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Plano Verde de
Lisboa Os lisboetas queixam-se da sua
cidade: faltam espaços verdes, os pequenos jardins de bairro quando existem estão
abandonados, os passeios deixaram de ser para as pessoas e estão agora ocupados
por automóveis, os níveis atingidos pela poluição sonora e atmosférica são
um perigo constante para a saúde pública, vastas zonas da cidade tem hoje um
urbanismo caótico e agressivo pouco convidativo para se viver.
Face a este panorama a insatisfação
é generalizada:
- As classes médias estão a
fugir de Lisboa instalando-se na periferia, sobretudo nos concelhos onde existem
zonas mais aprazíveis para se viver. Os que não abandonaram a cidade há
muito que trataram de adquirir uma 2ª. habitação nos arredores onde se
refugiam nos tempos livres, desta forma desligaram-se da vida nos bairros onde
moram durante a semana (Lisboa tem hoje menos população que em 1931).
- A população de menores
rendimentos como os imigrantes, os idosos ou os moradores dos bairros de
realojamento são os únicos que são forçados a permanecer na cidade.
A responsabilidade por esta situação deve-se
ser repartida entre os munícipes e a Câmara Municipal de Lisboa. Os primeiros
alhearam-se da vida da cidade, assistindo passivamente à impune degradação
dos espaços públicos; A autarquia capturada por especuladores imobiliários e
todo o tipo de mafias praticou nas últimas décadas uma criminosa gestão urbanística
que conduziu à expulsão dos habitantes da cidade e destruição dos espaços públicos.
Função dos Espaços Verdes
Para além de tornarem mais aprazível a cidade
para os seus habitantes e visitantes, os espaços verdes cumprem uma função
insubstituível na cidade:
1. As zonas arborizadas fazem descer
o termómetros, contribuindo para um maior conforto através deste mecanismo
natural de termo-regulação;
2. Os parques, jardins e ruas arborizadas
ajudam a reduzir a poluição e o ruído, contribuindo para a produção de oxigénio,
a absorção de carbono e também para a drenagem dos solos, evitando as inundações.
3. Os espaços verdes são hoje um dos
elementos fundamentais na valorização económica das cidades, pois tornam-nas
mais atractivas para a fixação de camadas populacionais com maior poder de
compra, mas também são um dos elementos essenciais para a atração de turismo
e desenvolvimento de actividades económicas ligadas ao lazer.
Plano Verde
A questão do Plano Verde do Concelho de Lisboa não
é nova, desde o século XIX pelo menos que é objecto de discussão. Em
1993 quando a situação era já preocupante, Gonçalo
Ribeiro Telles foi encarregue de elaborar um Plano Verde para o concelho de
Lisboa. Tratava-se identificar, preservar e articular os espaços devolutos na
cidade que pudessem ao ser transformados em áreas verdes num sistema ecológico
sustentável.
O Plano Verde foi concluído, mas
os especuladores imobiliários que capturaram a CML tem evitado que o mesmo seja
aprovado de forma a continuarem a saquearem a cidade, transformando-a num local
inóspido pera se viver.
Zonas Forte Ataque dos
Especuladores Imobiliários
Lisboa e os concelhos vizinhos,
como Odivelas e Loures tem estado a saque, estando o seu futuro e
sustentabilidade económica a ser diariamente posto em causa por decisores
municipais incompetentes e corruptos. Os amplos espaços verdes que durante gerações
foram pensados como elementos capazes de assegurarem um desenvolvimento harmónico
tem sido delapidados ao sabor de uma gestão errática e capturada por
interesses obscuros.
1. Parque do Monsanto. Uma
das obras emblemáticas de Duarte Pacheco, começou a ser construído em 1936.
Tem um total de 900 hectares, cerca de 10% do concelho de Lisboa. Desde 1979 que
uma política criminosa da CML tem permitido que o mesmo tenha sido
sucessivamente amputado, tendo já perdido mais de 100 hectares.
2. Parques Periféricos.
Uma vasta zona que desde a Pontinha a Sacavém (Loures) rodeia a cidade de
Lisboa. Durante séculos foi preservada pelo facto de estar integrada no sistema
defensivo da cidade de Lisboa (estrada militar). Nas últimas décadas na sua
maior parte tem sido ocupada por bairros de barracas ou clandestinos,
constituindo actualmente um dos cenários mais deprimentes da região de Lisboa.
Actuação nesta zona requeria
uma intervenção concertada entre as diversas câmaras da região, mas o que
tem preponderada é a irresponsabilidade. É inacreditável o estado de
bandalhice que as câmaras municipais de Lisboa, Odivelas e Loures tem votado
esta vasta zona. O "bairro" de Fetais é um exemplo paradigmático deste inacreditável caos
urbano, um caso único em toda a Europa.
Quem passa na via rápida entre a
Calçada da Carriche e Loures depara-se com uma encosta pontuada por bairros
clandestinos marcados pelo tráfico de droga e a criminalidade. Durante governo
da CML por João Soares, parte da área reservada ao Parque Periférico foi
ocupada por bairros de realojamento, contribuindo desta forma para a sua destruição.
3. Parques Orientais.
Ribeiro Teles integrou-os no chamado "Corredor Oriental - Sistema de Chelas".
Trata-se de uma vasta zona entre o Beato e a Charneca. A especulação imobiliária
está a destruir toda esta zona, onde
só as populações de baixos rendimentos se vão fixando.
Carlos Fontes
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