1.Não há consenso quanto à definição da lógica. Alguns autores
          definem-na como o estudo do processos válidos e gerais pelos
          quais atingimos a verdade, outros como a
          ciência das leis do pensamento, ou somente como o estudo
          dos princípios da inferência válida. Esta pluralidade de
          definições dá-nos conta da diversidade de estudos que são
          abrangidos pela Lógica.
          2. A lógica foi criada por Aristóteles, no século IV a.C., como
          uma ciência autónoma que se dedica ao estudo dos actos
            do pensamento - Conceito, Juízo, Raciocínio, Demonstração- do
            ponto de vista da sua estrutura ou forma lógica, sem ter em conta qualquer conteúdo material.
          É por esta razão que esta lógica aristotélica se designa também
          por lógica formal.  
          3. Em contraposição a este conceito de lógica formal, surgiu um
          outro - o de lógica material - 
          para designar o estudo do raciocínio no que ele depende quanto ao seu
          conteúdo ou matéria.   
          4. Esta distinção entre lógica formal e lógica material
          permite-nos agora perceber porque:    
Tendo em conta a sua forma, o raciocínio
é correcto ou incorrecto ( válido ou invalido). Mas se  atendermos à sua matéria,
 a conclusão pode ser verdadeira ou falsa.  
Exemplo: 
	 
 | 
	Nenhum homem
sabe dançar  | 
| 
	Este
dançarino é homem | 
| 
   
logo,   | 
Este
dançarino não sabe dançar | 
 
Este raciocínio é formalmente correcto, uma vez que a
conclusão está correctamente deduzida. Mas a conclusão é falsa,
uma vez que é falsa a primeira proposição ("Nenhum homem
sabe dançar"). Estamos perante um raciocínio que tem validade
formal, mas não tem validade material. Logo temos que concluir que
é falso  
5. Desde a sua criação a lógica tem registado enormes
aperfeiçoamentos, sobretudo, a partir de meados do século XIX . É costume dividir-se a sua história
em três períodos: Período Clássico, Período Moderno e Período Contemporâneo. 
 
2.1.Período Clássico ( Séc.IV
a.C) até ao século XIX). A lógica formal aristótelica domina por
completo este período. A lógica exprime-se numa
linguagem natural. Dava uma enorme importância ao estudo dos
raciocínios dedutivos, isto é, aqueles onde passamos do geral para o
particular, do conhecido para o desconhecido. Os estudos de lógica
davam grande ênfase à analise de enunciados que continham exactamente dois
termos, dos quais se extraia uma dada conclusão. A lógica foi
vista até ao século XVI como o principal instrumento do
conhecimento científico: a) Os filósofos haviam estabelecido um
conjunto de princípios, de natureza metafísica, que eram 
considerados não apenas verdadeiros, mas também como a
explicação para tudo o que existia. Tudo havia sido deles
derivado; b) Com base nestes princípios, os cientistas raciocinando
de uma forma dedutiva, procuravam explicar todas as coisas que
existiam e ocorriam. c) A lógica procurava definir as leis do
pensamento que nos permitiam chegar à Verdade.    
2.2. Período Moderno (Século
XIX a princípios do século XX). Tomando a matemática como modelo,
lógicos como George Boole, Frege ou Bertrand Russell construíram uma
linguagem artificial -simbólica para a expressão do conteúdo do
pensamento lógico. O raciocínio é visto como cálculo matemático.
Esta lógica é denomina lógica matemática ou simbólica.  
2.3. Período Contemporâneo
(Século XX ). Assiste-se neste período à expansão e
diversificação da lógica matemática, o que se traduz no
aparecimento de novos ramos no estudo da lógica, tais como:   
-Lógica Combinatória (estuda certos processos ralacionados com
variáveis),   
- Lógica Modal ( estuda as conexões entre os enunciados tendo
em conta a sua modalidade);  
- Lógica Polivalente (estuda os calculos que contemplam mais de
dois valores (verdadeiro ou falso) para o mesmo enunciado.  
-Lógica Deontica (estuda os enunciados normativos sob o ponto de
vista lógico)    
 A lógica matemática veio a exercer uma influência
decisiva no em muitos domínios, como na Electrónica, Cibernética,
Informática, Neurofisiologia, Linguística, Inteligência Artificial...  
	 
Carlos Fontes