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1. Conceito de Sentido
2. Respostas das
religiões
Por princípio todas as forma des religiões têm uma
resposta para o sentido (finalidade, valor) da vida humana, o qual já está
antecipadamente determinada. Cumpre-nos segui-lo e dessa maneira seremos
recompensados, mas senão o fizermos sermos penalizados em vida ou depois de
deixarmos esta vida terrena.
a) Budismo. Nesta religião parte-se do
concepção que a alma humana está num continuo de transmigração (reencarnações,
renascimentos). Não existe um começo absoluto, como no cristianismo. O objectivo
de qualquer ser humano é contribuir para que a sua alma que se liberte deste
ciclo de renascimentos. Para o fazer terá que desligar-se de tudo o que nos
causa sofrimentos na vida, como os desejos ou ilusões. Este processo de
libertação que não se atinge numa única vida, mas em várias. Pensar do sentido
da vida em termos individuais é assim uma ilusão, que nos afasta da eterna
felicidade que só será atingida quando a alma se dissolver no Nada (Nirvana).
b) Hinduísmo. O sentido da vida está na
comunhão com o divino, o qual só será obtido através de um longo processo de
reencarnações.
c) Judaísmo. Cada judeu acredita fazer
parte de um povo que foi escolhido por Deus para o adorar, seguir as suas regras
e submeter-se sem questionar à sua vontade. A finalidade da vida humana para o
judeus é cumprir e aceitar a vontade de Deus.
d) Cristianismo.
e) Islamismo. O sentido da vida está na aceitação e submissão à vontade de
Alá. Para isso o crente deve seguir o caminho definido pelos cinco pilares da fé
islâmica: 1. Crer num Deus único (Alá) e no seu profeta (Maomé); 2. Rezar 5 dias
por dia virado para Meca; 3. Jejuar no mês do Ramadão; 4. Dar esmola aos pobres;
5. Ir em peregrinação uma vez na vida a Meca;
O sentido da vida para os muçulmanos tem que ser
vivido e só pode ser atingido dentro da umma (comunidade de crentes),
tendo como os imãs como guias espirituais.
3. Respostas dos
Filósofos
Epicuro
Shopenhauer
Kierkegaard (1813-1855)
Numa época em que a maioria dos filósofos, como
Hegel, procuravam construir grandes sistemas filosóficos, Kierkegaard centrou as
suas preocupações na compreensão da existência do individuo, singular, único,
concreto, finito. Estava convicto que sistema filosófico era capaz de explicar a
experiência única do individuo. A sua perspectiva é sempre assumidamente subjectiva. Procura
encontrar uma resposta para as possibilidades da realização da existência
humana, fora dos grandes sistemas racionais da sua época.
Sustentou que o ser humano só se realiza em Deus e
tomando Deus como referência. Só n`Ele encontra sentido a sua existência.
Concebe três estádios na vida humana:
a) Estádio Estético (sensível). O individuo
persegue uma vida hedonista e sensual. Vive o imediato, o instante que passa,
subjugado a caprichos e fantasias. Só reconhece os outros como objectos dos seus
prazeres sensoriais. O resultado é uma insatisfação permanente, o desespero
acaba por instalar-se numa vida vazia e fútil. O individuo está impossibilitado
de realizar-se como sujeito.
b) Estádio Ético (reflectido). O individuo
submete-se a deveres, regras, compromissos, procurando integrar-se, conformar-se
numa dada comunidade, constituir família, etc. Acaba sentindo-se limitado,
aprisionando na sua existência. Passa a viver uma vida marcada pela renúncia aos
seus impulsos, caprichos, fantasias, mas também à sua própria existência.
b) Estádio Religioso. O individuo reconhece
que só na sua relação com Deus (desconhecido, infinito, eterno), poderá atingir
a plenitude da sua vida, possibilitando-lhe um maior conhecimento de si próprio.
Esta relação não assenta em fundamentos racionais, mas numa decisão pessoal,
subjectiva, na fé. Só nela o ser humano poderá redimir-se dos seus pecados,
encontrar a sua salvação eterna. O sentido a nossa existência joga-se
nesta relação com Deus, quando nos projectamos no horizonte da eternidade.
A sua filosofia marcou profundamente a filosofia
existencialista ( Heidegger, K. Jaspers, Sartre, Camus).
Karl Marx
Freud (1856-1939)
Qual o sentido da vida humana? Freud renuncia a
resposta a esta questão, preferindo uma pergunta mais simples: - Com base
naquilo que podemos observar, qual é o objectivo ou intenção do comportamento
humano? A resposta é apenas uma: - os seres humanos querem ser felizes, isto é,
buscam o prazer. Para Freud as teses hedonistas, o prazer e felicidade
coincidem.
Embora a procura do prazer seja o principal
objectivo dos seres humanos, a verdade é que são inúmeros os obstáculos para o
atingir são inúmeros. A cultura é o grande inimigo da felicidade. Neste sentido,
o "princípio do prazer" acaba por ser submetido ao "princípio da realidade",
levando o individuo a renunciar ao prazer, a reprimir os seus instintos, a
sublimar os seus desejos, etc.
Nietzsche
Wittgenstein
J. P. Sartre ( (1905-1980)
Na sua célebre obra - O Existencialismo é um
Humanismo - define de uma forma muito clara a sua posição sobre o problema
do sentido da existência humana. A sua posição assenta nas seguintes teses:
1. Deus não existe. Partindo de uma posição ateia
radical, nega que possamos falar de uma "natureza humana" comum a todos os
homens. Neste sentido, também não podemos admitir a existência de uma norma ou
lei a que estejam obrigados todos os homens. Não existem normas morais
definitivas a que nos possamos apoiar, para saber o que devemos fazer.
2. Condenados a ser livres. Se Deus existisse o
homem não seria livre, como Deus não existe, logo o homem é livre. O homem não
pode pois refugiar-se ou remeter-se a nenhum Deus. Cada um deve assumir a sua
vida como obra exclusivamente sua. Nada nos garante a felicidade, nem que as
nossas decisões sejam as melhores. O nosso destino estás nas nossas mãos. O
homem deve fazer-se a si mesmo. O mundo será o que ele quer que seja.
3. Ausência de Sentido. A nossa existência não tem
qualquer sentido à priori, somos nós pelas nossas acções que o construímos, o
inventamos ou conquistamos. Apesar de não existir uma "natureza humana", podemos
apontar algumas características comuns à condição humana: finitude,
temporalidade, liberdade, angustia, absurdo, etc. Esta frágil condição condena,
como dissemos, cada um a construir o nosso próprio destino.
4. Não estamos Sós. A nossa existência choca ou
relaciona-se com outras existências. As nossas acções afectam outros homens.
Neste sentido, somos responsáveis não apenas por nós, mas também pelos demais. A
nossa vida, como a dos outros, é o que fizermos ou deixarmos que façam dela (s).
Albert Camus (1913 - 1960)
Para Camus, o problema central a filosofia era
questão do sentido da existência. Partindo de um ateísmo radical, que sustenta a
impossibilidade da existência de Deus dado o sofrimento a que estão sujeitos
tantos inocentes neste mundo, acaba por sustentar as seguintes teses:
1. Absurdo a Existência Humana e do Mundo. O absurdo
da nossa existência consiste em tentar dar um sentido a uma vida sem sentido.
Trata-se de uma tarefa condenada ao fracasso. É por esta razão afirma que o
verdadeiro problema do homem é o suicídio, uma fuga ao mundo, que é ela própria
um absurdo, pois o mundo continua a existir.
2. Revolta. A única alternativa que resta ao homem é
a revolta individual e solitária contra o niilismo, o vazio da nossa existência.
3. Solidariedade. Os homens acabam por constatar que
todos partilham a mesma condição existencial, criando-se deste modo entre eles
laços de solidariedade.