos esperam enriquecer, mas todos esperam  conseguirem uma vida mais digna que lhes é recusada na própria terra. Trata-se de uma verdadeira vaga, em grande parte clandestina, contra a qual todas as leis se revelam ineficazes. Em poucos anos despovoam-se regiões inteiras abrindo-se profundas rupturas na suas estruturas económicas, sociais e culturais. Nada voltará a ser como dantes!    

A imagem que a comunicação social francesa veicula destes emigrantes é frequentemente a pessoas de baixíssimo nível cultural e sobretudo despolitizadas, quase sempre ligados a profissões desqualificados. As mulheres são "todas" porteiras e os homens "todos" operários da construção civil. Imagem que está longe de traduzir a diversidade das suas ocupações e qualificações profissionais.

A emigração para França continua até ao presente, embora agora seja pouco expressiva.

Os portugueses, embora em grande número na região de Paris, acabam por se dispersar por toda a França.  Na Córsega, por exemplo, ainda em 2004, existia uma importante comunidade de portugueses (cerca de 13 mil ). 

Carlos Fontes

 

 

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Sites  comunidade portuguesa

Portugal Vivo  (França).

Luso Planet ( http://lusoplanet.free.fr )

Luso Lyon (França, Lyon )

PortugalMania ( França).

All Portugal (França)

Luso.fr (França)

Portugueses do Mundo (França)

Lusitanie  (França).

Vialuso (França)

 

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