"Os filósofos são tão
livres como quaisquer outras pessoas de empregar qualquer método na busca
da verdade. Não há um método próprio da filosofia. (... ) Contudo, estou
disposto a admitir que existe um método ao qual poderia chamar-se "o
único método da filosofia". Ainda que não seja somente
característico desta, é próprio de toda a discussão racional e, por
isso, tanto é das ciências da Natureza como da Filosofia; refiro-me ao
método de enunciar claramente os problemas e de examinar criticamente as
diversas soluções propostas". Karl Popper, A Lógica da
Investigação Científica.
.
"O
instrumento de trabalho, de pesquisa, de análise de que a filosofia se
utiliza é a razão pura, o "raciocínio puro", como nos diz
Platão. Ela não dispõe de microscópios, telescópios, máquinas
fotográficas, etc. Não pode estabelecer controlos com instrumentos
materiais, nem apressar as suas operações recorrendo a computadores. Mesmo
os instrumentos cognitivos de que se utiliza todo o homem e todo o
cientista, os sentidos e a imaginação, ao filósofo só servem na fase
inicial, para conseguir algum conhecimento do real. Para o qual depois volta
o olhar penetrante da razão. O trabalho verdadeiro e próprio da pesquisa
filosófica é realizado apenas pelas razão (...)
O
método da filosofia é essencialmente raciocinativo, embora não exclua
algum momento intuitivo. Mas os processos raciocinativos são múltiplos, e
os mais importantes dentre eles a indução e a dedução. A filosofia
utiliza ambos: o primeiro, para ascender dos factos aos princípios
primeiros; o segundo para descer de novo dos princípios primeiros e
iluminar posteriormente os factos, para compreendê-los melhor".
Batista Mondin, Introdução à Filosofia.
..
"Se se admite, como eu, que
o movimento histórico é uma totalização perpétua, que cada homem é a
todo o momento totalizador e totalizado, a filosofia representa o esforço
do homem totalizado para se apoderar do sentido da totalização. Nenhuma
ciência pode substituí-la, pois toda a ciência se aplica a um domínio do
homem já delimitado.
O método das ciências é
analítico; o da filosofia só pode ser dialéctico. Enquanto interrogação
sobre a práxis, a filosofia é ao mesmo tempo uma interrogação sobre o
homem, quer dizer, sobre o sujeito totalizador da história. Pouco importa
que esse sujeito esteja ou não descentrado. O essencial não é o que se
faz do homem, mas o que ele faz do fizeram dele. O que fizeram do homem são
as estruturas, os conjuntos significantes que as ciências humanos estudam.
O que ele faz é a própria história, a superação real dessas estruturas
numa práxis totalizadora. A filosofia situa-se na charneira. A práxis é,
no seu movimento, uma totalização completa, mas ela nunca atinge mais do
que totalizações parciais, que serão, por seu turno, ultrapassadas".
O filósofo é o que tenta
pensar esta superação". J.-P. Sartre, O Existencialismo é um
Humanismo.