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1. Fé e Razão
A
religião assenta na crença da existência de uma esfera divina, sagrada,
da qual não temos provas sensíveis. Esta existência para um crente não carece de
provas ou fundamentos racionais. Aceita a sua existência porque acredita que a
mesma foi revelada aos homens por seres sobrenaturais, cuja existência e
afirmações também aceita como verdadeiras..
A
perspectiva filosófica é bem distinta, nada deve ser aceite sem que antes
termos analisado os seus fundamentos (razões) de modo a percebermos a
consistência dos argumentos que justificam uma dada afirmação.
Nesse sentido, na filosofia ao longo dos séculos tem sido abordados os
fundamentos da religião e as provas da existência de Deus, questões que nunca
foram pacíficas.
Hipatia de Alexandria (1901), Alfred Seifert
2. História da ideia de Deus
Aton. A primeira afirmação histórica sobre a
existência de um Deus único (monoteísmo), surgiu no antigo Egipto, durante o
reinado de Akhenaton. O Deus Aton (simbolizado no Sol), que tudo ilumina, tinha
características universalistas. Todos são iguais perante Aton. Força criadora do
universo, é um Deus de amor e harmonia cósmica.
Jeová ou Javé, Deus do Judeus. A ideia de
Deus que aparece nos livros mais antigos da Bíblia, o chamado Deus de Abraão,
Isaac e Jacó, é um Deus familiar, tribal que protege o seu povo contra outros,
considerados adoradores de falsos deuses e idolatras. Uma das suas
características fundamentais é o fato de se assumir como um Deus guerreiro,
vingativo que exige dos seu povo uma obediência cega. Os mais pequenos desvios
são severamente punidos.
Este Deus no inicio não foi assumido como o criador do
mundo, mas sim como aquele que lhe deu a forma. O confronto dos judeus com os
pensadores gregos, permitiu-lhes introduzir a ideia de uma criação a partir do
nada.
Deus Cristão.
Deus do Islão.
Deus cristão depois de 1755.
Deus de Teilhard de Chardin
3. Problema da
Existência de Deus
-
Fideísmo. As questões religiosas não podem ser
justificadas pela razão, mas apenas pela Fé.
- Teísmo. Crença na existência de um ou mais
seres divinos (deuses).
-
Agnosticismo. Posição dos que não acreditam, nem deixam de acreditar,
dada a falta de provas suficiente convincentes para tomarem uma posição
definitiva em matéria religiosa.
- Ateísmo. Posição dos que negam a existência
de seres sobrenaturais (deus, deuses, espíritos, etc).
4. Provas da Existência de Deus
4.1. Argumento da Primeira Causa (cosmológico, causa
eficiente)
Tudo o que acontece tem uma causa anterior. Se
recuarmos na sequência das causas e dos efeitos, chegaremos à causa primeira de
tudo, isto é, a Deus.
Este argumento revela-se muito frágil, porque mesmo
admitindo a sequência de causas dificilmente pudemos admitir que a primeira
tenha que ser um Deus, semelhante ao que é pregado pelas grandes religiões.
Aristóteles (teoria do Motor Imóvel) e S. Tomás de Aquino
foram os filósofos mais consistentes na defesa teoria.
4.2. Argumento
do Desígnio (Propósito ou Teleológico)
O funcionamento de um relógio depende da forma
harmoniosa como alguém (um relojoeiro) concebeu, fabricou e dispôs as suas
peças. Não seria imaginável que fosse possível obtermos um relógio se nos
limitássemos a produzir e a juntar peças ao acaso.
Se observarmos um olho humano
podemos verificar que a sua complexidade e harmonia são muito maiores do que um
relógio, requerendo portanto uma inteligência muito superior para o conceber.
Se
analisarmos muitas outras coisas que existem no universo, facilmente concluímos
a harmonia precisão do seu funcionamento não podem resultar de uma sucessão de
acasos. A sua existência só poder ter sido criada por um ser superior, isto é,
por Deus.
A crítica ao argumento anterior, pode ser também
aqui aplicada. Embora Charles Darwin tenha sido capaz de explicar de forma
natural, como os animais e plantas evoluíram para se adaptarem ao meio, as
suas ideias não excluem a possibilidade de uma "inteligência cósmica" dotada de
poderes criadores capaz de conceber e ordenar a própria evolução criadora.
4.3. Argumento Ontológico
Este argumento parte do pressuposto que a prova da existência
de Deus está no próprio conceito de "deus".
Deus é definido como o ser mais perfeito. Todos os indivíduos
tem dentro de si a ideia de um ser mais perfeito que qualquer outro que possa
ser pensado. Se este ser existisse apenas no pensamento, seria possível pensar
num ser ainda mais perfeito: um ser que existia no pensamento e na realidade. Se
admitirmos então que Deus é o ser mais perfeito, Ele está presente no nosso
pensamento mas também tem que existir na realidade.
Santo Anselmo (1034-1109) foi o grande defensor deste
argumento, que mais tarde foi reelaborado por René Descartes.