Joaquim de Carvalho

(1892-1958)

Joaquim de Carvalho, nasceu em 1892 na Figueira da Foz. Formou-se em direito (1915) e em Letras (1916). Foi professor de Filosofia Moderna na Universidade de Coimbra. Alcançou grande projecção nacional como um excelente historiador de ideias, em particular da ciência e dos pensadores portugueses. Um dos seus projectos era justamente o de escrever a História da Filosofia em Portugal.

No inicio foi influenciado pelo neokantismo da escola de Marburgo e depois pelo pensamento de Espinosa, acabando por se centrar em algumas questões tipicamente portuguesas, como o conceito da saudade. Joaquim de Carvalho, inspirando-se em Hegel, parte do pressuposto que cada povo, superando a sua realidade concreta, tem a sua própria maneira de se exprimir em termos filosóficos utilizando os seus próprios conceitos. 

Obras: António Gouveia e Pedro Ramo (1916); Leão Hebreu, filósofo (1918); Espinosa perante a consciência portuguesa contemporânea (1922); Desenvolvimento da Filosofia em Portugal durante a  Idade Média (1927); A Cultura Renascente em Portugal (1929); Sobre o Lugar e a Origem dos antepassados de Baruch de Espinosa (1935);  Oróbio de Castro e o Espinosismo (1937); Descartes e Cultura Filosófica Portuguesa (1939); O Pensamento Português da Idade Média e do Renascimento (1943);A Cultura Castreja, sua interpretação sociológica (1946);  Gomes Lisboa e o averroísta Nicolleto de Vernia (1947);  Leibniz e a Cultura Portuguesa (1949); Estudos sobre a Cultura Portuguesa no séc. XVI, 2 vols. (1947-1948); Estudos sobre a cultura portuguesa no séc. XV (1949); Estudos sobre a Cultura Portuguesa no séc. XIX (Antheriana) (1955);   Evolução da Historiografia filosófica em Portugal até fins do séc. XIX (1947); Problemática da Saudade (1950); Hegel e o conceito de história da filosofia (1951);  Elementos Constitutivos da Consciência Saudosa (1952); Compleição do Patriotismo Português (1953);  Francisco Sanches, filósofo (1952); etc.

A FCG publicou em 9 volumes a sua obra completa .

Publicou as Obras de Pedro Nunes, assim como a tradução de muitas obras fundamentais da filosofia. Dirigiu a Revista Filosófica (entre 1951 e 1957), da Universidade de Coimbra. 

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Em análise:

Elementos Constitutivos da Consciência Saudosa (Elementos de um estudo),Joaquim de Carvalho

Problemática da Saudade, Joaquim de Carvalho

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Comentários

Saudade: uma problemática filosófica ?

A palavra "saudade" é uma das mais difíceis de traduzir em todo o mundo, porque possui uma significação algo complexa. 

Data do século XV, a primeira tentativa de definir esta palavra que conforme já então se dizia não tinha correspondência noutra língua qualquer.  "Saudade", diz o rei D. Duarte, é o "sentido do coração que vem da sensualidade e não da razão" (Leal Conselheiro, cap. XXV).  A saudade é assim algo que é de natureza sentimental antes de ser consciente ou racional. Em geral podemos traduzir a saudade como um apelo sentimental de união com algo ausente, distante ou perdido.

Renascença Portuguesa

Ao longo dos séculos a "saudade" tornou-se um tema literário recorrente em Portugal. No princípio do século XX, adquire todavia uma dimensão pretensamente filosófica.  O momento decisivo ocorreu logo após o derrube da monarquia em Portugal (1910). No ano seguinte formou-se um movimento cívico- a "Renascença Portuguesa"-  que que assume como objectivo impulsionar através de uma ampla acção o renascimento da cultura portuguesa, partindo do pressuposto que o país havia entrado numa total decadência. Este movimento onde sobressaiam intelectuais como Teixeira de Pascoaes, Leonardo de Coimbra, Fernando Pessoa, António Sérgio e muitos outros,  desdobra-se em muitas acções de intervenção social e cultural: publicam livros, folhetos, organizam conferências, editam um jornal (Águia) e até organizam uma Universidade Popular. 

A verdade é que rapidamente começa a emergir uma corrente de característica nacionalistas, cujo principal mentor é Teixeira de Pascoaes. O seu ideário é extremamente simples: a cultura portuguesa tem uma dimensão universal intrínseca, e esta só pode ser apreendida desvelando a própria língua portuguesa e em última instância compreendendo o modo de ser português. Afirmam, por último que alguns conceitos portugueses não são susceptíveis de serem traduzidos em qualquer outra língua. O mesmo é dizer só os portugueses são capazes de os entenderem. A palavra "saudade" torna-se o símbolo e a melhor expressão desta corrente nacionalista. Fernando Pessoa e António Sérgio não tardam a afastar-se da Renascença Portuguesa.

As ideias de Teixeira de Pascoes acabaram por ter larga influência num numeroso grupo de poetas, como Afonso Lopes Vieira, António Patrício, Domingos Monteiro e Florbela Espanca, que irão desenvolver a temática da saudade. 

Integralismo Lusitano

Presença

Filosofia Portuguesa 

Uma das últimas expressões deste movimento, ocorreu nos anos 40, em plena II Guerra Mundial, no auge nos regimes totalitários emerge um grupo de intelectuais reclamando um matriz nacional para filosofia e para a filosofia feita em Portugal. A questão foi colocada por Álvaro Ribeiro, em 1943, no opúsculo "Problema da Filosofia Portuguesa", onde afirma o enraizamento da filosofia na história, na língua e na cultura onde emerge. Esta ideia é de imediato trabalhada por outros pensadores portugueses, como José Marinho, Afonso Botelho, António Quadros, António Telmo, Cunha Leão, Orlando Vitorino, Pinharanda Gomes e muitos outros, que passam a falar de uma natureza especifica para a filosofia em Portugal. A palavra saudade, mais uma vez, torna-se num objecto de culto deste movimento, dando origem a importantes desenvolvimentos  poético-filosóficos. A maioria interpreta-la segundo uma perspectiva tradicional, mas alguns apontam para novos horizontes. Todos estão todavia envolvidos nas mesmas temáticas "nacionais", esquecendo-se frequentemente no mundo mais amplo onde também vivem. A generalidade das ideias destes pensadores, espelha um forte enraizamento ideológico num ambiente fechado e provinciano como foi aquele que Portugal viveu durante a ditadura (1926 a 1974).    

Carlos Fontes

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Em construção !

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Bibliografia:

Botelho, Afonso; Teixeira, A. Braz - Filosofia da Saudade (antologia). 1986

Botelho, Afonso - Da Saudade ao saudosismo. 1990

Dalila L. Pereira da Costa; Gomes, Pinharanda;- Introdução à Saudade. 1976

Dalila L. Pereira da Costa - Leonardo de Coimbra e a Saudade, in Leonardo de Coimbra, Filósofo do Real e do Ideal.1985

Leão, F. da Cunha - Ensaio de Psicologia Portuguesa. 1971

Lourenço, Eduardo - O Labirinto da Saudade. Psicanálise mítica do Destino Português. 1976

Michaelis de Vasconcelos, Carolina - A Saudade Portuguesa. 1914;

Teixeira de Pascoaes - A Saudade  e o Saudosismo. 1988

Teixeira de Pascoaes - O Espírito Lusitano ou o Saudosismo. 1912

  Carlos Fontes

Referências Históricas

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