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Racismo e Colonialismo
Na concepção europeia, desde a
antiguidade clássica (Grécia, Roma...), o que distinguia os homens entre si
não era propriamente a raça, mas a sua "Civilização". O civilizado
era o que tinha direitos de cidadania na cidade-estado, Império, Reino. Era o
que possuía uma Cultura, Religião, Organização Social, etc. Todos os
outros, eram os "barbáros", isto é, os que não estavam ainda
civilizados, ainda não tinham a dignidade de serem considerados como
Homens. A missão dos primeiros era a de governar e submeter os segundos
(escravizá-los) até que os mesmos adquirissem uma Cultura, Religião,
Organização Social, em suma, fossem "civilizados" ascendendo assim
à categoria de Homens.
A partir desta distinção,
estabeleceu-se uma dicotomia entre civilizados e os incivilizados: De um lado
temos Pessoas, com Cultura, Razão, História, Religião, etc. Do outro temos
selvagens, brutos, sem história nem religião (os selvagens tem apenas crenças
e superstições). Repara que estas ideias estão presentes em todo o
colonialismo europeu até ao século XX, fazem parte de uma mesma mentalidade.
Os selvagens classificavam-se em
"dóceis", "humildes", "bons" quando não
oferecem resistência à sua assimilação ou fusão na cultura e na
organização produtiva dos Civilizadores (Senhores, Patrões, Colonos, etc). Se
se mostravam resistentes à Civilização são denominados de
"rebeldes", "a-sociais", etc.
No século XVIII, na Europa, sob
a influência dos cientistas do tempo (médicos, biólogos, físicos, etc ),
desenvolvem-se as modernas concepções racistas. Fazem-se então medições ao
cérebro individuos das diferentes raças, estudam-se e classificam-se as suas
características fisiológicas, etc. A conclusão era a esperada: Os individuos
nascem desiguais!. De acordo com a sua raça, uns nascem mais vocacionados para
mandarem, outros para obedecerem. A desigualdade ente o homens passou a ser
sustentada numa base cientifica pelos europeus. Sustentou-se igualmente a
existência de raças superiores e raças inferiores. Na pratica legitimava-se o
dominio colonial dos brancos (superiores) sobre os negros, indios, aborigenes,
chineses, etc, etc (considerados biologicamente inferiores).
A cada raça foi atribuído um
conjunto de características que correspondiam à sua especialização para
o trabalho: o negro é forte , mas indolente; o chines é fraco, mas
persistente, etc. Mais uma vez estas classificações serviam
para legitimar o domínio dos brancos, e interiorizar nos respectivos povos um
conjunto de características que fariam parte da sua natureza.
Cada negro não é definido como
uma pessoa, com a sua própria individualidade, mas é igual a todos os negros
da mesma tribo. É dócil ou rebelde, manhoso ou fiel, guerreiro ou
pacífico, etc. Desta forma despersonalizava-se os indivíduos de raça negra,
abolindo a sua identidade.
Este racismo, dito cientifico,
não apenas legitimou a superioridade do branco sobre outras raças, mas
legitimou igualmente a violência, extermínio e exclusão de todos aqueles que
punham em causa o domínio da Cultura criada pelos brancos, ou resistiram à sua
Integração na mesma. Mas esta é outra questão.
Racismo dos Africanos
Os africanos são racistas? Em
princípio poderão ser tanto como os europeus, asiáticos, etc., desde que
estabeleçam diferenças discriminatórias entre os seres humanos baseadas na
cor da pele.
Admite-se que alguns movimentos
políticos no século XX, tenham contribuído para desenvolver entre os
africanos tendências racistas contra os brancos, como forma de estimular a
criação de uma consciência da unidade cultural dos negros (Africanidade,
Negritude, Poder Negro, etc).
A quase totalidade dos países
africanos quando se tornaram independentes, explorou formas diversas de racismo
como um modo de favorecer a coesão nacional entre negros.
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