Avaliação do Software. As tecnologias educativas estão a adquirir uma crescente importância na formação e na educação, constatação que pode ser facilmente verificada pela simples observação do aumento e diversidade dos equipamentos e produtos disponíveis no mercado. O formador está, aqui como noutros domínios, entregue a si próprio. Uma coisa é certa: - não existem critérios consensuais para a selecção destes produtos educativos.

 

Pressupostos da Avaliação: O principal obstáculo para se atingir um consenso sobre estes critérios que devem presidir à selecção dos recursos educativos, reside na própria diversidade de pressupostos que cada formador possui sobre os mesmos:

1.  Uns esperam que estes recursos, nomeadamente o software educativo, tenham a informação já tratada e organizada de modo a ser de imediato usada no ensino-aprendizagem de conteúdos específicos. O ideal é o produto acabado, completamente ajustado aos conteúdos e objectivos programáticos e sem necessidade de qualquer esclarecimento suplementar. 

2. Outros, pelo contrário esperam que estes recursos sejam sobretudo uma ferramenta para a criação, adaptação ou  desenvolvimentos de novos conteúdos. Mais do que um produto acabado, procuram novos meios para levarem os formandos a construir os seus próprios materiais.       

 

Estas duas perspectivas tem óbvias implicações nos critérios que serão adoptados na selecção destes produtos.

 

Funções da Avaliação: A avaliação implica sempre a emissão de um juízo sobre as qualidades de algo ou sobre o seu valor. Não é exagerado afirmar que podem existir tantas avaliações quantas as funções que esta possa desempenhar. A avaliação do formador é em princípio diferente da realizada pelo formando ou o conceptor de programas. Todos possuem entendimentos diversos sobre o que deverá ser um bom produto educativo. Nem sempre os consensos nesta matéria são fáceis de obter. No tocante ao  software educativo, na perspectiva do formador, tem sido apontadas quatro funções básicas, que correspondem a quatro momentos da sua relação como utilizador:

 

1.       Avaliação dum produto para um dado contexto. Esta avaliação consiste em identificar os recursos educativos mais adequados para certos contextos sócio-educativos e didácticos específicos. Estamos numa fase de levantamento de necessidades e identificação de recursos disponíveis para as suprimir.

 

2.       Avaliação do produto. Trata-se de valorar a qualidade técnica e estética de um produto, tendo em vista a concretização da sua aquisição, ou mesmo  a sua distribuição.

 

3.       Avaliação para a selecção. A avaliação realizada pelos professores, tendo em vista seleccionar os produtos para uma dada situação de ensino-aprendizagem. Um mau produto  tecnicamente, pode neste caso, ser considerado um excelente recurso didáctico para explorar uma dada matéria. Neste capítulo, mais do que qualquer outro, não existem à partida critérios universais. Tudo depende da capacidade do formador para explorar os recursos disponíveis em função dos objectivos que previamente fixou.

 

 4.Avaliação em circulação. Esta avaliação é realizada após a utilização do produto e destina-se a conhecer os resultados alcançados, e a identificar os pontos fortes e fracos na sua utilização e que podem ser posteriormente rectificados.

 

Avaliação do formador. Na avaliação realizada pelo formador podemos distinguir dois momentos fundamentais:

 

1.       Antes da utilização. Podemos distinguir aqui uma multiplicidade de critérios que irão conduzir à selecção de um dado software, tais como:

a)           Concepções ideológicas. O modo como o formador encara as  tecnologias educativas determina, como dissemos, os critérios que utiliza na sua selecção.

b)           Predisposições. O gosto pela inovação pedagógica, formação específica na área, ou mesmo experiências anteriores, influenciam a selecção dos produtos.

                 

     c)   Critérios Objectivos. Nem tudo são preconceitos, emoções, o    professor selecciona também os recursos formativos em função de análise da sua adequação às características dos seus formandos e a contextos educativos específicos.

 

2.      Depois de Utilização. Trata-se de um momento de extrema importância, pois é nele que o formador, não apenas reflecte sobre os resultados, mas também, pode adquirir uma visão mais clara sobre os obstáculos com que se depara na sua utilização, assim como pode perceber os seus impactos (as novas dinâmicas de ensino-aprendizagem).

 

 

Avaliação dos Produtos. Desde os anos vinte têm sido construídas algumas grelhas de avaliação destinadas a ajudar os professores nesta selecção dos recursos educativos, como filmes, programas de rádio e actualmente o software educativo. Julio Cabero Almenara sintetizou, sobre o software educativo, as principais contribuições numa útil grelha de avaliação.

 

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Dimensões/ Critérios e algumas questões

a ter em conta na selecção do Software Educativo

 

Conteúdos

1. Informação actualizada ?

2. Reflecte os postulados científicos do momento?

3. A informação é apresentada de forma lógica?

4. O ritmo de apresentação é adequado a uma fácil apreensão?

Aspectos Técnicos

1.       A qualidade técnica é boa?

2.       É variada a apresentação? E a sua qualidade é boa?

3.       A qualidade da animação é boa?

4. A qualidade dos gráficos é boa? 

Motivação dos Alunos

1.É interessante? Pode despertar o interesse dos alunos? 

Valorização Didáctica do Software

1.A qualidade geral do programa de um ponto de vista didáctico é boa? 

Organização do Software

1.As imagens concentram os alunos nos aspectos essenciais dos temas?

2.Os textos são apresentados de uma forma clara?

3.As explicações apresentadas são elucidativas?

4.Apresenta sínteses e recapitulações?

Duração

1. A duração do software é adequada?

Facilidade de Utilização

1.É fácil de utilizar/explorar?

2.Os quadros e  comandos permitem uma ajuda fácil?

Adequação aos Alunos

1.Adapta-se ao currículo dos alunos?

2.A estrutura e sequência da informação é adequada à idade e características dos alunos?

3.O seu conteúdo é adequado aos alunos a que está destinado?

4.A qualidade científica do software é adequada aos conhecimentos prévios que possuem os alunos?

Objectivos

1. Especifica dos objectivos esperados dos alunos?

2.As actividades de avaliação relacionam-se com os conteúdos apresentados no produto?

3.Os conteúdos estão relacionados com os objectivos que estão definidos?

 

A listagem destas questões, decorrentes das próprias características dos  produtos, poderiam ser complementadas com outras mais amplas.

 

 

Avaliação da Utilização. Após a utilização o formador tem a possibilidade de realizar uma avaliação mais abrangente. Como dissemos pode analisar não apenas os resultados pedagógicos atingidos, mas também o seu impacto no contexto onde decorreu a formação, nomeadamente as dinâmicas que despoletou.

 

 

 

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Dimensões/ Critérios e algumas questões a ter na avaliação

após a utilização do Software Educativo

 

Obstáculos

1.  A inexistência de espaços adequados de utilização;

2. Falta de tempo;

3. Falta de preparação;  

4.Dificuldades de acesso aos equipamentos; 

5. Dificuldades de acesso a  produtos educativos de qualidade; 

6. Dificuldades de seleccionar a    informação

Dinâmicas de Ensino – Aprendizagem

1. Os alunos revelam maior autonomia na procura da informação

2. Os alunos demonstram maior empenho em se informarem e aprender

 

Estas e outras grelhas para avaliação, são contudo puramente indicativas do potencial formativo de um dado software. Diversos estudos tem confirmado que não podemos absolutizar o valor do software. O seu valor depende menos das suas características  intrínsecas do que da capacidade de utilização pedagógica do formador. Um bom produto, nas mãos de uma formador Inábil pode transformar-se num mau produto, e vice-versa. Toda a formação é em última instancia dependente, de uma série de factores, entre os quais se conta a qualidade do formador.