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( VIII )
Preso Político ?
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1. O que é um preso político?
Um preso político é alguém que pelas
suas ideias políticas sobre a sociedade é que vive, foi perseguido e
foi-lhe retirada a sua liberdade de se expressão e de circulação
ficando retido às ordens da policia.
Um preso político não pode ser
confundido com um político preso por quaisquer outros motivos que não as suas
ideias, por exemplo, corrupção.
2. Pode um regime democrático admitir a
existência de presos políticos?
Pode e tem-nos.
Os que defendem ideias contrárias
à democracia, como o fascismo ou o racismo, estão proibidos de expressar em
público as suas ideias.
O fundamento destas perseguições
está no facto de colocarem em perigo a liberdade de expressão, e o princípio da
igualdade de todos os seres humanos face à lei. A liberdade tem como limites as
ações que podem colocar em perigo a própria liberdade.
É neste sentido, que estão
proibidas em Portugal, como na generalidade dos países europeus, os movimentos
racistas e fascistas, nazis, etc.
3. Direitos dos Presos
A condição de preso, não lhe
retira todos os direitos, incluindo a presunção da sua inocência até prova em
contrário. Direito especialmente relevante quando o preso ainda não foi julgado.
Todos os presos, enquanto seres humanos, tem o direito inalienável à serem
tratados de forma digna, principio basilar dos direitos humanos.
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4. Sócrates foi preso pelo que fez ou pelo
facto de ter sido primeiro-ministro? |
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5. Perseguição
Uma das coisas que no futuro os
historiadores tentarem compreender é porque um político, no princípio do século
XXI, foi perseguido de forma sistemática por jornais e as diversas corporações
judiciais.
5.1. Jornais
Sócrates foi alvo de uma campanha
pública de difamação desde 2004, movida por jornais ligados à direita
portuguesa, com destaque para o Sol e Correio da Manhã. Quase diariamente
publicavam noticias sobre a sua vida pública e privada, mas também dos seus
familiares, acusando-o de corrupto e de levar uma vida que não era
sustentável com os seus rendimentos.
Nesta perseguição estes e outros
orgãos de informação alegaram sempre que se apoiavam em informações fornecidas
pelas várias polícias do estado.
Sócrates ao contrário de outros
políticos moveu também de forma sistemática processos judiciais a todos os que o
difamavam na opinião pública, procurando-lhe fixar uma imagem negativa.
5.1.1 Queixas à Entidade
Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
Queixou-se à ERC pela
perseguição que Correio da Manhã lhe fazia. A 14/2/2014 o conselho da ERC
reprovou a atuação difamatória do jornal, sendo citados 14 jornalistas, entre os
quais estavam o director e outros três membros da direção. A pulhice das
"notícias" deste jornal ultrapassavam todos o limites da deontologia da
profissão.
Ainda em 2014 foram apresentados
à ERC mais três queixas contra o Correio da Manhã: um de Sócrates por difamação
(16/10/2014), outra em Novembro e outra sobre as noticias que publicou no dia da
sua prisão. O Correio da Manhã, como é seu hábito, passou a acusar os membros
da ERC de serem uns corruptos, mostrando a irrelevância e descrédito desta
entidade reguladora da comunicação social.
5.1.2. Processos em Tribunal
No século XIX estes casos de
difamação jornalística resolviam-se através duelos ou à bengalada. José Sócrates
tem recorrido aos tribunais, uma prática expectável num estado de direito.
Alguns destes casos:
Em 2009 processa o
jornalista João Miguel Tavares por um artigo claramente ofensivo "(José
Sócrates, o Cristo da política portuguesa»). Este jornalista foi logo contratado
pelo Correio da Manhã, dedicando-se mais tarde no jornal Público a desenvolver
uma sistemática campanha de difamação do ex-primeiro ministro.
Em Fevereiro de 2013 moveu um
processo contra o Correio da Manhã por difamação:
a) Processo da Octapharma - Pedido
de indemnização de 250 mil
euros;
Em 2014 moveu dois processo
contra o
Correio da Manhã por difamação:
a) Processo de Alegado
Enriquecimento Ilícito - Pedido de indemnização de 250 mil euros;
b) Processo do "Monte Branco" -
Pedido de indemnização de 500
mil euros.
Face aos montantes das indemnizações
pedidos só nestes processos compreende-se porque o Correio da Manhã está
particularmente interessado em manter Sócrates na prisão.
5.2. Sindicatos Judiciais
Em parte nenhuma do mundo se
assistiu a uma aliança entre o jornais e as estruturas sindicais ligadas à
justiça para derrubarem um político. Pelo seu carácter inédito merecerá uma
profunda reflexão:
-
Sindicato dos Magistrados do
Ministério Público (SMMP).
O Presidente do Sindicato - João Palma - em 2010, não poupou nas críticas à
Sócrates, nomeadamente pelo mesmo ter retirado muitas privilégios que os
magistrados desfrutavam (Sol, 19/11/2010). No inicio do ano atacou o Conselho
Superior do Ministério Público acusando-o de ser um palco de “disputas
políticas”, criticou o procurador-geral da República (PGR), Pinto
Monteiro, por não investigar José Sócrates em tudo o que o pudesse
incriminar no processo Face Oculta. A guerra do Sindicato contra o então
primeiro ministro era sistemática, assim como o rol de suspeições que eram
lançadas na opinião pública.
Nesta altura, o conhecido sociólogo
António Barreto (Expresso, 27/02/2010) veio a público afirmar que os magistrados
não só informavam os jornais sobre casos em segredo de justiça, como suspeitava
que eram pagos por estes serviços. O SMMP remeteu-se na altura ao mais completo
silêncio sobre estas afirmações.
-
Associação Sindical dos Juízes
Portugueses (ASJP). A
guerra dos juízes contra José Sócrates disparou quando este lhes retirou vários
privilégios, tais como as férias judiciais e o subsistema de saúde.
Em Outubro de 2010, esta a ASJP avançou com um pedido para apurar
as despesas que os vários gabinetes dos governos de José Sócrates, de forma
saber as despesas com cartões de crédito, telefones fixos e móveis, pagamento de
despesas de representação e outros subsídios. No final do ano, a ASJP já andava
envolvida na polémica sobre o sistema de saúde que abrangia o cidadão
Sócrates... O alvo era naturalmente apurar as despesas que Sócrates fazia,
tentando-o de alguma forma incriminá-lo.
Em Março de 2012, o Ministério
Público, abriu um inquérito-crime movido pela ASJP, no qual eram visados 14
ministros dos governos de Sócrates (2005-011) por peculato e abuso
confiança.
O juiz Rui Rangel, presidente da Associação de Juízes pela
Cidadania, veio a publico afirmar que a ASJP (2) estava a enveredar pela perseguição
politica de José Sócrates (1).
A guerra continuava, e a vingança era certa. O
Correio da Manhã, a 16/2/2014, em manchete afirmava: "DIAP investiga cartões
de Sócrates". Acontece que Sócrates enquanto foi primeiro ministro
nunca teve cartões de crédito...
-
Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ).Embora
esteja submetidos às ordens dos juizes, a verdade é que estes oficiais tem vindo
a ser acusados de estarem envolvidos naquilo que António Barreto apontou para o
negócio do "segredo de justiça". José Sócrates e os seus advogados ainda
recentemente só foram informados depois dos jornalistas o serem, quando segundo a
lei deveriam ser os primeiros.
-
Sindicato dos Guardas Prisionais.
As contas que tinha a ajustar com Sócrates tem-nas feito depois que este foi
transferido para a prisão de Évora. Este sindicato veio para a comunicação
social protestar contra certos privilégios que Sócrates teria nesta prisão
"superlotada": usa o telefone mais do que deve, tem botas de meio cano, um
cascol do Benfica, um edredão, etc, etc. Protestos que já entraram no rol das
anedotas nacionais.
A relação não é completa, e os casos
citados são meramente exemplificativos, mas bastam para se perceber como afirmou
o juiz Rui Rangel que politicamente os sindicatos ligados à justiça pretendem ajustar contas com José Sócrates, pelos
privilégios e remunerações que cortou aos seus membros enquanto foi primeiro
ministro.
O caso de Sócrates está envolto em
manobras politicas no sentido de favorecerem o actual governo do PSD/CDS-PP. O
Jornal de Noticias, ainda recentemente chamou à atenção para o possível "pagamento"
destes "favores" :
a) "Juízes são os primeiros a ter
aumentos no pós-troika", título do DN, 8/10/2014
b) Coincidência ou não, depois da
prisão de José Sócrates, veio a publico que estava em marcha uma novo aumento
para os juízes, sob a forma de um "subsídio de exclusividade", em princípio para
substituir o actual subsídio de compensação de renda de casa (de 680 euros)
auferido pelos mesmos (Publico, 5/1/2015). Algo que o Sindicato dos
Funcionários Judiciais considerou uma "ofensa" à sua classe (Lusa, 5/1/2015).
Se um come, todos tem o direito de também comerem.
5.3. De Insuspeito a Culpado
Com a mudança governo em 2011, mudou
também o modo de fazer justiça em Portugal. A nova ministra da justiça fez
questão de afirmar que tinham acabado os tempos da impunidade. O melhor exemplo
desta mudança política é o processo de Sócrates.
Em Cândida Almeida, que foi
directora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal até 2013,
numa entrevista ao programa programa do Económico TV (30/1/2015), confessou ter
ficado “surpreendida” por José Sócrates. Segundo ela, todas as investigações que
a Polícia Judiciaria fez durante largos anos a Sócrates não encontrou
nenhum dos “indícios dos crimes que agora lhe são imputados”. Indícios que foram
amplamente encontrados, em 2013 e 2014, por uma equipa de inspectores
tributários de Braga, numa ação que segundo o sindicato destes inspectores
se revestiu de natureza política...
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6. Prisão Preventiva
Um preso preventivo é alguém que
pelos indícios de crimes que tenham sido recolhidos pelas autoridades, possa
constituir um perigo estar em liberdade: constitua um perigo à paz social, possa
fugir ou perturbar as investigações em curso.
As consequências desta prisão
preventiva são enormes, tanto para serão considerados culpados, como para os
inocentes:
- O preso vê-se privado da
liberdade, do contacto com os seus familiares, de obter meios de subsistência. A
sua reputação social é arruinada, pondo fim a inúmeras carreiras profissionais,
etc.
- O preso passa a carregar o ferrete
da prisão e da culpa da opinião publica.
Portugal foi durante anos um dos
países com maior número de presos preventivos. Os juizes faziam uso deste
recurso de forma indiscriminada.

Após dois meses em
prisão preventiva, sem ser acusado de nada, o Correio da Manhã (26/1/2015),
afirma que o procurador considera que existe um "risco crescente de perturbação
de inquérito, pelo que Sócrates deve manter-se na prisão. O objectivo já
tinha anunciado este jornal era mantê-lo preso durante vários anos sem culpa
formada....
Em que contexto político
ocorreu a prisão?
1. Nos dias
anteriores à prisão de Sócrates todas as sondagens davam em caso de eleições uma
vitória esmagadora ao PS, o principal partido da Oposição.
No dia anterior
à consagração do novo líder
político do PS, ocorre a prisão de Sócrates. Desta forma as atenções foram desviadas para a
sua prisão.
2. A prisão ocorreu
a menos de um ano das eleições legislativas, no qual o governo de direita tinha
uma enorme factura a mostrar aos portugueses: uma dívida pública superior a 134%
(no tempo Sócrates não ultrapassou os 90%); a venda aos desbarato das principais
empresas públicas ou com capital público, caos na justiça, educação, saúde, etc.
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7. Interesses Económicos
Depois de Sócrates ter ganho as
segundas eleições legislativas em 2009 com 36,5%.dos votos expressos,
recrudesceu a campanha da direita em Portugal para o derrubar. O mentor
desta campanha, como é reconhecido, foi o actual presidente da República anibal
cavaco silva, antigo líder do PSD.
A direita, como veremos, estava
mais do que nunca apostada em chegar de novo ao poder, para pôr em prática um
vasto programa de privatizações e entrega a privados de múltiplas funções sociais
que o estado tem assegurado.
Sócrates era um obstáculo? A sua
política assentava no reforço e modernização de muitos serviços públicos
cuja privatização era reclamada por grandes grupos económicos. Vejamos apenas
três exemplos, onde Sócrates apostou e investiu na sua modernização largos
recursos públicos:
-
Modernização da rede de ensino
público. NUNCA se
investiu tanto em educação, nomeadamente na modernização e equipamento das
escolas, universidades, politécnicos e institutos como durante os governos de
Sócrates. A despesa do estado na educação em % do PIB em 2010 foi de 4,8%,
apesar da crise de 2008 (Fonte: Pordata).
Sócrates foi permanente confrontado
com uma campanha contra os gastos no ensino público, advogando a sua
privatização.
Os investimentos na educação pública
foram vistos como um entrave à sua privatização.
-
Modernização dos hospitais e
centros de saúde públicos.
Tendo em conta o seis anos que
Sócrates governou Portugal (2005-2011), é igualmente unanime que NUNCA se
investiu tanto na criação e modernização de hospitais e centros de saúde. Basta
recordar a criação dos novos hospitais de Amadora-Sintra, Cascais, Braga,
Loures, Vila Franca de Xira, etc. A despesa do estado na saúde em % do PIB em
2010 foi de 5,4%, apesar da crise de 2008 (Fonte: Pordata)
O sector da saúde é de longe o mais
cobiçado por grupos económicos portugueses e internacionais que defendem
abertamente que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) deve ser desmantelado e
entregue a privados. A campanha foi e é feroz na imprensa, como na televisão. Na
TVI , por exemplo, todas as semanas Medina Carreira advoga o fim do SNS, e o
desmantelamento do chamado "Estado Social".
-
Modernização dos canais de radio e
televisão publicos. O
espaço da lusofonia e a dispersão das comunidades de portugueses pelo mundo,
exige um esforço público pela manutenção de rádios e canais de televisão que
mantenha e potencie os seus laços. A verdade é que a direita portuguesa defende
deste os anos 90 a privatização deste "serviço público":
- Afirma que os canais publicos
tiram audiências (concorrem ) com os privados.
- O problema é todavia político: os
proprietários dos principais meios de comunicação em Portugal que são na sua
maior parte estrangeiros (angolanos, espanhóis e suiços), defendem através
dos seus serviçais uma politica neoliberal que reduza o estado à sua expressão
mínima. A "opinião pública" deve ser formatada neste sentido, não podem haver
"vozes" dissonantes.
É fácil perceber que o "bolo" que
pode resultar da privatização da educação e da saúde é suficientemente
apetecível para se financiar durante anos uma campanha na comunicação social a
denegrir um político, como Sócrates, que tenha investido na modernização
dos serviços públicos. |
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PSD confessa que a
Justiça está Partidarizada em Portugal
Paulo Rangel,
eurodeputado do PSD, numa sessão partidária, a 29 de Agosto de 2015, em Castelo
de Vide, afirma
que a justiça em Portugal obedece a orientações partidárias, não é independente.
Não existe separação de poderes. Os juízes cumprem ordens dos diretórios
partidários, investigam e condenam por encomenda !
Ficaram
célebres as suas palavras, ainda que proferidas em período pré-eleitoral:
"Alguém acredita que se o PS
fosse governo um primeiro-ministro seria investigado? Alguém acredita que o
maior banqueiro seria investigado?". O mérito e demérito da justiça em
Portugal não está nos seus agentes, mas no PSD.
O Sindicato
dos Magistrados do MP (31/08/2915), sentindo-se ofendido por aquilo que é uma
evidência pública, acusou o PSD de ter uma "lógica totalitária" e de "ignorar a
constituição portuguesa".
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Carlos Fontes |
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O PCTP/MRPP
sustenta a prisão de Sócrates foi motivada por razões políticas, falando de um
"verdadeiro golpe de Estado em curso", cujo objectivo é "consolidar o poder do
actual governo e coligação de traição nacional PSD/CDS", através da perseguição
dos partidos de esquerda. Sócrates é o primeiro preso político desta ofensiva da
direita.
"Sobre
a prisão de Sócrates – Contra-revolução em marcha"
Publicado em: 22-11-2014
A rocambolesca e provocatória prisão de José Sócrates realizada ontem à noite
pela Policia Judiciária constitui um verdadeiro golpe de Estado em curso,
desencadeado por intermédio daquela polícia e que visa directamente os partidos
à esquerda do PSD.
Como é sabido, o PCTP/MRPP nunca morreu de simpatias por José Sócrates e pelo
seu governo, um dos piores que o país teve.
Mas não é isso que agora está em causa, quando a Polícia Judiciária, pela mão de
famigerados justiceiros como Rosário Teixeira, com a cobertura de agentes do
Ministério Público e de juízes como Carlos Alexandre, depois de ter abortado
prematuramente a Operação Labirinto no caso dos vistos gold, permitindo que
Miguel Macedo e outros altos quadros do Estado, do governo e do PSD pudessem
escapar à prisão; depois de deixar à solta Ricardo Salgado, chefe do maior gang
de gatunos e financiador das campanhas eleitorais de Cavaco e do PSD, e de não
tocar em Paulo Portas e Durão Barroso, a mesma PJ e ministério público decidem
precisamente prender uma importante figura do Partido Socialista, com quem os
actuais dirigentes do PS mais se identificam politicamente.
Isto não sucede, obviamente, por acaso e segue-se a anteriores operações de
assassinato político contra altos dirigentes do PS, como foi o caso de Ferro
Rodrigues e, mais recentemente, com a aplicação de pesada pena de prisão a
Armando Vara.
O PCTP/MRPP considera que a actuação da Polícia Judiciária, do ministério
público e da polícia política (as secretas SIRP e CIS, que são quem, em boa
verdade e na sombra mandam de forma incontrolável) é apenas orientada para
atingir e perseguir os partidos de esquerda e consolidar o poder do actual
governo e coligação de traição nacional PSD/CDS, impondo-se, por isso, a adopção
de medidas urgentes e radicais em matéria de composição dos Conselhos Superiores
da Magistratura e do Ministério Público e das polícias políticas para travar o
golpe de estado em curso.
Por último, o PCTP/MRPP não pode deixar de denunciar o facto de o presidente da
República estar a colaborar objectivamente com aquele plano, pois fecha os olhos
e deixa passar uma situação que é, para todos os efeitos, de manifesto irregular
funcionamento das instituições democráticas e de crise constitucional, e se
recusa a usar dos seus poderes para dissolver a Assembleia da República e marcar
logo as novas eleições legislativas, que dê uma nova oportunidade à democracia
constitucional.
Lisboa, 22 de Novembro de 2014
A Comissão de Imprensa
do PCTP/MRPP
Correcção:
As referências feitas ao envolvimento directo da Polícia Judiciária na prisão de
José Sócrates devem ter-se como sendo da Autoridade Tributária e Aduaneira,
lapso que, obviamente, em nada altera as considerações de fundo feitas nesta
nota."
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Notas :
(1) Rui Rangel - Democracia e
Demagogia, 16/3/2012:
"Entre a democracia, que
pressupõe a transparência na vida pública e a responsabilidade pela gestão dos
dinheiros públicos, e a demagogia, vai uma fronteira muito pequena. Ser um bom
democrata e defender as virtudes da democracia não significa ser um bom
demagogo. Fiscalizar os actos praticados pelo poder político na gestão da coisa
pública é sem dúvida uma tarefa fundamental, quando se pedem tantos sacrifícios
aos portugueses.
Não é tarefa fácil ser-se democrata, mais a mais nesta democracia onde nenhum
dos pilares que a estruturam se mantém intocável. A crise de confiança instalada
entre o cidadão e os vários poderes públicos, incluindo, naturalmente, o poder
judicial, fala por si.
A demagogia vive e sobrevive no "ventre" da democracia e aproveita-se de todas
as fragilidades desta.
Mas para se ser um bom demagogo é preciso ter arte e engenho. Os dirigentes
da Associação Sindical dos Juízes, com a queixa-crime que anunciaram deduzir
contra alguns ministros do Governo Sócrates, por gastos a mais com cartões de
crédito, telefones e outras despesas, não estão a ser bons democratas. Antes uns
fracos e frágeis demagogos, com uma consciência de ajuste de contas. E o mais
grave é que nem sequer foram bons dirigentes sindicais, desprestigiando a classe
dos juízes com esta iniciativa. Tenho sérias dúvidas se os juízes portugueses se
revêem neste lamentável acto do seu sindicato. A legitimidade do voto não é
ilimitada e não permite tudo.
Este é um momento negro para a justiça, que aos olhos do cidadão fica muito mal
na fotografia. E nem é tanto pela queixa-crime. É por tudo o que está por detrás
desta deplorável iniciativa.
É verdade que os Governos Sócrates fizeram muito mal à justiça, ao seu prestígio
e dignidade. Os dirigentes da Associação, com esta medida pública, acabaram por
fazer o resto. Não é desta forma que se resgata o estado comatoso em que se
encontra a justiça nem se recupera a confiança perdida e a boa imagem dos
juízes. A atitude é inoportuna, dispensável e destituída de sentido ético.
E porquê só este Governo? Todos os Governos, desde o 25 de Abril, fizeram gastos
a mais.
O rombo na imagem dos juízes é
ainda maior porque se sente a vingança e a quebra de princípios numa
queixa-crime que não vai dar em nada. A vingança e a obsessão procedem da
fraqueza da alma. Não é bonito juízes procurarem este escrutínio público,
abandonando os princípios que regem a sua profissão. Faz-se isto não porque se
está preocupado com os gastos a mais, mas, apenas, por vingança. Os dirigentes
da Associação agiram como o pior dos políticos."
(2) A ASJP era dirigida na altura
por António Martins, director
adjunto de Fernando Negrão na Polícia Judiciária (actual deputado do PSD).
Ambos foram afastados da PJ por terem dado noticias a uma jornalista sobre
buscas que se iriam realizar sobre a Universidade Moderna (1999), um caso
denunciado pelo Diário de Notícias (2000).
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