Formação de Jovens e Formação de Adultos
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A crítica da forma escolar de ensino que emergiu
nos anos 60, resultou na criação de um movimento teórico que reclama uma
especificidade para ensinar os
adultos, a andragogia. Foi Malcolm Knowles o primeiro autor a
introduzir este vocábulo na literatura
científica americana, através de um artigo publicado em 1968. Rapidamente o
termo se difundiu por todo o mundo, sendo as concepções sobre a formação de
adultos profundamente marcadas por este movimento. A principal crítica dos andragogistas aos modelos anteriores assentava na convicção que a oferta educativa dirigida aos adultos não tinha em conta as suas características pessoais e em particular as suas experiências. Havia uma diferença radical entre a formação de adultos e a formação das crianças ou dos jovens que fora durante séculos omitida, conduzindo ao seu insucesso. A motivação dos adultos estava directamente ligada a uma maneira nova de aprender. Ao longo dos anos foram sendo estabelecidos um conjunto de princípios pedagógicos - ou andragógicos -de carácter geral, que passaram a ser seguidos nos vários programas de formação dirigidos para adultos, sejam eles de alfabetização ou de formação permanente. Jaume Serramona sintetizou-os da seguinte forma: a) personalização do processo formativo, de modo que a aprendizagem se adapte às possibilidades, características e interesses pessoais de cada indivíduo; b) autoformação, como consequência lógica da característica anterior, o que permite que em inúmeros casos seja o próprio sujeito que aprende o gestor do processo, decidindo sobre as variáveis espaço-temporais do mesmo (aprende onde e quando quer). Este princípio requer materiais didácticos elaborados para o efeito. Desenvolve o sentido da responsabilidade; c) Participação em todas as fases do processo formativo, desde a planificação prévia até à avaliação final. Só mediante a a participação dos adultos destinatários se poderá garantir a idoneidade do programa formativo, ao mesmo tempo se conseguirá também o seu envolvimento efectivo no programa; d) Abertura, a diversas ideias que podem confluir no programa de formação, como também a pessoas e grupos que podem aceder ao mesmo. Este principio garante a democraticidade da formação; e) Funcionalidade aplicativa dos conteúdos propostos, o que permitirá alcançar resultados imediatos úteis para os adultos envolvidos no processo de formação. A aplicabilidade é uma condição fundamental para motivar os adultos na aprendizagem proposta; f) Análise crítica da realidade, fazendo de todo o programa de formação um processo de alargamento da sua liberdade pessoal e melhoria social.
g) Optimização dos recursos disponíveis, porque estes serão sempre escassos e as necessidades crescem
continuamente.
Ao contrário da formação das crianças e dos jovens, onde o professor tudo decide e tudo controla no processo de aprendizagem, Malcolm Knowles, sustentou uma visão completamente diferente do papel do adulto no processo de aprendizagem. Rui Canário sintetizou da seguinte forma as
diferenças encontradas:
Esta perspectiva dicotómica da educação é hoje bastante bastante criticada. Primeiro pelo seu carácter demasiado simplificador do ensino escolar. Em segundo, porque se limita a transpôr para a formação de adultos as concepções educativas da Escola Nova. Por último, não se trata de uma teoria baseada em observações no terreno, mas trata-se de uma construção ideológica sobre a educação que tanto se aplica a adultos como a jovens. Voltaremos a este tema. Carlos Fontes |