|
| |
|
Projecto | |
|
Como
Tudo Começou
.
Durante
o ano lectivo de 2004/2005 registou-se um número pouco habitual de novos alunos
estrangeiros na Escola Secundária Rainha Dona Leonor (ESRDL). A principal
novidade é que a maioria não sabia falar português.
Face a esta situação, o autor destas linhas com a colaboração de uma colega da ESRDL constituiu um
pequeno grupo de voluntários para ensinar português a
alunos e a todos os imigrantes que o quisessem. A grande novidade desta acção foi a mesma ter contado
desde o início com a colaboração de professores estrangeiros e voluntários
exteriores à escola com reconhecida experiência neste tipo ensino.
Aproveitando
a colaboração exterior à escola, em regime nocturno foram realizados vários cursos
gratuitos de português para imigrantes. Ao todo mais de 75
imigrantes frequentaram estes cursos só no ano lectivo de 2004/2005.
A
pedido de instituições, como a Santa Casa da Misericórdia, a ESRDL prestou
ainda apoio a jovens imigrantes que revelavam graves dificuldades de integração
social, em grande parte devido ao desconhecimento do português.
No
final do ano lectivo, ESRDL cedeu as suas instalações ao Instituto de Emprego
e Formação Profissional (Centro de Emprego da Amadora) para a realização de
três cursos de português para imigrantes.
Em
todas estas acções os resultados alcançados superaram as melhores
expectativas do seus promotores.

|
|
Apoio
da Fundação Calouste Gulbenkian
A
Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu, em fins de 2005, um
significativo apoio financeiro a um projecto desta escola, para que no âmbito
do mesmo possa ser produzido material didáctico especialmente concebido para
aulas com imigrantes. Trata-se de uma grave carência revelada durante o ensino
para português para estrangeiros nesta escola.
Estes
recursos didácticos contemplam três áreas: ensino do português; noções básicas
de cultura portuguesa; Informações úteis para os imigrantes. Na elaboração
destes materiais participam duas formadoras/conceptoras estrangeiras. A fim de
adequar o melhor possível estes materiais pedagógico aos seus destinatários
estão a ser feitos protocolos com diversas entidades, como a Associação
Solidariedade Imigrante.
No
âmbito deste projecto, a partir de Março de 2006, começaram a ser realizados cursos
gratuitos de português para imigrantes, durante os quais foram testados os
recursos didácticos produzidos.O
grande objectivo dos promotores desta iniciativa, é o de contribuírem para que
todos os imigrantes que chegam a Portugal, possam ter direito a um curso de
cultura e língua portuguesa. Neste
sentido irão disponibilizar, em breve, a todas as escolas e instituições que
adiram a esta iniciativa recursos didácticos gratuitos.
|
|
Metodologia
A elaboração dos
recursos didácticos está a ser feita de uma forma interdisciplinar, no qual
participam não apenas professores portugueses, mas também imigrantes de
diversas áreas profissionais e com qualificações muito diferenciadas.O envolvimento dos imigrantes é um
dado essencial neste projecto. O manual de português, por
exemplo, tem como fio condutor a história de uma família russa que se
instala em Portugal. A história é contada pelos próprios imigrantes.
A primeira grande
tarefa dos conceptores do manual de português foi a de identificar quais eram
as principais áreas onde as necessidades imediatas comunicação eram mais
prementes (trabalho, alojamento, compras, legalização, saúde, etc). Depois
procederam ao levantamento do vocabulário essencial para comunicação em cada
uma delas.
De acordo com a
origem das principais comunidades imigrantes, foi também realizado um
levantamento das principais dificuldades na aprendizagem do português.
O primeiro manual
para o ensino de português está a ser feito em três línguas: português,
russo e romeno.
O manual sobre
cultura, em construção, segue no essencial a metodologia anterior, envolvendo
também os próprios imigrantes na sua elaboração.
| |
.Primeiro
Curso Experimental
Às 19.00h em ponto,
do dia 20 de Março de 2006 teve início o primeiro curso de língua e cultura
portuguesa, em regime experimental. O curso é ministrado por uma professora
russa e um professor português. As aulas funcionam de 2ª. a 5ª Feira das
19.00h às 21.00 h. O primeiro curso foi frequentado por 34 alunos, um número
muito acima dos 18 alunos inicialmente previstos. A maioria dos imigrantes eram
ucranianos e moldavos. Os recursos didácticos começaram a ser testados de
acordo com o planeado.
Segundo Curso
O segundo curso começou
no dia 11 de Maio, contando com 32 alunos . Os recursos didácticos continuam a
ser melhorados, nomeadamente na sua versão português-romeno. Neste curso
regista-se um aumento dos alunos oriundos do Paquistão, Indía e Filipinas.
Terceiro Curso
O terceiro curso
começou no dia 17 de Outubro, contando com 28 alunos. O número máximo que foi
fixado por razões pedagógicas. Neste curso está a ser testado o novo manual
de português. A maioria dos alunos são de origem ucraniana e moldava. | |
Difusão
Dezembro, Janeiro e
Fevereiro foi de intenso trabalho na concepção de recursos didácticos. O
projecto decorreu na mais absoluta discrição. Apesar destes trabalhos, o apoio
aos imigrantes não cessou. Os promotores do projecto durante estes meses começaram
a testar alguns dos recursos didácticos produzidos em pequenos grupos.
Ainda em Fevereiro
de 2006, o projecto Rainha Acolhe começou a despertar a atenção da comunicação
social. O Diário de Notícias (10/2/2006), publica um primeiro artigo. No dia
22 de Fevereiro foi a vez do programa "Portugal em Directo" (RTP)
fazer uma reportagem. No dia 17 de Março, o programa "Bom Dia
Portugal" (RTP), fez uma reportagem em directo sobre o projecto.
Ao que sabemos,
outras escolas de Portugal tem solicitado informações e proposto parcerias. No
dia 16 de Março o projecto foi apresentado no Espaço Noesis do Ministério da
Educação.
O programa
televisivo "Nós", da responsabilidade do ACIME, difundiu no 14 de
Maio, uma ampla reportagem sobre o projecto (Canal 2). Em Gaia (FNAC), no dia 20
deste mês, o projecto foi objecto de uma discussão pública.
Em Setembro de 2006,
o semanário Sol divulgou também estes cursos.
Estas notícias revelam algo de
extrema importância: Portugal havia despertado finalmente para o fenómeno da imigração
e para necessidade de encontrar e apoiar boas práticas de integração dos
imigrantes. As escolas públicas parecem estar cada vez mais sensíveis para se
abriram à comunidade, apoiando a integração dos imigrantes.
A partir de Janeiro de 2007 os
responsáveis do projecto concentram a sua acção no apoio a outras iniciativas
similares que se estão a desenvolver por todo o país. As recentes alterações
ocorridas no funcionamento das escolas afectaram o desenvolvimento deste projecto
implicando uma completa reorganização nos seus objectivos iniciais.
Carlos Fontes, 2007 | | |