1. Quando pensamos estamos a realizar um conjunto de operações
mentais, como classificar, descrever ou relacionar coisas.
2. Nestas operações mentais utilizamos conceitos.
3. Os conceitos são expressos na linguagem oral ou escrita, por palavras ou
conjuntos de palavras, os signos linguísticos.
4. Na origem destes signos, e em termos mais gerais da própria
linguagem, está a língua falada. A língua caracteriza-se
por ser: a) aprendida ( resulta de um processo de
enculturação, não é, por isso, inata); b) articulada,
enquanto linguagem verbal ( as variações sonoras, traduzidas em
fonemas, dão origem à diversidade de palavras; c) simbólica (as
palavras substituem os objectos concretos a que se referem. As
relações entre os signos e as coisas resultam de
convenções).
Foi a lingua falada que
tornou possível a formação de outros tipos de linguagem (a
linguagem dos surdos, a linguagem gestual, etc.). A acto de escrever,
como refere Ch. Morris constitui uma das formas secundárias da
linguagem oral, cuja função primordial consistiu em fixar as
palavras e permitir a sua reprodução.
5. A aquisição desta linguagem oral ou escrita, com a qual expressamos os nossos
pensamentos e emoções faz-se em simultâneo com o desenvolvimento do
pensamento. Aprendemos a pensar ao mesmo tempo que aprendemos a
expressar-nos nas diferentes linguagens. Não podemos separar um processo do outro.
6. A linguagem não pode ser entendia como um instrumento do
pensamento, mas como a matéria do próprio pensar. Não há
pensamento fora do linguagem, nem linguagem sem pensamento.
7. Como demonstrou
Jean Piaget, quando uma criança começa a falar adquire ao
mesmo tempo um meio de se exprimir e de comunicar cada vez mais
eficaz, que lhe possibilita ordenar e classificar o mundo de uma certa maneira, assim como o seus
sentimentos e as suas acções. A nossa língua
acaba, desta forma, por modelar a maneira de vemos, compreendemos e
descrevemos todas as coisas. Todas as línguas expressam uma
dada cosmovisão.
8. Ao pensarmos sobre as coisas estamos a encadear um conjunto de
raciocínios de uma forma mais ou menos coerente. Pensar é de certa
forma iniciar um percurso, com um ponto de partida e de chegada, a
conclusão. À expressão encadeada do pensamento, sob a forma de
palavras designamos por discurso.
9. A maneira como descrevemos o mundo tem vindo a adquirir uma
complexidade crescente, fruto do desenvolvimento das linguagens que
vão sendo criadas para o fazer.
Carlos Fontes