Sabedoria

A diferença entre os jovens e os adultos manifesta-se também na diferença de problemas que ambos enfrentam. O adulto depara-se diariamente com um tipo de tarefas na família, no trabalho  ou na sociedade para as quais não existe uma resposta única, obtida  através de um processo lógico e racional. As decisões que tem que tomar pela sua complexidade, ambiguidade e incerteza exigem a mobilização de experiências, reflexões pessoais, mas também de sensibilidade  para as relações  interpessoais. Estas competências que tornam os que as possuem mais aptos para resolver problemas deficientemente estruturados  denominam-se sabedoria. A sua importância tem sido cada vez mais posta em relevo pelas pesquisas no domínio da psicologia e da formação.

Não existe um consenso sobre a própria definição de sabedoria. A maioria dos autores não a identifica com o conhecimento, mas como o modo de o encarar e usar. A sabedoria, para Kitchener & Brenner pressupõe 4 competências:

-          A consciência da existência problemas de muito difícil resolução;

-          O saber compreensivo, caracterizado pela tolerância e profundidade;

-          O reconhecimento que o saber é incerto e de que é impossível  conhecer a verdade absoluta;

-          E a habilidade para formular juízos susceptíveis de gerarem largos consensos em situações marcadas por uma enorme incerteza.

 A importância da sabedoria na tomada das decisões quotidianas pelos formadores é constantemente posta em relevo, mas o problema é como a ensinar e desenvolver. Neste ponto, como em muitos outros na f.f., constata-se que não existem receitas prontas a servir. Apesar de tudo, a sabedoria parece ser particularmente estimulada por uma atmosfera de sabedoria onde as ambiguidades e as contradições sejam assumidas como desafios e não como obstáculos. 

 É por todas as razões anteriormente expostas que a partir dos anos oitenta se começa a falar do formador como um facilitador de um processo de conceptualização e apropriação da realidade. O modo como se apreende e  constrói o saber torna-se, por vezes, mais importante que o próprio saber.

Carlos Fontes

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